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4 de dezembro de 2021

As opções, as consequências e os perigos de guerra

 Por fim alguns noticiários mencionaram o clima de confrontação na Europa. Os EUA "descobriram" os planos da Rússia para invadir a Ucrânia. A credibilidade desta descoberta vem no seguimento de outras como as que levaram a atacar a Sérvia, o Iraque, a Líbia, a Síria ou a aplicar sanções a Cuba, Venezuela, Rússia, China, etc. Mas não é apenas na Europa que as tensões político militares se agudizam.

Falhadas as tentativas de lançar a China no caos a partir do Tibete, de Hong Kong, do Xinjiang, temos agora o Mar do Sul da China e sobretudo o caso da independência de Taiwan que a ONU e mesmo os EUA reconhecem formalmente como fazendo parte da China.

O delírio dos EUA para alcançar o domínio mundial e impor os seus critérios, isto é, as suas transnacionais e o dólar, está a levar o mundo ao desastre. Com o fim da União Soviética os ideólogos do imperialismo afirmaram que os EUA e a Europa Ocidental deveriam ser vistas como representativas do culminar do desenvolvimento humano coletivo a que todos deveriam aspirar, determinando que "não há alternativa." Mas as situações existentes nas sociedades humanas, resultam da sua vivência anterior e também das respetivas contradições sociais e económicas, muitas delas não resolvidas.

Ignorar que os povos têm História, convicções e interesses que só podem ser defendidos com uma efetiva soberania e democracia progressista e participativa, é acumular conflitos e gerar uma instabilidade a todos os níveis, acabando por levar o mundo ao caos.

Stoltenberg, o espantalho que faz de secretário-geral da NATO, diz que a Ucrânia fará parte da NATO quando os seus membros assim decidirem - ou seja os EUA. Se o disse é porque sabe o que os seus patrões pretendem. De qualquer forma seria bom recordar-lhe que todas as opções que se tomam têm consequências, que a Rússia não se cansa de frisar. Não parece que ele tenha essa condição, mas pelo menos os povos da NATO deviam fazê-lo.

Não é só na Europa que se acumulam perigos de guerra generalizada. Biden anunciou a sua intenção de ultrapassar a linha vermelha que a China estabeleceu para Taiwan. O movimento dos EUA é um passo provocador que leva a uma inevitável resposta militar de Pequim. Se isso acontecer, estão criadas todas as condições para um confronto militar em grande escala entre os Estados Unidos, os seus aliados e a China. Tal conflito iria escalar para a Terceira Guerra Mundial. Por um lado a Rússia será obrigada a defender a China, por outro lado a Austrália e o RU estão comprometidos com uma aliança militar com os EUA por meio do pacto AUKUS recentemente formado.

A reivindicação da China de que Taiwan faz parte de seu território integral é reconhecida pela ONU e, pelo menos em teoria, pelos EUA desde 1979. A China não abdica do direito de reunir Taiwan sob o governo do continente, avisando que o fará pela força militar se Taiwan declarar independência.

Washington mantém uma posição de “ambiguidade estratégica”, reconhecendo a Política de "Uma China" ao mesmo tempo que estabelece compromissos para ajudar Taiwan na defesa militar. Este posicionamento está a atingir níveis perigosos, com os EUA a declararem explicitamente que defenderiam Taiwan no caso de um confronto com a China. Em 16 de novembro, o presidente da China, Xi Jinping, advertiu que a política dos EUA sobre Taiwan era "brincar com fogo". Xi traçou uma linha vermelha relativamente a Taiwan, dizendo que Washington deve desistir de incitar as ambições separatistas do governo de Taiwan.

A realidade é que o imperialismo e o sistema capitalista necessitam de uma guerra (mais uma, depois de perderem as outras desde 1945) para tentar ultrapassar as crises atuais. Nem a agenda associada ao COVID nem a agenda da descarbonização bastam para proporcionar o pretendido aumento das taxas de lucro, destruição de capital fixo subsidiado pelo Estado e manter o proletariado sob controlo adicional.

Aparentemente, os belicistas de Washington pensam que com a destruição e o caos a instalarem-se na Europa e/ou na China os EUA seriam favorecidos, dado que ficariam numa situação semelhante à do fim da 2ª guerra mundial, podendo então de facto imporem-se como senhores de todo o mundo. Devem achar que com as suas 800 bases militares, sete esquadras navais dotadas de 13 porta-aviões, submarinos portadores de misseis, são invencíveis e invulneráveis. Mas não são.


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