Ontem
– 9 de Julho - voltei a ouvir (apenas a parte final) de um «debate»
televisivo sobre o Estado Social. A certa altura um senhor fiscalista
– não me lmebro do nome – reafirmou (repetiu insistentemente) o
argumento que tem sido invocado pelo pessoal que pensa «politicamente
correcto»: Básicamente é assim «o Estado Social é uma coisa
muito boa, muito bonita, mas nós não temos meios para sustentar o
Estado Social».
E
depois vem o argumento ainda «mais forte» de que «hoje temos
quatro “contribuintes” para um “benefíciário” e em 2050
vamos ter apenas dois “contribuintes” para cada
“beneficiário”»... E, já agora, «a Terra é redonda
mas plana e o Sol – que também também tem a forma de um prato
redondo - faz uns movimentos esquisitos para andar à volta de um
planeta com a forma de um prato redondo»...
O
tal senhor fiscalista, mas também tantos outros «especialistas» em
economia e finanças, se soubessem um mínimo de história do
pensamento económico, saberiam da importância (teórica e prática)
da polémica que em seu tempo se travou entre David Ricardo e o
pároco Thomas Malthus. Essa polémica era simplesmente sobre aquilo
a que Keynes veio chamar de «Procura Efectiva». Usando outro
palavreado diriamos hoje «quem é que vai consumir o produto
excedente».
Voltando
ao tal «debate», houve a certa altura - já a concluir - uma senhora do painel que argumentou –
correctamente – que entretanto tinha havido e continuava a haver
enormes ganhos de produtividade. Ao que o senhor fiscalista respondeu
que não senhor, não havia ganhos de produtividade que chegassem
para isso: «quatro “contribuintes” sustentarem a pensão de
reforma de um “reformado”. Isto acrescento eu agora...
Entretanto, tudo
isto pode e deve ser discutido e analisado no contexto das recém
inventadas «ciências da complexidade», onde a coisa volta a ser
discutida (ainda que de forma ténue ou indirecta...).
De
um ponto de vista sistémico – e a economia é um subsistema
hipercomplexo adaptativo de um sistema mais abrangente que e a
sociedade humana como um todo – os reformados (ou, em geral, todos
os que já não têm que trabalhar) desempenham a função sistémica
de consumir. Para Malthus era essa a função sistémica da
aristocracia latifundiária e de outros parasitas sociais. Se bem me
lembro Rosa Luxemburgo fez a sua tese de doutoramento à volta do
tema «de onde vem a procura adicional para consumir o excedente»...
E daí também a necessidade de o sistema procurar «novos mercados»...
Se
os «reformados» deixarem de consumir estaremos perante uma
catástrofe social. Seria a mesma coisa que dizer aos trabalhadores
no activo «estejam quietos, não trabalhem mais, deixem-nos
morrer de inação. E de passagem morram também vocês de fastio e
falta de trabalho e de rendimento»...
E
tudo isto está entrelaçado com os problemas de cada fracção
nacional do sistema económico mundial, a função financeira e o
crédito ao consumo em cada uma dessas fracções nacionais. Para já
não falar do escândalo da criação de moeda, função sistémica
(e soberana) irresponsavelmente entregue aos agentes individuais que
são os bancos privados.
Seja-me permitido acrescentar que estou aqui também a pensar no interesse - vital - em que hajam muitos mais investigadores, «académicos» e cientistas sociais (economistas incluídos - mas não só...) a estudar «CIÊNCIAS DA COMPLEXIDADE».
A ver se a gente se entende sobre a natureza intíma (ou intrínseca) da CRISE (da verdadeira, da «outra», aquela que está subjacente a todas estas facécias da «espuma dos dias» do estilo «enquanto o Cavaco vai e vem folgam os Portas» ( e escapam os Coelhos...)
Temos em Portugal duas instituições universitárias - o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e a Faculdade de Ciências que propõem (de há uns anos a esta parte) formação avançada em «Ciências da Complexidade»... Agora que num plano institucional de âmbito europeu já se descobriu que há um ramo de conhecimento - uma «ciência do não-equilibrio» (NESS = Non Equilibrium Social Sciences) - era bom que houvesse estudiosos portugueses interessados em aprofundar estes temas...
ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES EM
http://www.complexsystemsstudies.eu/
A ver se a gente se entende sobre a natureza intíma (ou intrínseca) da CRISE (da verdadeira, da «outra», aquela que está subjacente a todas estas facécias da «espuma dos dias» do estilo «enquanto o Cavaco vai e vem folgam os Portas» ( e escapam os Coelhos...)
Temos em Portugal duas instituições universitárias - o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e a Faculdade de Ciências que propõem (de há uns anos a esta parte) formação avançada em «Ciências da Complexidade»... Agora que num plano institucional de âmbito europeu já se descobriu que há um ramo de conhecimento - uma «ciência do não-equilibrio» (NESS = Non Equilibrium Social Sciences) - era bom que houvesse estudiosos portugueses interessados em aprofundar estes temas...
ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES EM
http://www.complexsystemsstudies.eu/
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