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30 de novembro de 2011

Diziam eles que a Islândia entraria no caos...


Caso de sucesso da Irlanda?
Ou caso de sucesso da Islândia?


Vejamos alguns dados: o PIB em 2011 – A Islândia vai crescer 2,9%. A Irlanda apenas 1,2% e em 2012, as previsões da OCDE são de 2,4% para a Islândia e de apenas 1% para a Irlanda.

O desemprego é de 7% na Islândia (2011) e de 14,1% na Irlanda.
Em 2012 a OCDE prevê uma taxa de desemprego de 6,1% para a Islândia e, pasme-se de 14,1% para a Irlanda (que sucesso!!!).

O défice do Orçamento será de 5,4% para a Islândia em 2011 e de 10,3% para a Irlanda. Em 2012 a previsão da OCDE é de 3,3% para a Islândia e de 8,7% para a Irlanda.

A evolução do consumo em relação ao ano anterior será em 2011, para a Islândia de mais 3% e de menos 2,5% para a Irlanda (continua o sucesso!)

Em 2012, será de mais 3,1% para a Islândia e de 0,5% para a Irlanda (OCDE).

Quanto ao investimento ele será de +7% para a Islândia e de menos 6,3% para a Irlanda em 2011, e será (OCDE) de mais 14,2% para a Islândia e de menos2,7% para a Irlanda em 2012.

O chamado caso de sucesso da Irlanda é, como se vê ,um artifício propagandístico.
Mesmo o crescimento de 1,2% para 2011 e de 1,0% para 2012 – quase estagnação – verifica-se depois do PIB irlandês ter caído -7% em 2009 e menos 0,4% em 2010!

Acresce que muito do crescimento na Irlanda se deve à instalação de multinacionais americanas e outras que aproveitam impostos e mão de obra mais baixa do que a inglesa por exemplo, para aí se instalarem e colocarem os seus produtos na União Europeia. O que quer dizer que a diferença entre o PIB e o PNB, isto é, a riqueza que é criada na Irlanda e que aí fica é bem menor do que a de muitos outros países.

Depois como se vê, o desemprego vai atingir taxas inaceitáveis e o investimento apresenta também quebras muito significativas.

A falar-se de «caso de sucesso» servindo-nos dos mesmos critérios dos utilizados pelos propagandistas para a Irlanda, teríamos sim, de falar da Islândia.

Mas da Islândia não se fala. É um mau exemplo!

Recusou pagar os juros agiotas... e meteu os seus banqueiros na prisão.! 
E depois dos bem pensantes terem dito que com a recusa do pagamento dos juros a Islândia entraria no caos e seria banida dos mercados, como é que agora iam explicar tudo isto?
Silêncio, meus senhores.

29 de novembro de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 37 - PRECARIEDADE E “EMPREGO PARA A VIDA”

