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20 de agosto de 2023

A luta geopolítica em curso envolve todo o Globo

 Ásia, África, América Latina, o ocidente confronta-se com a concorrência geopolítica da aliança estratégica China-Rússia. Um campo de batalha geopolítico que envolve todo o Globo. Pepe Escobar considera que a Ásia Central é o principal campo de batalha desta luta. Porém, não menos intensa se afigura na África e América Latina.

Quatro em cinco países da Ásia Central – excetua-se o Turcomenistão - são membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCS): Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão, e podem em breve tornar-se membros do BRICS+.

Mas a situação não é linear. Por exemplo, apesar de revoluções coloridas e apoio dos EUA a opositores dos atuais dirigentes no Cazaquistão – tal como na Turquia - a orientação posterior não foi um maior envolvimento com a Rússia, mas uma aproximação aos EUA. Os países da Ásia Central, face ao conflito declarado entre os EUA e aliados e a Rússia, China e aliados (como o Irão e a RPD da Coreia) parecem escolher uma neutralidade ativa procurando obter as maiores vantagens económicas de ambos os lados.

Os EUA desenvolvem intensos contactos diplomáticos de alto nível, levando na bagagem promessas e ameaças: se você "ajuda" ou negocia com a Rússia ficará indiretamente sujeito a sanções. Países da UE promovem também a aproximação com investimentos (ex. Alemanha) e contratos comerciais.

Em 2022, no Económico Fórum de S. Petersburgo, Tokayev presidente do Cazaquistão disse publicamente a Putin, que não reconheceria a independência das Repúblicas de Donetsk e Lugansk. O Quirguistão, cancelou exercícios militares conjuntos em outubro 2022 – embora por uma questão fronteiriça com o Tajiquistão. Putin propôs a criação de um União de gás Rússia-Cazaquistão-Uzbequistão. Nada aconteceu, e pode não acontecer.

Por seu lado a China, necessita dos países da Ásia Central para desenvolver o seu BRI (Belt and Road Initiative), necessários para a ligação e aumento do comércio euroasiático. Pequim e Moscovo, ambos têm estado empenhados na segurança regional e cooperação económica com a Central Ásia designadamente através da OCS, fundada em 2001, um produto da estratégia comum Rússia-China e uma plataforma para o diálogo com a Ásia Central.

Diplomatas russos e empresários percorrem constantemente os países da Ásia central. Não nos esqueçamos que o presidentes de todos os cinco países da Ásia Central estavam eles próprios presentes no Desfile da Praça Vermelha em Moscovo no Dia da Vitória em maio. A diplomacia russa sabe que é uma obsessão dos EUA retirar a Ásia Central da influência russa.

Claro que o império tem os seus agentes políticos de oposição, a simpatia dos oligarcas criados após o fim da URSS e os seus “combatentes da liberdade”, como os terroristas do ISIS-Khorasan, instrumentalizados para fomentar a desestabilização política e conflitos fronteiriços.

Rustam Khaydarov (doutor em filosofia e especialista do Tajiquistão) afirma: "O Ocidente coletivo é-nos estranho tanto em termos de cultura quanto visão de mundo. Não há um único fenómeno ou evento, ou elemento de cultura moderna, que possa servir como a base para um relacionamento e aproximação entre os EUA e UE, por um lado, e Ásia Central, por outro. Americanos e os europeus não fazem ideia do cultura e mentalidade ou tradições dos povos da Ásia Central, portanto, não puderam e não poderão interagir connosco. A Ásia Central não vê a prosperidade económica em conjunção com a democracia liberal do ocidente, que é essencialmente um conceito estranho ao países da região."

A guerra na Ucrânia veio mostrar como o ocidente é fraco perante o desafio da Rússia. As outras nações vêm também como a economia evoluiu. Dizia-se no ocidente: "Em resultado das sanções sem precedentes, o rublo será imediatamente reduzido a escombros.” Porém De acordo com dados do Banco Mundial , a Rússia estava entre os as cinco maiores economias do mundo e a maior da Europa em termos PPP a partir do final de 2022. A China lidera como a maior economia do mundo, seguido pelos EUA, Índia e Japão.

Diz o Wilmer J. Leon: “Não se pode projetar poder quando o mundo sabe que você é fraco.” Podemos estar ver o fim do Império dos EUA acontecendo em tempo real. De qualquer forma, Alexander Mercouris, apresentador do The Duran , afirma: "o grande período de perigo em qualquer sistema internacional é quando o império global declina, quando começa a perder o controlo.”

Mesmo que o império esteja em declínio, ele está longe de acabar. Os Estados Unidos são uma potência nuclear e ainda mantém o domínio militar sobre maior parte do mundo. Mas não há dúvida que está a perder o controlo. Independentemente da cavilosa propaganda, a Rússia reuniu em Moscovo 49 dos 54 países africanos. O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa convidou 67 líderes de países e 20 representantes de organizações internacionais para a próxima cúpula dos BRICS . Os BRICS movem-se no sentido da desdolarização, o Presidente do Quénia, William Ruto, pediu às nações africanas que para o comércio intercontinental em vez do dólar americano usarem as moedas locais.

Ver de Pepe Escobar Ásia Central é o principal campo de batalha no Novo Grande Jogo e

de Dr. Wilmer Leon III Você não pode poder quando o mundo sabe que você é fraco



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