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8 de novembro de 2023

A Rússia e o conflito Israel-Palestina

Tópicos de uma análise de Pepe Escobar. Em 30 de outubro Putin reuniu o Conselho de Segurança russo, altos funcionários do governo e chefes de agências de segurança. Da sua intervenção destaca-se: Não há justificativa para os terríveis acontecimentos que ocorrem Gaza, onde centenas de milhares de pessoas inocentes estão sendo mortas indiscriminadamente, sem terem para onde fugir ou esconder-se dos bombardeamentos. Quando vemos o sofrimento de mulheres e idosos, quando vemos médicos mortos, isso nos faz cerrar os punhos enquanto lágrimas brotam de nossos olhos.”

Devemos compreender claramente quem na realidade está por detrás da tragédia dos povos do Médio Oriente e de outras regiões do mundo, quem tem organizado este caos letal e quem beneficia dele” “As atuais elites dominantes nos Estados Unidos e nos seus satélites são os principais beneficiários da instabilidade global que utilizam para extrair a sua renda sangrenta. Os Estados Unidos estão a tornar-se mais fracos como superpotência global e a perder a sua posição, todos compreendem isso, mesmo vendo as tendências da economia mundial.”

Para alargar a “sua ditadura global” promovem o caos ininterrupto.” “Este caos irá ajudá-los a conter e desestabilizar os seus rivais ou, como eles dizem, os seus oponentes geopolíticos, incluindo o nosso país [Rússia], e países independentes soberanos, que na realidade são novos centros de crescimento global, não estando dispostos a prostrar-se e a desempenhar o papel de servos.”

As elites dominantes dos Estados Unidos e dos seus satélites estão por trás da tragédia dos palestinos, do massacre no Médio Oriente em geral, da conflito na Ucrânia, e muitos outros conflitos no mundo – no Afeganistão, Iraque, Síria, e assim por diante.”

Moscovo alinha-se com as análises do líder iraniano, Khamenei – um parceiro estratégico da Rússia – e do secretário-geral do Hezbollah, Nasrallah.

O representante da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, deixou bem claro que Israel, como potência ocupante, não tem “o direito à autodefesa” – um facto apoiado por uma decisão consultiva do Tribunal Internacional da ONU em 2004. O Tribunal estabeleceu, numa votação judicial com 14 contra 1, que a construção do muro por Israel na Palestina ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, era contra o direito internacional.

Nebenzya, anulou assim o argumento interminavelmente evocado do “direito à autodefesa” por Israel e toda a NATO. Os EUA, vetaram recentemente o projeto humanitário do Brasil no CS da ONU apenas porque não mencionava o “direito à autodefesa” de Israel.

Esse direito “poderia ser totalmente garantido apenas no caso de uma resolução justa do problema palestiniano com base nas resoluções do CS da ONU”. Os registos mostram que Israel não respeitou nenhuma resolução da ONU sobre a Palestina.

Sergei Lavrov, numa conferência de imprensa com o ministro das Relações Exteriores do Kuwait, reiterou as prioridades de Moscovo: um cessar-fogo urgente, corredores humanitários e um regresso à mesa para negociar “um Estado Palestino independente, tal como previsto pelo CS da ONU dentro das fronteiras de 1967, que coexistiria em paz e segurança com Israel.”

Táticas dos EUA-Israel “ têm o objetivo de atrasar (ou enterrar) a decisão de estabelecer um Estado Palestino”. Isto implica condenar os palestinos “a uma existência eterna sem direitos. Não garantirá nem a paz nem a segurança na região, apenas aprofundará o conflito.

Lavrov resume a posição da Rússia: “Será de fundamental importância para nós conhecermos a opinião unânime do mundo árabe”. Quando eles agirem em conjunto, “apoiaremos a solução árabe para esta questão tão difícil”.

A mensagem geral é que mesmo considerando as manobras ininterruptas do Império do Caos, o Projeto Sionista está agora morto.

A solução menos má até agora seria um estado palestino independente, de volta às fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital. O problema é como convencer o sionismo descontrolado a recuar, cortando o cordão umbilical entre Washington e Telavive com a expulsão do espectro geopolítico da matriz neoconservadora nos EUA,

Para todos os efeitos práticos, a solução de dois Estados – da Cisjordânia à Faixa de Gaza – está morta. Pode ser doloroso admiti-lo. Levará algum tempo para reconhecer que a única solução viável é o eliminar o Projeto Sionista, tendo um Estado único com Judeus e Árabes vivendo em paz. Mas o atual horror permitido em Gaza mostra que a paz continua a não ser uma prioridade para o Império do Caos,



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