Como é impossível moral e tecnicamente justificar a precariedade laboral, os delegados de propaganda do sistema, ou os que por ignorância fazem esse papel, servem-se de um conceito falacioso, para não lhe chamar idiota, o “emprego para a vida”, só desejável por gente preguiçosa.
Eça de Queiroz referiu-se aos ignorantes atrevidos. Vem isto a propósito, de ouvir dizer com ar displicente que “isso do emprego para a vida já acabou, e ainda bem”. São escutados, pelos jornalistas com ar de ignorância bacoca, talvez comprometida – sem se atreverem a contestar ou sequer inquirir sobre o significado das palavras. Claro que entendemos os srs. jornalistas, como dizia Voltaire: “é perigoso ter razão quando o governo não a tem”. Por isso, aqui está o “dicionário crítico”.
Verificamos que quem faz afirmações daquele teor ou é capitalista e neste caso entende-se, trata-se do seu papel na “luta de classes” que, tal como as bruxas, não se acredita, mas que existem, existem. Os outros, são gente com vários empregos, em regime de profissão liberal, governando-se bem, a maior parte das vezes à custa do “Estado gordo” - aliás emagrecido por este e outros motivos.
Em primeiro lugar, falar em “emprego para a vida” é um total disparate, pior, uma aleivosia por ignorância ou má fé. Acabou com a escravatura e com os servos da gleba, embora tal não seja em rigor classificado como “emprego”.
Normalmente quem isso refere são pessoas que não fazem a mínima ideia do que é o trabalho na esfera diretamente produtiva. Insultam os trabalhadores e são incapazes de imaginar o que é, como se organiza e se desenvolve o trabalho produtivo.
Não é raro vermos na televisão personagens, jovenzinhos fardados à “youpie”, barafustando pelo facto da falta de competitividade das empresas se deve a que os despedimentos não podem ser totalmente arbitrários e individuais. A sua veemência é proporcional à falta de razão. São afirmações que nem merecem contestação. A única coisa que se pediria a estes “especialistas em gestão” seria que justificassem o que dizem com dados numéricos e com estudos.
É que não faltam estudos sobre competitividade no Ministério da Indústria; a própria CIP em 2010 no seu Relatório sobre a Indústria Portuguesa em 10 recomendações para a competitividade (pág. 92 e 93) não menciona sequer a legislação laboral, e com razão.
“Emprego para a vida” é uma espécie de deformação semântica da segurança nas condições contratuais do trabalho. O que é grave é que com isto afirma-se com toda a displicência, arrogância e ignorância do que seja gestão, que com direitos os trabalhadores ficam sornas, desinteressados, incapazes, golpistas, desonestos. Em suma: são eles que exploram o patronato! Com a precariedade, trabalham melhor e mais afincadamente.
Trata-se de maniqueísmo do mais reaccionário que se vê desde o início do século XX. De um lado os trabalhadores, gente suspeita, mal formada, pronta a perverter e prevaricar, que deve estar sob “rédea curta”, do outro, os “empresários”, isto é, o grande capital, gente pura, abnegada, patriótica, a quem devem ser concedidos todos os direitos, com o mínimo de interferência do Estado: são eles o elemento motor do progresso. Na realidade, são como classe social elemento motor de crises financeiras, sociais e ambientais.
O mais curioso, é que quem lança diatribes contra o “emprego para a vida” ignora ou faz por ignorar que no período de maior ascenso da economia capitalista e nos países mais desenvolvidos vigorou o que eles apelidam de “emprego para a vida”, o que é falso como dissemos, tratava-se porém de um sistema de progressão nas carreiras interno das empresas, de incentivos, aproveitando a experiência, a iniciativa e a motivação dos trabalhadores. Tal foi visível nos principais países e empresas do Japão, da Alemanha, da França, mesmo nos EUA, em todos os países onde os sindicatos eram força determinante nas relações laborais e mesmo sociais. O fim da segurança dos trabalhadores e a limitação dos seus direitos foi também o fim da capacidade de progresso destas sociedades.
O “emprego para a vida” era nada mais do que ter carreiras estruturadas para fazer face às mutações tecnológicas, ao crescimento económico e à competição económica e social a que a existência do sistema socialista obrigava.
Claro que os direitos dos trabalhadores introduziam alterações nas relações de poder entre capital e trabalho favoráveis aos trabalhadores, tanto mais que o crescimento económico era conduzido essencialmente pelo Estado. Assim foram ultrapassadas as crises capitalistas desde o final os anos 50 do século passado até aos anos 80.
Na realidade, ao favorecer os interesses dos trabalhadores estava-se a favorecer os interesses de toda a sociedade. Situação que não se podia manter em termos capitalistas. A alteração veio com o processo subsequente, designado por neoliberalismo, que mostrou ser um desastre absoluto, para os países que o seguem.
As insaciáveis oligarquias protestam contra o “despesismo” que os trabalhadores representam com os seus direitos e despesas sociais, protestam contra o “escândalo” de quererem como trabalhadores segurança no seu emprego, caluniam dizendo que os trabalhadores “não querem trabalho, querem emprego”. Eles porém, acumulam lugares em Conselhos de Administração de empresas e fundações, recebem várias reformas milionárias, especializaram-se na redução de efectivos e enviar pessoas para o desemprego, em promover contratos ruinosos para o Estado e em programas que atiraram o país para o desastre económico e social.
Os trabalhadores neste contexto são despejados como lixo e depois tratados como parasitas sociais, que não querem trabalhar, potencialmente prevaricadores, sujeitos a parcos e limitados subsídios sempre contestados. É a isto que chamam as duras leis do mercado propagandeadas com arrogância e deturpando factos.
Não, “emprego para a vida”, quem o neste país tem é a legião de tartufos que mentira após mentira vai transitando de cargos políticos para o sector privado e vice-versa, acumulando vencimentos e pensões.

