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21 de maio de 2013

O Conselho De Estado discute o sexo dos anjos e reza…à UE


Em Constantinopla, prestes a cair na mão dos otomanos, consta que os teólogos se ocupavam a discutir o sexo dos anjos. Em Belém, os conselheiros de Estado não fizeram outra coisa relativamente aos problemas do país.
Nem algo diferente era de esperar deste PR, que está em competição com o fascista Américo Tomás em reacionarismo e dislates.
O comunicado final traduz a decadência que a pseudo elite (anti Constituição, diga-se) deste país atingiu: uma invocação à UE, para ter “piedade de nós”. Uma espécie de “miserere”, a que (com Nossa Senhora de Fátima ou sem Ela) a troika responde com um “dies irie”.
Um Conselho de Estado, funcionalmente antidemocrático, onde não existe ninguém à esquerda do PS, (mas onde tinha assento quem esteve implicado nas vigarices do BPN) onde não se sabe o que se discutiu, onde não pode ser comunicada a posição de cada conselheiro.
Entretanto, o indizível ministro das finanças vai a Berlim ao beija-mão de Wolfgang Schaüble, homólogo alemão, em ato de contrição fazendo promessas de esmifrar o povo português o mais que poder “ad gloriam” da finança europeia, a começar pela alemã.
Agora os acólitos da teologia neoliberal, anunciam – alguns com visível satisfação – que no “pós-troika” a austeridade é para continuar, “pensavam que o regabofe ia voltar”, dizia um sr. que já foi ministro do PS com Mário Soares – como se alguma vez o regabofe tivesse cessado para a camada oligárquica.
O Conselho de Estado mostra a deliquescência do clã neoliberal, de que o PS não se demarca. Discutir os problemas do país seria em primeiro lugar discutir as causas dos problemas e interrogar-se se seria possível o desenvolvimento económico e social com:
- uma moeda como o euro demasiado sobrevalorizada para a nossa economia
- livre transferência de capitais e rendimentos para paraísos fiscais, traduzido nas diferenças entre PIB e RN
- concorrência fiscal entre países da UE
- os Estados obrigados a irem financiarem-se aos especuladores
- sem aumento da procura interna
- com escandalosos benefícios fiscais para o grande capital e finança e escapes na lei favorecendo os oligarcas
- privatizações e "consessões" de serviços públicos criando monopólios privados,
- etc, etc.
A terminar um recente trecho de Mike Whitney:
“A Europa persistirá na austeridade até as elites da UE alcançarem o seu objetico, que é dizimar o modelo social que propicia cuidados de saúde, pensões e proteções laborais. É disto que se trata. Quando os trabalhadores da UE estiverem reduzidos à pobreza do terceiro mundo, então os fazedores da política voltarão às estratégias de crescimento, mas não antes”. ( http://www.counterpunch.org/2013/04/26/back-to-recession )
Será que nenhuma daquelas almas que saia de Belém com ar acabrunhado, pensou nisto? Será que pensaram primeiro nos interesses dos oligarcas ou nos dos trabalhadores?

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