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13 de setembro de 2018

Itália


O ministro das Finanças italiano, Giovanni Tria, ameaçou apresentar a sua demissão devido à constante pressão de Luigi Di Maio do Movimento 5 Estrelas, o partido que formou o Governo coligado com a Liga de Matteo Salvini. Em causa está a promessa eleitoral de Di Maio de garantir um rendimento mínimo para os pobres. A notícia é avançada pelo jornal italiano La Stampa. 

"Farto e cansado". É assim que o titular da pasta das Finanças em Itália se sente, de acordo com fontes do gabinete do primeiro-ministro, que tem sido alvo de ataques dentro do Executivo. Tria tem sido uma das vozes mais próximas de Bruxelas dentro do Governo, o que tem contrastado com as declarações dos líderes dos dois partidos que compõem a coligação. 

"Se eu sou o problema, digam-me, e assumimos as consequências", terá dito o ministro das Finanças num telefonema com o primeiro-ministro, Giuseppe Conte. Outro jornal, o La Repubblica, avança que Tria disse a Conte que "está preparado para sair imediatamente".

Neste momento decorrem as negociações dentro da coligação para o Orçamento do Estado para 2019. Este é um dos momentos mais importantes para o novo Executivo que será monitorizado pelos mercados - os juros da dívida italiana continuam em níveis elevados - e pela Comissão Europeia. N. Blomberg

De acordo com a agência de notícia Ansa, o Movimento 5 Estrelas quer reservar, pelo menos, dez mil milhões de euros para a medida do rendimento básico. Uma das possíveis fontes de receitas poderá vir do perdão fiscal para as famílias italianas que não conseguem pagar as suas dívidas. O Governo prevê encaixar 20 mil milhões de euros.

Matteo Salvini, líder da Liga, também tem tido momentos de confronto com Bruxelas, principalmente ao nível das migrações uma vez que é o ministro do Interior. No entanto, no início deste mês deixou em cima da mesa a possibilidade de fasear as medidas dos programas eleitorais de forma a cumprir com as regras europeias. 

Mas o líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi di Maio, tem optado por um tom mais confrontacional, tendo dito perante a revisão em baixa da perspectiva para Itália por parte da Fitch que os italianos estão "sempre primeiro". "Não podemos pensar em ouvir as agências de ‘rating’ e tranquilizar os mercados, e depois esfaquear os italianos pelas costas", disse há duas semanas.

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