Adultos precisam-se
Carlos Branco
Major-general e investigador do IPRI-Nova.
Para lidar com o espetro deuma nova confrontação mi-
litar na Europa, onde a esta-bilidade estratégica se degrada dia-
riamente a olhos vistos. O catalisa-dor específico dessa confrontação
situa-se na linha que separa as for-ças ucranianas das forças rebeldes
pró-russas, na região do Donbass,onde se encontra metade do Exér-
cito ucraniano em posição para asatacar. A concentração de forças
russas na fronteira com a Ucrâniapretende dissuadir Kiev de dar
esse passo. A Rússia não atuará se aUcrânia não tentar retomar o con-
trolo do Donbass pela força.
Acossada pelas ameaças ao seu território colocadas pelos sistemas
antimíssil colocados próximo da sua fronteira, capazes de atingir
Moscovo e São Petersburgo, sub-marinos nucleares norte-america-
nos no norte da Noruega, e aumento das atividades navais da
Aliança no Mar Negro, Moscovo pretende garantir que a NATO
não vai continuar a expandir-se para Leste, nem vai continuar a
colocar sistemas de armas ofensivos próximo das suas fronteiras,
garantias que a Casa Branca não está disposta a dar.
Com a experiência de cinco invasões em três séculos, perpetra-
das por potências ocidentais, três no séc. XX, a Rússia aprendeu que
necessita de uma zona tampão para garantir a sua segurança. Por
isso, não permitirá a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO,
das por potências ocidentais, três no séc. XX, a Rússia aprendeu que
necessita de uma zona tampão para garantir a sua segurança. Por
isso, não permitirá a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO,
nem que Aliança construa infraestruturas militares ou coloque ar-
mamento ofensivo nestes países.
Do mesmo modo, os EUA não permitirão que uma potência rival
estabeleça bases militares na América Central. Esta questão é exis-
tencial para a Rússia, pela qual se morre e se mata. Moscovo não vai
ceder nesta matéria. Se cedesse, ficaria numa situação de extrema
vulnerabilidade noutras regiões, nomeadamente no Cáucaso. Abri-
ria um precedente sem fim à vista.
mamento ofensivo nestes países.
Do mesmo modo, os EUA não permitirão que uma potência rival
estabeleça bases militares na América Central. Esta questão é exis-
tencial para a Rússia, pela qual se morre e se mata. Moscovo não vai
ceder nesta matéria. Se cedesse, ficaria numa situação de extrema
vulnerabilidade noutras regiões, nomeadamente no Cáucaso. Abri-
ria um precedente sem fim à vista.
Seria o fim da Rússia como potência. Os falcões em Washington
não querem compreender este problema e desvalorizam a sua im-
portância.
Como teria sido importante, que Washington e as potências euro-
peias tivessem pressionado Kiev a respeitar os acordos de Minsk, de
fevereiro de 2015, completamente ausentes da narrativa ocidental,
em que as autoridades ucranianasse comprometiam a garantir um
estatuto de autonomia a Donetsk e
Lugansk através de uma revisão da
Constituição, a declarar uma amnistia e a iniciar o diálogo com es-
tas duas regiões, algo que nunca fizeram. Independentemente das
nuances legais, é bom que nos convençamos de que a Rússia não vai
permitir a chacina da população russa do Donbass pelo regime xe-
nófobo e de laivos neonazis instalado em Kiev, que chegou ao poder
através de um golpe de estado, após derrubar um presidente elei-
to democraticamente.
não querem compreender este problema e desvalorizam a sua im-
portância.
Como teria sido importante, que Washington e as potências euro-
peias tivessem pressionado Kiev a respeitar os acordos de Minsk, de
fevereiro de 2015, completamente ausentes da narrativa ocidental,
em que as autoridades ucranianasse comprometiam a garantir um
estatuto de autonomia a Donetsk e
Lugansk através de uma revisão da
Constituição, a declarar uma amnistia e a iniciar o diálogo com es-
tas duas regiões, algo que nunca fizeram. Independentemente das
nuances legais, é bom que nos convençamos de que a Rússia não vai
permitir a chacina da população russa do Donbass pelo regime xe-
nófobo e de laivos neonazis instalado em Kiev, que chegou ao poder
através de um golpe de estado, após derrubar um presidente elei-
to democraticamente.
Em vez de mediar as diferenças entre Kiev e os grupos rebeldes de
Lugansk e Donetsk, Washington mete lenha na fogueira, ameaça
Moscovo com sanções económicas e dá gás aos radicais revanchistas
ucranianos. Devemos estar cientes de que em caso de conflito haverá
apenas um ganhador. Era conveniente que Kiev, assim como os
europeus, percebesse que engros sará a lista dos perdedores. Por
isso, não é aconselhável provocálo. Deveria pensar duas vezes no
que se(nos) vai meter, porque a NATO não irá defender militar-
mente a Ucrânia. Poderá ser tarde quando descobrir que é apenas um
ator subsidiário de projetos geopolíticos alheios. ■
jornal Economico 17/12
Lugansk e Donetsk, Washington mete lenha na fogueira, ameaça
Moscovo com sanções económicas e dá gás aos radicais revanchistas
ucranianos. Devemos estar cientes de que em caso de conflito haverá
apenas um ganhador. Era conveniente que Kiev, assim como os
europeus, percebesse que engros sará a lista dos perdedores. Por
isso, não é aconselhável provocálo. Deveria pensar duas vezes no
que se(nos) vai meter, porque a NATO não irá defender militar-
mente a Ucrânia. Poderá ser tarde quando descobrir que é apenas um
ator subsidiário de projetos geopolíticos alheios. ■
jornal Economico 17/12
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