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21 de maio de 2022

Acerca do governo de Zelensky - 1

 Eis alguns dos factos que também PS e BE estiveram a aplaudir quando Zelensky falou para a AR. Trata-se de fascismo e antifascismo na Ucrânia. O que também é trágico é a total ausência de solidariedade por parte de gente considerada democrata.
O texto completo dos jornalistas dos EUA Max Blumental e Esha Krishawamy, está em: " A campanha de assassinatos, raptos e tortura de políticos da oposição".

"Embora alegando defender a democracia, Zelensky, proibiu a oposição, ordenou a prisão de rivais e presidiu ao desaparecimento e assassinato de dissidentes por todo o país. Os media ocidentais olham para o lado, no entanto, Zelensky sancionou uma campanha de sequestro, tortura e assassinato de personalidades ucranianas acusadas de colaborar com a Rússia. Vários presidentes de câmara e outras autoridades ucranianas foram mortos desde o início da guerra por agentes do governo, supostamente após se envolverem em negociações para a redução de escalada da Rússia. “Há um traidor a menos na Ucrânia”, afirmou Anton Geraschenko assessor do Ministério de Assuntos Internos, em apoio ao assassinato de um presidente de câmara ucraniano acusado de colaborar com a Rússia.

Decretos autoritários desencadearam o desaparecimento, tortura e até assassinato de uma série de ativistas de direitos humanos, militantes comunistas e de esquerda, jornalistas e funcionários do governo acusados de simpatias “pró-Rússia”. Os serviços de segurança ucranianos SBU serviram como braço de execução da campanha de repressão oficialmente autorizada.

Treinados pela CIA, em estreita coordenação com os paramilitares neonazis da Ucrânia, o SBU passou as últimas semanas enchendo um vasto numero de masmorras de tortura com dissidentes políticos. No campo de batalha, militares ucranianos envolveram-se em atrocidades contra tropas russas capturadas e exibiram orgulhosamente os seus atos sádicos em redes sociais. Também aqui, os perpetradores de violações dos direitos humanos parecem ter recebido a aprovação dos altos escalões da liderança ucraniana. “A guerra está a ser usada para sequestrar, prender e até matar membros da oposição que expressam críticas ao governo”, comentou um ativista de esquerda espancado e perseguido pelos serviços de segurança da Ucrânia em abril. “Todos devemos temer por nossa liberdade e nossas vidas.”

Desde 2014, quando um governo apoiado pelos EUA tomou o poder em Kiev após o golpe Maidan, que a Ucrânia embarcou num expurgo de elementos políticos considerados pró-russos ou insuficientemente nacionalistas. A aprovação de leis de "descomunização" pelo parlamento ucraniano facilitou ainda mais a perseguição a elementos de esquerda e outros ativistas. Sectores pró-ocidentais, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas e a Human Rights Watch, acusaram a SBU de torturar sistematicamente oponentes políticos e dissidentes ucranianos com impunidade quase total. A ONU relatou em 2016 que a “detenção arbitrária, desaparecimentos forçados, tortura e maus-tratos a detidos eram prática comum da SBU.

Em 1 de março, por exemplo, Volodymyr Strok, prefeito da cidade oriental de Kreminna, controlada pela Ucrânia, foi sequestrado por homens em uniforme militar, segundo sua esposa, e baleado no coração. Em 7 de março, o prefeito de Gostomel, Yuri Prylipko, foi encontrado assassinado. Prylipko teria entrado em negociações com os militares russos para organizar um corredor humanitário - uma linha vermelha para os ultranacionalistas ucranianos. Em seguida, a 24 de março, Gennady Matsegora, prefeito de Kupyansk, no nordeste da Ucrânia, divulgou um vídeo apelando a Zelensky para a libertação de sua filha, que havia sido mantida refém por agentes da SBU. Depois houve o assassinato de Denis Kireev, um dos principais membros da equipe de negociação ucraniana, que foi morto em plena luz do dia em Kiev após a primeira rodada de negociações com a Rússia. Kireev foi posteriormente acusado nos media de "traição".

Declarações de Zelensky indicam que essas atrocidades foram sancionadas pelos mais altos níveis do governo. Até hoje (17 de abril), onze prefeitos de várias cidades da Ucrânia estão desaparecidos. Os media ocidentais seguem a linha de Kiev sem exceção, alegando que todos os prefeitos foram presos pelos militares russos. A Rússia negou a acusação não existindo evidências que corroborem as alegações de Kiev sobre os prefeitos desaparecidos.

Uma ordem executiva de 19 de março, baniu 11 partidos da oposição. Os partidos proibidos representavam todo o espectro de esquerda, socialistas e anti-NATO na Ucrânia, como o Partido Pela Vida, a Oposição de Esquerda, o Partido Socialista Progressista da Ucrânia, o Partido Socialista da Ucrânia, a União das Forças de Esquerda, os Socialistas, o Partido Shariy, o Nosso, o Estado, o Bloco de Oposição e o Bloco Volodymyr Saldo. Partidos abertamente fascistas e pró-nazistas, como o Azov National Corps, foram intocáveis. Ao eliminar a oposição, Zelensky ordenou uma iniciativa de propaganda doméstica sem precedentes para nacionalizar todas as transmissões de notícias de televisão agrupados num único canal "United News" para "dizer a verdade sobre a guerra".

Em 12 de abril, Zelensky anunciou a prisão de seu principal rival político, Viktor Medvedchuk, pelos serviços da SBU. Fundador do segundo maior partido da Ucrânia, o agora ilegal Patriots for Life, Medvedchuk é o representante de facto da população de etnia russa do país. Embora o Patriots for Life seja considerado "pró-Rússia", o novo presidente do partido condenou a "agressão" da Rússia contra a Ucrânia. Membros do Corpo Nacional do Batalhão Azov, patrocinado pelo Estado, atacaram a casa de Medvedchuk em março de 2019, acusando-o de traição e exigindo a sua prisão. Em agosto de 2020, o Azov disparou para um autocarro que transportava representantes do partido de Medvedchuk, ferindo vários com balas de aço revestidas de borracha. O governo de Zelensky intensificou o ataque em fevereiro de 2021, quando fechou vários meios de comunicação controlados por Medvedchuk. Os EUA apoiaram abertamente a decisão declarando que os Estados Unidos “apoiam os esforços ucranianos para combater a influência maligna da Rússia…” Três meses depois, Kiev prendeu Medvedchuk acusando-o de traição. Medvedchuk fugiu da prisão domiciliar no início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas foi preso de novo.

(continua)

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