Nota sobre as previsões de Inverno da Comissão Europeia para Portugal
1. As
previsões da Comissão Europeia (CE) hoje divulgadas podem dividir-se em duas
partes: Os resultados estimados para 2016 e as previsões da Comissão Europeia
para o ano corrente 2017 e para 2018.
2. No
que se refere a 2016, a Comissão Europeia um dia antes do INE divulgar as suas
estimativas rápidas para o 4º trimestre de 2016 e para o ano de 2016, vem
corrigir as suas previsões de Novembro passado em que pasme-se, quando todos os
indicadores apontavam para uma aceleração da nossa economia no 2º semestre do
ano, a Comissão Europeia continuava a apontar para um crescimento do PIB em
Portugal em 2016 de apenas 0,9%.
3.
Um
pouco mais de rigor nas análises que a Comissão Europeia faz da nossa economia
não ficava nada mal. As anteriores previsões da Comissão Europeia para 2016 só
encontram aos olhos de um observador mais atento uma justificação, a Comissão
Europeia pretendia desta forma influenciar a discussão que então se travava na
Assembleia da República em torno do Orçamento de Estado para 2017, nomeadamente
a subida do salário mínimo nacional, o fim da sobretaxa do IRS e a melhoria do
rendimento disponível das famílias.
4. Na
estimativa que agora apresenta para 2016, a Comissão Europeia vem reconhecer o
óbvio que a actividade económica acelerou no 2º semestre do ano graças a uma
forte retoma do consumo privado e das exportações, apesar de o investimento
continuar em queda.
5. A
Comissão Europeia reconhece nestas suas previsões que a melhoria registada no
consumo privado resulta da subida do salário mínimo nacional e da melhoria
considerável que se regista no mercado de trabalho, o que leva a CE a estimar
um crescimento do emprego em 2016 de 1,3%.
6. Um
outro factor determinante para o crescimento do PIB em 2016 foi a evolução das
nossas exportações que cresceram acima do crescimento do mercado externo,
apoiadas nos resultados muito positivo do sector do turismo.
7. Para 2017 e 2018 estas previsões de
inverno da CE apontam para um crescimento do PIB de 1,6% e 1,5%
respectivamente, enquanto as estimativas de crescimento do emprego apontam para
crescimentos de 0,8% e 0,6%. Para o investimento as previsões da CE para 2017 e
2018 são bem mais favoráveis do que em 2016, com crescimentos de 3,8% e 4,2%,
que resultarão segundo ela da implementação do novo quadro comunitário e da
melhoria gradual na concessão de crédito.
8. Depois
de durante meses e meses, em especial no período de discussão do orçamento, a
CE ter duvidado das previsões do défice orçamental para 2016, vem agora
reconhecer como boas as estimativas que apontam para uma redução do défice em
2016 de 2,3%. Para 2017 e 2018 as suas previsões apontam para 2,0 e 2,2%
respectivamente.
CAE, 13 de Fevereiro de 2017
José Alberto Lourenço
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