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27 de dezembro de 2021

Soltas

 1- A RTP passou um enlatado preparado pelas agencias de informação  americanas sobre a morte de Desmond Tutu  inserindo -  a na campanha anti chinesa  em curso dando um relevo especial a um encontro deste com o  Dalai Lama.

Num segundo tratamento A RTP juntou lhe uma visita de Desmond a Gulbenkian e aproveitou para dar ainda mais relevo ao encontro com Dalai Lama prolongando a exposição da sua foto , ficando se  na duvida se a homenagem era a  Desmond ou a este.. Sempre prontos a serem serviçais e mais papistas do que o Papa . 
A campanha anti-chinesa em curso nos nossos dias apresenta, e celebra, o Dalai Lama como um campeão da não-violência, verdadeiro herdeiro de Gandhi. Entretanto, a este respeito deve-se notar que o dito ocidente liberal durante longo tempo porque não  lhe interessava mostrou-se muito pouco simpático em relação aos adeptos da não  violência  como foi o caso de Gandhi. É com um soberano desprezo que por exemplo Churchill fala deste "faquir sedicioso", deste "miserável pequeno velho, que é nosso inimigo desde sempre", deste "velho com os pés nus"(1), que pretende por a mão sobre "aquilo que nos pertence" e "quer expulsar a Inglaterra..

2- Quando começou o namoro dos EUA com a China estes libertaram documentos que mostraram com clareza quem esteve sempre por detrás de Dalai Lama . Agora voltam a lançar o mesmo dado mas com um Dalai Lama muito mais desacreditado.
A CIA, agência americana de inteligência externa, forneceu ao movimento tibetano no exílio 1,7 milhão de dólares por ano e deu ao Dalai Lama um subsídio anual de 180.000 dólares durante toda a década de 1960, informou nesta terça (15) o jornal Los Angeles Times. O programa de dez anos de apoio ao movimento de independência do Tibete foi parte do esforço mundial da CIA para minar os governos comunistas, particularmente da União Soviética e China, disse o jornal. 

" Citando documentos históricos, que foram libertados apenas recentemente pelo Departamento de Estado, o Times diz que a CIA financiou guerrilheiros tibetanos no Nepal, um campo de treinamento militar no Colorado, causas tibetanas em Nova Iorque e Genebra, educação para agentes tibetanos na Cornell University e verbas para equipamentos de reconhecimento."  
Sabia se que a CIA apoiou sua causa, mas até essa altura " os Estados Unidos tinham se negado a dar informações sobre suas operações de inteligência relacionadas com o Tibete. Segundo o jornal, a CIA suspendeu a ajuda no começo da década de 1970. "

© Associated Press 1998 .
Note se " Suspendeu "

3- A propósito de Abramovich lembrar . 
Já vi tanta asneira escrita sobre o assunto, ainda que com boas intenções e confundindo com os vistos gold, que não é de mais repetir o que já escrevi, explicando porque razão (e por culpa de quem) continua em vigor a lei que permite ao Abramovith ser português. É muito pior que os vistos gold.

"Abramovich da Silva
Saiu na comunicação social portuguesa a notícia de que o multimilionário russo Roman Abramovich adquiriu a nacionalidade portuguesa ao abrigo da lei que confere esse direito aos descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal por El-Rey D. Manuel I há 500 anos.
Já houve quem equiparasse este facto aos vistos gold, que confere autorização de residência a quem faça por cá um investimento considerável sem que se queira saber de onde vem esse dinheiro. Lamento, mas é muito pior.
Os vistos gold são um escândalo, mas conferem autorização de residência, não a nacionalidade. No caso do Abramovich, ele não precisa de residir cá, de cá vir ou de cá gastar um cêntimo (a menos que venha cá com o seu majestoso iate se houver um jogo do Chelsea). E não precisa de pagar um cêntimo de impostos em Portugal. Contudo, é português. Tem passaporte português e da União Europeia e pode votar, ser candidato, ser eleito para cargos públicos e financiar partidos, porque é português.
Como é isto possível?
Há alguns anos atrás foi aprovada por unanimidade uma lei que, por razões de reparação de memória histórica, permitia aos descendentes de judeus sefarditas que tivessem sido expulsos há 500 anos obter a nacionalidade portuguesa. Não se adotou medida semelhante para os muçulmanos que também foram expulsos, mas também ninguém o propôs. Pensava-se, porventura com ingenuidade, que a lei tivesse uma aplicação residual e fossem escassos os pedidos de aquisição de nacionalidade. Puro engano.
Alguns anos passados percebeu-se que a aquisição de nacionalidade portuguesa por via desta lei estava a ser objeto de um rendoso negócio e se contavam em dezenas de milhares os seus beneficiários por todo o mundo, sem terem qualquer relação com Portugal. O caso ganhou foros de escândalo, inclusivamente internacional, o que levou o PS, a pedido do Governo, a propor a alteração da lei, no sentido de mitigar a situação imoral que se verifica e fazer depender a aquisição da nacionalidade portuguesa de uma qualquer relação com a comunidade nacional que não seja a mera conveniência.
A proposta teve o apoio do PCP, mas contou com a oposição ruidosa do PSD, do BE, do CDS e do PAN, e fez levantar ondas tão alterosas por parte das comunidades israelitas em Portugal que o  próprio PS, profundamente dividido, acabou por retirar a proposta. E assim, ficou tudo como está.
Há quem tenha nascido e viva em Portugal sem conseguir obter a nacionalidade portuguesa e há os Abramovitch desta vida."António Filipe

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