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12 de julho de 2021

Acerca da chamada geopolítica

 Tem-se designado por geopolítica o que simplesmente quer dizer: imperialismo, a forma suprema do capitalismo. Aliás, atualmente o sistema não poderia sobreviver sem recorrer ao imperialismo, que a propaganda e o oportunismo vendem como sendo geopolítica. Isto é, o objetivo primário de expansão económica e conquista de mercados normalmente acompanhada de agressões militares, conspirações e ingerência, enfim todo o cardápio de ações imperialistas visando o domínio político e económico sobre os povos.

Neste contexto, é importante conhecer o que o ministro dos negócios estrangeiros da Rússia expõe sobre geopolítica. Ele refere que os EUA forçam os outros países a seguirem o que eles próprios consideram certo.

Os documentos adotados nas cúpulas da Cornualha e de Bruxelas cimentaram o conceito de ordem mundial baseado em "regras" como um contrapeso aos princípios universais do direito internacional da Carta da ONU. A subtileza dessas “regras” ocidentais reside precisamente no facto de que carecem de qualquer conteúdo específico. Quando alguém age contra a vontade do Ocidente, imediatamente respondem com uma alegação infundada de que "as regras foram quebradas" (sem se preocupar em apresentar qualquer evidência) e declaram ser seu "direito responsabilizar os perpetradores."

Quanto menos específicos forem, mais livres estão para continuar com a prática arbitrária de empregar táticas sujas como forma de pressionar concorrentes. Sem falsa modéstia, Washington e Bruxelas autodenominam-se "uma âncora para a democracia, paz e segurança", em oposição ao "autoritarismo em todas as suas formas". Em particular, proclamaram sua intenção de usar sanções para "apoiar a democracia em todo o mundo." Sendo adotada a ideia americana de convocar uma Cúpula para a Democracia.”

A Rússia é acusada de adotar uma “postura agressiva” em várias regiões. É assim que tratam a política de Moscovo que visa combater as aspirações ultra-radicais e neonazis na sua vizinhança imediata, onde os direitos dos russos, bem como de outras minorias étnicas, são suprimidos e a língua, educação e cultura russas desenraizadas. Eles também não gostam que Moscovo defenda países que se tornaram vítimas de apostas ocidentais, foram atacados por terroristas internacionais e correram o risco de perder sua condição de Estado, como foi o caso da Síria.”

O Ocidente instantaneamente perde todo o interesse quando levantamos a perspetiva de tornar as relações internacionais mais democráticas, incluindo a renúncia ao comportamento arrogante e o compromisso de obedecer aos princípios universalmente reconhecidos do direito internacional em vez de "regras". “Ao expandir as sanções e outras medidas coercivas ilegítimas contra os Estados soberanos, o Ocidente promove o domínio totalitário nos assuntos globais, assumindo uma postura imperial e neocolonial.”

Os princípios da ONU oferecem plataformas de negociação inclusivas em todos os assuntos acima mencionados. Compreensivelmente, isso dá origem a pontos de vista alternativos que devem ser levados em consideração na busca de um compromisso, mas tudo o que o Ocidente quer é impor suas próprias regras."

A Carta da ONU é um conjunto de regras, mas essas regras foram aprovadas por todos os países do mundo, ao invés de por um grupo fechado numa intima reunião de amigos.”

O Ocidente recusa-se a apoiar uma resolução da ONU patrocinada pela Rússia proclamando que é inaceitável glorificar o nazismo, e rejeita as nossas propostas para condenar a demolição dos monumentos daqueles que libertaram a Europa. Também querem condenar ao esquecimento os acontecimentos importantes do pós-guerra, como a Declaração das Nações Unidas de 1960 sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, iniciada pelo nosso país. As antigas potências coloniais procuram apagar essa memória a fim de desviar a atenção de sua responsabilidade histórica pelos crimes da era colonial.”

A ordem baseada em regras é um exemplo de padrões duplos. O direito à autodeterminação é reconhecido como uma “regra” absoluta sempre que pode ser usado para obter vantagens. Isso aplica-se às Ilhas Malvinas, ou Falklands, a cerca de 12 000 quilómetros da Grã-Bretanha, aos antigos territórios coloniais remotos que Paris e Londres mantêm, apesar de várias resoluções e decisões do Tribunal Internacional de Justiça da ONU, bem como o Kosovo, que obteve a sua “independência”, em violação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, se a autodeterminação vai contra os interesses geopolíticos ocidentais, como aconteceu quando o povo da Crimeia votou pela reunificação com a Rússia, esse princípio é posto de lado, ao mesmo tempo que a livre escolha do povo é condenada e punida com sanções.”

Lavrov termina defendendo uma cultura de relações internacionais baseada nos valores supremos da justiça e permitindo que todos os países, grandes e pequenos, se desenvolvam em paz e liberdade, defendendo o diálogo honesto com qualquer pessoa que demonstre idênticas intenções.


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