Nestas intenções incluiu a “economia digital”.
É duvidoso que saiba exatamente o que isso quer dizer, e qual o papel da
Portugal nessa “economia”. Não entrando em pormenores técnicos a “economia
digital” ou antes a “digitalização da indústria”, refere-se à chamada “4ª revolução
industrial”, 4.0 ou 4 i”.
Pretende-se usar as mais avançadas
tecnologias da informação, comunicação e localização (TICL), robótica, nanoeletrónica, tecnologias de fabrico
avançadas, etc. Assim a concepção, a produção, controlo de
qualidade, armazenamento, expedição, gestão podem ser realizadas através da
ligação de redes informáticas, em diferentes partes ou países por
subcontratantes ou tarefeiros “altamente qualificados”. Uma fábrica
pode estar no Bengladesh e ser gerida, comandada, controlada de Berlim.
Os próceres do grande capital exultam com
estes delírios tecnológicos. Na UE fala-se em 110 mil milhões de euros de
“redução de custos”!? Tudo isto é apresentado como grande vantagem para o
“consumidor” permitindo oportunidades de inovação, pequenas séries, maior
importância com detalhes ao gosto dos clientes, por exemplo em carros topo de
gama e equipamento de luxo...Mas as oportunidades não deixam de vir com ameaças: a revolução tecnológica terá um impacto negativo para os que se atrasarem”.
É um processo “com um mínimo de
intervenção humana”, em que a “fábrica” está dispersa e não existe mais uma concentração
de trabalhadores. Enfim, pretendem atingir o ideal capitalista da fábrica sem
operários e o fim do sindicalismo.
Perante isto o patronato e seus ideólogos na CIP dizem que a relação com
o trabalho tem de ser muito diferente do passado. “Os sistemas sociais estão desadequados”. A
revolução tecnológica vê a flexibilidade laboral como uma virtude, em que um
trabalhador pode ter hoje horário completo, depois parcial, hoje empregado amanhã desempregado.
Os que não se adaptarem enfrentarão “o desemprego e a desigualdade salarial”.
Contudo, burocratas e capitalistas sentem
que a maior dificuldade aos seus planos é o sindicalismo de classe. Nesta dita “economia
digital” não existem pessoas dotadas de vontade e aspirações: são uma espécie
de “plasticina” moldada ao sabor de uns seres superiormente iluminados. Outra forma de fascismo que também se apresenta como “modernidade”. Porém está há muito demonstrado
que nenhuma “revolução tecnológica” salva o capitalismo das suas contradições e
crises. Não esquecendo, como disse Marx, que na fábrica sem operários ”o
capital deixaria de ser capital”.
Na sua busca de maiores lucros
apenas ao grande capital transnacional são acessíveis os investimentos, os
custos de arranque destes processos ainda na fase experimental, exigindo
enormes quantidades de produção para se tornarem rentáveis (claro que é de rendas
monopolistas que falamos). Tudo isto só é possível ao grande capital transnacional
que irá colonizar países dependentes nas condições previstas pelos chamados “tratados
de comércio livre”. O que tem isto a ver com as
necessidades e interesses do nosso país? Nada. Será como na integração na UE o
aumento da dependência e mais destruição do nosso tecido produtivo.
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