Os EUA e a NATO retiram-se do Afeganistão, depois de 20 anos a travar uma guerra inútil, que custou mais de 241 000 vidas, (com elevada percentagem de civis) e 2,26 milhões de dólares de dólares (aos EUA apenas), segundo um estudo da Brown University. A este valor acrescem custos de saúde para veteranos e juros financeiros. O comandante americano das forças dos EUA, general Scott Miller, alertou que o Afeganistão enfrenta agora um aumento na guerra civil com os Talibã a empurrarem as tropas afegãs apoiadas por Washington para áreas urbanas cada vez menores.
As maquinações imperiais americanas no Afeganistão - supostamente em vingança por supostos ataques terroristas de 11 de setembro contra os EUA em 2001 - criaram uma catástrofe total. Depois de duas décadas, o Afeganistão está em ruínas e os Talibã prestes a voltar ao poder. [1]
As origens do caos em que o Afeganistão foi lançado, iniciaram-se há 42 anos quando o presidente Carter dos EUA autorizou a CIA a gastar 500 000 dólares em “ajuda” aos fundamentalistas islâmicos para contrariar a influência soviética no governo progressista do Partido democrático Popular do Afeganistão. (PDPA)
Há uma perceção comum de que os soviéticos foram derrotados e expulsos do Afeganistão. Isso não é verdade. Quando os soviéticos deixaram o Afeganistão em 1989, eles o fizeram de maneira coordenada, deliberada e profissional, deixando para trás um governo em funcionamento, um exército funcional e um esforço de participação e económico garantindo a viabilidade do governo. A retirada foi baseada num plano diplomático, económico e militar coordenado, permitindo que as forças soviéticas se retirassem em boa ordem e o governo afegão sobrevivesse. A República Democrática do Afeganistão (DRA) conseguiu manter-se apesar do colapso da União Soviética em 1991. Só então, com a perda do apoio soviético e o aumento da guerra movida do exterior, o DRA foi derrotado em abril de 1992. Os EUA (como afirmou um comerciante de Bagram) deixam um legado de falhanços. Falharam em conter os Talibã ou a corrupção. Uma pequena percentagem de afegãos tornaram-se imensamente ricos enquanto a grande maioria vive na miséria extrema. [2]
A intervenção armada apoiada pelos EUA, Arábia Saudita e Paquistão era tanto mais necessária ao imperialismo, quanto o PDPA tinha encontrado um ponto de equilíbrio e convergência com os sectores mais tradicionalistas. Isto apesar de muitas conquistas sociais progressistas designadamente para as mulheres. Valeria a pena recordar as crónicas que Miguel Urbano Rodrigues fez então para O Diário. Tudo isto seria depois, com a ajuda dos EUA, destruído.
Não deixa de ser curioso como os problemas das mulheres no Afeganistão deixaram de existir para os media desde que os EUA entraram no Afeganistão… O Afeganistão tornou-se de longe o maior produtor de ópio/heroína e centro de terrorismo. O Afeganistão é mais um exemplo da arrogância imperial americana e da sua loucura. A única coisa que os EUA e NATO conseguem onde põem as botas, seja na América Latina, África, Ásia é levar as nações ao caos. Nos seus súbditos europeus o neofascismo cresce ao mesmo tempo que a economia e o social estagnam. O sistema apodrece e só tem alienação e propaganda para oferecer.
1 - Uncle Sam Dumps Afghan Mess on Russia (informationclearinghouse.info) Finian Cunningham
2 - On The U.S. Defeat In Afghanistan (informationclearinghouse.info) Moon Of Alabama
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