26 de novembro de 2011

TRÊS NOTAS SOBRE A GREVE GERAL

Que são também de solidariedade com todos que participaram tendo em vista um futuro melhor, pelo seu sacrifício, determinação e, em muitos casos, coragem em nome de todos os que não puderam participar, ficaram indiferentes e até dos que se opuseram.
1 – AS MENTIRAS DO GOVERNO
No seu estado de negação da realidade desta vez a mentira atingiu proporções idênticas às que o fascismo exprimia para ocultar e denegrir o movimento democrático e popular.
Este facto aliado às tentativas de a tornar um acontecimento espúrio revela o seu carácter fascizante, e obscurantista, mas também a fragilidade do seu poder e o sentimento de crescente impopularidade. Lembremo-nos que obtiveram a maioria através da mentira.
2 – A AUSÊNCIA DO PS
Quer na Assembleia da Republica quer nas intervenções do seu secretário-geral e de altos dirigentes a greve não existiu. O PS há muito se alheou dos anseios dos trabalhadores, do “mundo do trabalho” como era uso dizerem para evitar referir “movimento sindical”, como se ser trabalhador fosse uma coisa do “outro mundo”. Na realidade, assim vai sendo face ao desemprego e precariedade existentes, para o que bastante contribuíram e contribuem.
3 – OS COMENTADORES DO JORNALISMO SOB CONTROLO
Oscilaram entre colocar trabalhadores do Estado contra os das empresas privadas; jovens precários contra gerações anteriores com contratos de trabalho; desempregados contra sindicalizados.
Além disto, antes, durante e após, até serem mandados calar por quem manda, questionaram exaustivamente “para que serviu a greve?”, ou se “vai resolver alguma coisa?”.
Quanto a isto recordemos apenas duas frases. J.J. Rouseau, dizia referindo-se aos defensores do absolutismo: “são pagos pelos fortes para pregar aos fracos”.
W. Churchill, após a derrota dos nazis em El-Alamein, disse: “não, não foi o fim, nem sequer o princípio do fim, mas foi seguramente o fim do princípio”.
Também esta greve geral não foi o fim da luta contra a atual ditadura dos especuladores e usurários, mas foi um passo decisivo para o fim do princípio dos desmandos deste governo de direita e extrema direita que, como os de antes do 25 de Abril, está a destruir o país, aceleradamente.

24 de novembro de 2011

Um comentário certeiro

Viva a greve geral

1- Já se pode afirmar bque estamos perante uma muito grande greve geral. A força de quem cria riqueza revela-se reduzindo a base social de apoio ao governo . Cresce a indignação e a revolta contra uma política ditada pelos banqueiros e pelos grandes senhores do dinheiro. Um primeiro minstro que faz precisamente o contrário do que andou a dizer na campanha eleitoral não tem legitimidade politica e não é com falinhas mansas que, tal como o seu ministro das finanças, vai submeter o povo  a pagar a factura da especulação da alta finança nacional e internacional. A luta é o caminho . Viva a greve geral

2-O Directório das grandes potências reune-se para ver se limam as contadições e ganham algum tempo pois o fogo também já os ameaça.
Notícias da parte francesa.

