Uma das principais bandeiras da suposta superioridade do capitalismo, com que seduziu e seduz multidões para as quais consumir representaria liberdade. O que finalmente encontram foi insegurança nas suas vidas, instabilidade pessoal e social, marginalidade.
Nos países capitalistas ricos o consumo foi publicitado como uma marca de superioridade e uma montra contra o socialismo. Um desejo de consumir transformando as pessoas de cidadãos em “consumidores”, objetivo do fascizante “fim das ideologias”. Um consumo que porém tinha e tem como contrapartida exploração, fome e opressão nos países dominados noutras partes do mundo.
Agora o mundo toma consciência das alterações climáticas e a doutrina oficial do sistema é a “descarbonização”. Não vamos abordar esta temática que nos parece distorcida nas suas premissas. (ver A descarbonização e os seus alibis)
Um estudo no Reino Unido aborda a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois é o que cientistas do clima (alguns…) dizem e o que os manifestantes pedem. Mas o que isto envolve? De facto, em tanto ruído sobre a “descarbonização” nada se diz sobre o que teria de ser realizado em termos de consumo. No essencial fica-se pelas viaturas elétricas, como parte da destruição criadora que o capital necessita periodicamente. Por exemplo, a Tesla (viaturas elétricas) teve de lucro perto de 1 000 milhões de dólares.
1 - Em primeiro lugar não voar e não embarcar. Embora existam ideias sobre aviões elétricos, eles não estarão a operar em escalas comerciais dentro de 30 anos. Isto significa que o transporte aéreo tem de se reduzir drasticamente. E em consequência também as viagens e o turismo terá de passar a ser local.
2 – Viagens e deslocações. Haverá que usar comboios e transportes públicos – se os houver, disponibilidade que parece muito complicada de concretizar. Quanto ao automóvel privado, as grandes potências não são compatíveis com o objetivo da “descarbonização” e a escolha terá de ser de viaturas elétricas. Como se também não constituíssem um problema ambiental.
3 - Quanto ao transporte marítimo, atualmente não há nenhum grande navio mercante elétrico ou nuclear, porém o “comércio livre” depende fortemente do transporte marítimo para alimentos e produtos importados. Navios de cruzeiro, barcos de pesca, barcos de recreio a motor (em particular os iates de luxo) também são grandes emissores de CO2. Que alternativas estão previstas?
4 - Alimentos. Também teremos de deixar de comer carne bovina (os famosos hamburgers...) e de outros ruminantes que libertam metano na sua digestão - e adotar dietas mais vegetarianas. Note-se que do ponto de vista do efeito de estufa o metano tem um um potencial 60 vezes superior ao do CO2. Terão também de ser reduzidos ou eliminados os alimentos processados e congelados dadas as necessidades em energia elétrica. Os alimentos deverão portanto ser de origem local, reduzindo as distâncias entre local de produção e local de consumo, que atualmente exige milhares de quilómetros de grandes veículos, navios, mesmo aviões. Não será admissível alimentos transportados por via aérea.
5 – Agricultura. A agricultura industrial é responsável pela destruição de florestas para pastagens, soja, óleo de palma. A adubação intensiva liberta óxido nitroso com potencial de efeito de estufa quase 300 vezes superior ao CO2.
6 – Cimento. Fazer cimento liberta emissões, atualmente não há opções alternativas disponíveis em escala industrial.
7 - Siderurgia: Todas as formas existentes de produção em alto-forno não são compatíveis com emissões zero. Tanto os fornos elétricos, como as indústrias metalúrgicas são altamente consumidoras de energia.
8 - Sector mineiro e fornecimento de materiais. Será necessário uma transição rápida nos materiais usados e uma redução significativa na procura da maioria dos minérios agora utilizados. Não há neste momento alternativas compatíveis nem com a descarbonização. O uso de plásticos ou de madeiras não pode ser considerado, pelo que a redução destes consumos tem de ser muito significativa.
9 - Veículos rodoviários: a transição para os carros elétricos está em andamento. Porém não está garantida a eletricidade necessária para abastecer uma frota equivalente à atualmente em uso.
10 - Indústrias de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo) terão (ou teriam…) de se encaminhar para o fecho nas próximas três dezenas de anos.
11 - Habitações. Para além dos tipos de arquitetura e materiais a utilizar de modo a conservar a energia e isolar do ambiente externo, os aparelhos de condicionado, aquecimento, etc., têm de ser usados o menos tempo possível e as pessoas usarem roupas mais quentes no inverno. O que fazer nos edifícios menos recentes?
12 - A produção e consumo de eletricidade sem emitir gases de efeito de estufa é um sector muito nebuloso. Como garantir disponibilidade permanente de energia elétrica e que consumos industriais, de serviços e domésticos, podem ser satisfeitos com energias ditas “verdes”?
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