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12 de julho de 2020

70 anos: guerra da Coreia, barbárie imperialista


Quase 1/3 da população morreu na Guerra

Jorge Cadima

Faz 70 anos que começou a guerra da Coreia, uma das mais bárbaras da História e que evidenciou a natureza criminosa do imperialismo dos EUA. Em 1950, a II Guerra Mundial terminara há apenas cinco anos. O papel decisivo da URSS e dos comunistas na Vitória sobre o nazi-fascismo elevara o seu prestígio.
Por toda a parte os povos assumiam-se como protagonistas da História e alcançavam avanços importantes no processo de libertação nacional e social. Em 1949, a Revolução Socialista triunfava na China, o mais populoso país do mundo. Gigantes como a Índia libertavam-se dum secular jugo colonial (1947). Em muitos outros países, como a Coreia e o Vietname, o imperialismo procurou travar a libertação pela força. Na Coreia, os EUA deram a mão às forças mais reaccionárias, colaboracionistas com a ocupação japonesa (1910-1945). Os portugueses, que viram o Portugal fascista tornar-se membro fundador da NATO pela mão das «democracias ocidentais» conhecem o significado dessas alianças.
Enquanto o Norte foi libertado pelas forças da resistência anti-colonial sob a direcção dos comunistas, liderados por Kim Il Sung, com o apoio da URSS, os EUA instalaram no Sul uma feroz ditadura, impediram a reunificação e criaram uma base de agressão permanente – situação que, com contradições, perdura até aos nossos dias. 
Procurando inverter o curso da História, os EUA desencadearam em 1950 uma guerra de extermínio contra o povo coreano. É o General Curtis LeMay que reconhece que «ao longo dum período de quase três anos matámos cerca de 20% da população da Coreia» (New Yorker, 19.6.95). Outras fontes dizem que quase um terço (!) da população da Coreia do Norte morreu na guerra (Brian S. Willson, globalresearch.ca, 2.12.17).
O Comandante em Chefe General MacArthur conduziu uma política de terra queimada, que um subalterno inglês descreveu assim: «destruir todos os meios de comunicação e todas as instalações e fábricas e cidades e aldeias. Esta destruição devia começar junto à fronteira [com a China] e progredir para sul» (citação em Cummings, The Korean War). 
Grande parte das cidades e vilas foram obliteradas. Os sobreviventes tiveram de se abrigar em túneis subterrâneos. Foram despejados «oceanos» de napalm sobre a Coreia. Foram utilizadas armas biológicas, como comprovou a Comissão Científica de Inquérito chefiada por um dos mais prestigiados cientistas britânicos do seu tempo, Joseph Needham, numa iniciativa do Conselho Mundial da Paz. Em 1953, «os Chefes de Estado Maior [dos EUA] recomendaram ataques nucleares contra a China» (Cummings), país que teve um papel proeminente no auxílio à resistência coreana.
Conhecer e aprender
com a História
Não é possível compreender a realidade actual da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), e nomeadamente a centralidade dada à defesa face às permanentes intenções hostis e agressivas dos EUA, sem conhecer os sacrifícios que o povo coreano teve de suportar para resistir à agressão de há 70 anos. A História recente é feita de ameaças e provocações permanentes e de violações pelos EUA de sucessivos acordos e iniciativas diplomáticas.
Foram os ministro e vice-ministro da Defesa do presidente «democrata» Clinton que confessaram como, em 1994, «os Estados Unidos estiveram à beira de iniciar uma guerra […] preparámos os planos para atacar as instalações nucleares da Coreia do Norte e para mobilizar centenas de milhar de soldados americanos para a guerra que provavelmente se teria seguido» (Washington Post, 20.10.02). Segundo a France Presse (24.5.00) foi o presidente sul-coreano que travou a louca aventura que destruiria a Coreia. 
As lições recentes da Líbia e Iraque são claras: quem aceitar desarmar-se corre o risco de ser destruído pela máquina de guerra bárbara que em 1950-53 semeou a morte e a destruição na Península Coreana.
Hoje como ontem impõe-se a necessidade da solidariedade com a luta do povo coreano pela reunificação pacífica da sua pátria, pelo estabelecimento do diálogo e da negociação, pelo fim das ingerências, pressões e ameaças externas – incluindo das sanções e das manobras militares promovidas pelo imperialismo norte-americano na região –, pela normalização das relações, pela implementação de efectivas garantias de segurança para a RPDC, com vista a uma paz estável e duradoura na Península coreana, livre de forças militares estrangeiras, no respeito da soberania do povo coreano. Avante

1 comentário:

José Corvo disse...

Só há uma Coreia. A Coreia dita do Sul está é ocupada militarmente pelos americanos.