CE : Berlin pourrait être forcé de revoir sa position

L'Allemagne reste opposée à laisser la BCE intervenir massivement. Mais sa position pourrait s'infléchir. La crise financière commence à la toucher et la récession menace. Nicolas Sarkozy accueille ce midi Angela Merkel et Mario Monti pour un nouveau mini-sommet de crise.

ECRIT PAR
Catherine CHATIGNOUXSous-chef de service


Le ministre des Affaires étrangères, Alain Juppé, a appelé jeudi la Banque centrale européenne (BCE) à «jouer un rôle essentiel» pour sauver la zone euro, à quelques heures d'un sommet tripartite franco-germano-italien à Strasbourg.
«Nous avons toujours des fondamentaux solides. Ce qui ne va pas, c'est la confiance. C'est ça qu'il faut rétablir. Je pense -j'espère que la réflexion avancera -que la BCE devrait jouer un rôle essentiel pour rétablir cette confiance», a déclaré Alain Juppé sur France Inter. Interrogé sur le résultat médiocre d'une émission obligataire allemande mercredi, le chef de la diplomatie française a estimé que la crise «touche toutes les économies, même les plus solides». Le président Nicolas Sarkozy accueille aujourd'hui à Strasbourg la chancelière allemande Angela Merkel et le nouveau chef du gouvernement italien Mario Monti pour un nouveau mini-sommet de crise regroupant les trois premières puissances de la zone euro. Au centre de la discussion, la BCE, les eurobonds, et la gouvernance européenne.
Un sondage réalisé par Reuters auprès de 20 économistes et décideurs politiques de renom montre que près des trois quarts d'entre eux (14 exactement) pensent que la zone euro ne survivra probablement pas à la crise de la dette dans son périmètre actuel. « La zone euro peut et doit survivre, estime l'un des plus optimistes, Jeffrey Sachs, de l'université de New York, mais elle ne survivra pas en maintenant sa trajectoire actuelle. » Le remède à la crise le plus souvent évoqué au cours de l'enquête est que la Banque centrale européenne (BCE) devrait s'impliquer davantage, en devenant soit prêteur en dernier ressort, soit en achetant des quantités massives d'obligations d'Etat. Cette idée continue pourtant à déchirer la zone euro, alors que la crise s'aggrave et que la récession menace l'Europe y compris l'Allemagne. L.E.






O Lixo dos bancos

Os povos estão a pagar a especulação feita pelos bancos
 Cecile C.

Mais uma etapa para o afundamento
Os bancos europeus vão mal, não é segredo para ninguém. Mas porquè? Porque têm no cofre activos que só valem amendoins. Nesta altura fala-se muito de obrigações soberanas – as instituições bancárias são efectivamente grandes compradoras de dívidas soberanas – se bem que quase se esquece que não são os únicos activos tóxicos que possuem.

Os bancos europeus continuam com efeito carregados de pedaços de "A" "tóxicos" e de produtos derivados, estes os mesmos que engendraram a crise de 2008. Na verdade, agora isso parecia bem longe, mas os bancos nunca conseguiram apagar da sua contabilidade essas perdas latentes.
A acumulação dessas más compras é fatal para os bancos europeus. A cada nova degradação de um Estado, os bancos que detêm essas obrigações perdem valor  e sancionados pelos mercados.
O coração do problema: o financiamento
O principal problema para os bancos é hoje refinanciarem-se. Porque os bancos mais não fazem que emprestar, eles pedem emprestado também (para emprestar de novo...). Ora desde há vários meses, os empréstimos inter-bancários estão em ponto morto. Como repetimos várias vezes, quem melhor que um banco para conhecer a saúde de um outro banco. Os banqueiros não são (completamente) descerebrados: têm plena consciência que emprestar aos seus colegas não é boa ideia.

