A guerra contra a Líbia e a Síria (já não falando na Jugoslávia) teve como pretexto manifestações de descontentamento aproveitadas depois para intervenções de mercenários apoiados pela NATO e bombardeamentos por países da NATO.
As causas destas manifestações e protestos são diversas e os objetivos muito diferentes, mas talvez tenham, a maior parte, um fundo comum. Mas qual?
No Líbano, no Chile, em Paris, como antes na Argentina, as pessoas estão furiosas, pelas escandalosas desigualdades, a insegurança, as dificuldades do dia a dia,
a pobreza sem perspetivas e em muitos casos a fome.
Noutros casos os dólares fluem, quando os governos se afastam do “american-way-of-life” (
https://resistir.info/v_carvalho/american_way_1.html) é o caso da Venezuela,
Nicarágua, a contestação na Bolívia, das “revoluções coloridas”. Em Hong-Kong o apoio vem principalmente do magnata Jimmy Lai.
Porém, um facto é que estes dólares fazem germinar protestos porque caem num terreno fértil ao descontentamento e populações desencantadas
ou confusas.
Apesar dos média se encarregarem de transformar os que no Chile, Catalunha ou França são terroristas e em Hong-Kong, Venezuela, Bolívia manifestantes pró-democracia”.
Nada pode contudo esconder as contradições do sistema, no início de outubro realizava-se a 48ª semana de protestos dos coletes amarelos - que já saíram
dos media.
Em Hong-Hong, a violência das manifestações, ataca e destrói bens públicos, empresas e bancos que se relacionam
preferencialmente com o resto do país. Numa apreciação sumária, podemos dizer que - muito ao contrário do que pretendem - estão a destruir o capitalismo da cidade, que já entrou
em recessão e perde, cada vez mais, importância internacional.
Posto isto, há dois aspetos a considerar. Em quaisquer dos casos, para além de agentes mercenários a soldo do dólar, nada de significativo poderia ocorrer sem o descontentamento acumulado de certas camadas
que ou ficam passivas ou aderem à contestação a políticas progressistas. Claro que a propaganda da direita pró-imperialista exagera e dramatiza insistentemente inevitáveis erros, falhas,
insuficiências de processos que se pretendem progressistas. Isto para além da mentira, que agora passou a chamar-se pudicamente “fake news”.
Outro aspeto é o de uma “esquerda ausente” e a sua incapacidade não só de organizar a insatisfação como de dotar as massas de uma visão
que supere a alienação da propaganda capitalista e dos populismos reacionários. Ou seja, que não abandone ou não recue na luta ideológica.
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