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26 de setembro de 2023

A tragédia ucraniana em alguns números e o futuro

 Quando se pensa na Ucrânia, ou antes, no clã de Kiev, repetidamente caímos em semelhanças com a Alemanha nazi: a indiferença nazi pelos sofrimentos do povo, obrigado a lutar até à morte, como mobilizados do Volkssturm entre os 16 e 60 anos. É o que representa a loucura dos nazis de Zelensky que ainda agora prometeu nos EUA continuar a lutar, claro que pedindo mais dinheiro e armas, para destruir as tropas russas na Crimeia e outros territórios controlados pela Rússia "num futuro próximo".

A contraofensiva de Kiev além de uma horrorosa tragédia, é um monstruoso falhanço da geopolítica imperialista. Tirando os media na UE/NATO todo o mundo o sabe, até nos media dos EUA isso é assumido. O número diário de mortes do lado ucraniano oscila normalmente 500 e 750. Desde o início da contraofensiva até meados de setembro, as perdas humanas elevam-se a 71 000 (ucranianos e mercenários) e a NATO viu 543 tanques e quase 18 000 dos seus veículos blindados serem destruídos. (Geopolítica ao vivo – Telegram)

Ucrânia perdeu cerca de 85% de sua força mobilizada inicial, diz general de campo

afirmou tenente-coronel Vitaly Berezhny, do recrutamento na região de Poltava: "dos 100 indivíduos que se juntaram às unidades no outono passado, apenas 10-20 deles permanecem, o resto está morto, ferido ou incapacitado", reconhecendo que estão enfrentando significativos dificuldades de recrutamento.

Devido à guerra, o número de pessoas com deficiência na Ucrânia aumentou em 300 000. Pode-se supor que um número idêntico de soldados foi morto. Cerca de 20 000 soldados ucranianos feridos foram amputados. Não há especialistas em próteses suficientes na Ucrânia para atender às necessidades crescentes. E tende a ficar ainda pior, porque médicas e farmacêuticas terão que se registar no alistamento militar para possível mobilização. “Muitas estão fugindo do país porque temem que seus movimentos sejam restringidos em breve.  " Em breve, o exército ucraniano equipará soldados do sexo feminino com coletes à prova de balas. A questão de quem vai trabalhar continua em aberto, especialmente porque o setor já passa por uma grave crise .Atualmente, há cerca de 5 000 soldados do sexo feminino perto das linhas de frente. 

Desde maio, a campanha de mobilização atingiu menos da metade do número esperado, para reconstituir (após treino) o exército. Os problemas de reconstituição das forças armadas ucranianas são particularmente graves num contexto de perdas de combate crescentes na contraofensiva e à ofensiva russa na região de Kharkiv.

Perante isto que futuro para a Ucrânia, e nem vale a pena comparar com o que ela era como República Soviética. Toda conversa sobre "reconstruir" a Ucrânia é em grande parte absurda. A reconstrução da Ucrânia, pressupõe que continuará a haver um país digno desse nome. Quando a guerra terminar, a Ucrânia será um país falido e em grande parte vazio. A Ucrânia(Kiev) tem agora cerca de 20 milhões de habitantes. O número estimado de ucranianos mobilizados é de cerca de 2 milhões: 10% da população está agora envolvida nas forças armadas. Vinte milhões de pessoas menos pensionistas, menos mulheres e crianças, há talvez 6 milhões de homens potencialmente mobilizáveis. Mas é preciso gente para manter a economia, transportes e energia a funcionarem.

O ministro dos Assuntos dos Veteranos espera que, no final da guerra haja cerca de 4 milhões de veteranos. A mobilização tem graves consequências para a economia ucraniana. Falta a mão de obra necessária para operar. Como escreve Yves Smith: O governo ucraniano está agora em grande parte, ou mesmo totalmente, dependente de financiamento ocidental. Os gastos federais foram 35 mil milhões de dólares em 2021 e 61 mil milhões em 2022 (não incluindo despesas militares).

Com uma população idosa, com um grande número de vítimas de guerra (1) muitos deles amputados, significa um aumento da carga social num país com capacidade produtiva muito reduzida. E nem levamos em conta o que acontecerá se a Rússia avançar para o Dnieper, tomando mais terras agrícolas da Ucrânia e se tomar a costa do Mar Negro, transformando a Ucrânia num Estado sem litoral e ainda mais pobre. O facto de os EUA não estarem dispostos a fazer concessões de que a Ucrânia nunca faça parte da NATO, significa que a Rússia continuará a guerra levando a Ucrânia à destruição económica.

A questão é: como "reconstruir" a partir da situação em que a NATO não quer parar a guerra e … quem paga? Como pode o que restar da Ucrânia pagar as dívidas que o golpe de 2014 criou? Será que na UE alguém pensa nisso? Ou apenas lhes resta obedecerem aos neoconservadores alojados em Washington?

1 - O número de vítimas civis é relativamente baixo. As Nações Unidas registraram menos de 10.000 mortos e menos de 17.000 feridos.

Ver: Ukraine SitRep. La guerre en nombre d’humains | Le Saker Francophone

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