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1 de novembro de 2024

O império face à multipolaridade

 A cimeira do BRICS em Kazan, na qual participaram líderes de 36 países, formalizou designadamente na sua declaração o fim do mundo unipolar e a incapacidade do ocidente marginalizar a Rússia e Putin. A participação de Guterres na cimeira deixou os propagandistas à beira de um ataque de nervos, procurando esconder que “era importante para a ONU, já que os países do BRICS representam quase metade da população mundial.

O império defronta-se assim com outro dilema: impor a sua hegemonia unipolar ou aceitar a multipolaridade. A questão é que não têm como conseguir a primeira nem sabem conviver com a segunda. Na ordem unipolar os neoconservadores previram que os Estados Unidos determinariam o sistema financeiro, baseado no dólar, o estabelecimento de bases militares no estrangeiro, a adesão à NATO, que países podiam ser considerados democráticos e pertencer à sua "comunidade internacional, sem que outros países tivessem direito a opor-se.

Para impor um poder global os EUA planearam uma “guerra ao terror”, mas falharam. No Médio Oriente, África, Afeganistão, Iraque, Iémen, Líbia; Somália, onde intervieram direta ou indiretamente o que obtiveram foi situações caóticas. O Afeganistão está melhor sob o domínio dos Talibã, apoiando-se na China e na Rússia, que sob os EUA e aliados. O Iraque recupera e alia-se ao Irão; a Síria com a ajuda da Rússia expulsou os rebeldes financiados pelo ocidente, controla a quase totalidade do território. Para os propagandistas Bachar al Hassad não duraria seis meses.

Os EUA em defesa da democracia

 


Os EUA saúdam Pinochet por mais uma vitória do "mundo livre". Isto enquanto nas masmorras chilenas, mulheres e homens, cidadãos pacíficos, eram presos, torturados, mortos. Quando Hayek, um dos pais do neoliberalismo, visitou o Chile de Pinochet, disse que preferiria um sistema político que tivesse aquela liberdade económica. Basicamente liberdade da classe capitalista fazer o que quisesse com as pessoas e em que qualquer um podia ser atirado de helicóptero ou torturado até a morte.

Disse na CNN a dra. Diana Soller (doutorada em Estudos Internacionais e Ciência Política na Universidade de Miami, onde elaborou a tese “The Democratic West and the Democratic Rest: Searching for the New Liberal International Order”) - O que António Guterres fez foi lamentável. Deixou-se fotografar e filmar ao lado do homem (Putin) que estilhaçou a ordem internacional que tem mandato para defender. Não consegue perceber o ganho para as Nações Unidas da sua ida a uma cimeira que se declarou claramente antiocidental antiamericana e em última análise antiucraniana. Uma cimeira que quer destruir a ordem das Nações Unidas." (?!)

Eis mais um exemplo de delírio cognitivo...

- A foto: Augusto Pinochet, cumprimentando o Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, em 1976. (Ministério de Relações Exteriores do Chile, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons) em O Relatório Chris Hedges: A História Secreta do Neoliberalismo – Consortium News