Os bancos europeus têm pois de encontrar outras fontes de financiamento. Até ao presente, podiam contar com o apoio de fundos americanos. Mas desde há alguns dias, estes fogem.
O exemplo do UniCredit
O caso do banco italiano UniCredit é revelador. Ele detém mais de 1.200 biliões de euros de activos (os créditos que possui, etc.). Mas apenas possui 74 biliões de fundos próprios (isto é, a sua reserva). O que nos dá um ratio de 24/1. Ora, segundo as regras fixadas por Basileia II, os fundos próprios de um banco devem normalmente atingir 8% dos activos. UniCredit está bem abaixo das regras com 4,1% de fundos próprios.

Uma perda de 4% do valor dos seus activos significa pois a falência do UniCredit. Uma baixa de 10% dos seus activos – o que é fortemente provável dado que a Itália é o terceiro maior emissor de dívida soberana no mundo e que os bancos italianos são os principais detentores desta dívida – implicaria perdas potenciais de mais de 100 biliões de euros.
Mas o problema não pára aqui. De todos os grandes bancos europeus, UniCredit é o que mais terá de refinanciar-se em 2012. Terá que encontrar 51 biliões de euros. Junto de quem obterá esse dinheiro? Não do Estado italiano que já está sob o fogo cruzado dos mercados e da União Europeia por causa do seu endividamento. UniCredit deve pois emitir obrigações... e encontrar compradores, que se fazem desejar. Actualmente, ele obtém emprestado a uma taxa bem superior à sua A2 (qualidade média superior) oficial de acordada pela Moody's. Na prática, ele obtém emprestado como se tivesse a nota B1 (muito especulativo).
Com um tal custo de empréstimo, UniCredit não pode verdadeiramente esperar fazer lucros. Aliás, a banca italiana já registou perdas de 14,3 biliões de euros no último trimestre.
Itália, Europa, o mesmo combate
O exemplo do UniCredit é característico mão não é único. Entre os bancos a quem hoje se aponta do dedo como perigosos pelos analistas e agências de notação, encontram-se vários grandes bancos franceses como a Société Générale, Crédit Agricole ainda BNP Paribas.

Como para o UniCredit, a questão do seu financiamento é crucial. Les Echos nos revelam que os bancos franceses tiveram que fazer apelo à ajuda do BCE em Outubro: "Segundo as últimas estatísticas do Banco de França, [os bancos franceses] tiveram de pedir emprestado 100 biliões ao Banco central em Outubro, ou seja mais de três vezes mais do que há dois meses ou que há um ano (36 biliões em Agosto, e 33 biliões em Outubro 2010). O recurso à liquiditêz da BCE ultrapassou mesmo o dos bancos espanhóis". Ora conhecemos o estado de saúde catastrófico dos bancos espanhóis...
O contágio ao sistema mundial
Ao nível mundial, é tudo igualmente inquietante. Os bancos europeus detêm 55.000 biliões de euros de activos. É tanto quanto o total da dívida americana (do Estado, dos particulares e das empresas reunidas). O sistema bancário europeu é quatro vezes maior que o seu equivalente americano.

Os Estados Unidos estão largamente expostos ao risco bancário europeu. Em Setembro, 37% dos 1.500 biliões de dólares detidos pelos fundos monetários americanos estavam investidos em obrigações bancárias europeias e nos CDS (os seguros contra o risco de falência) destes bancos.
Pensam que os Estados Unidos se podem permitir perder estes 500 biliões de dólares investidos na Europa ?...






23 de novembro de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –36 - ENGENHARIA FINANCEIRA

A engenharia financeira foi tratada e posta em prática como a maior descoberta no campo da gestão de empresas. Uma espécie de revelação da teologia neoliberal que permitiria resolver todas as contradições do capitalismo. Os seus próceres viram-se aplaudidos, acarinhados pelo grande capital, premiados e promovidos a lugares cimeiros. As suas contas bancárias acompanharam esta tonalidade triunfal.
Foi afinal um dos mais elogiados e seguidos expedientes neoliberais para destruir a economia.
Na prática não passou de uma fuga ao real, designadamente à nunca reconhecida lei da baixa tendencial da taxa de lucro. Ganhou na sua execução contornos de fraude; tornou-se um processo acelerador de crises e socialmente perverso.
Para além do que já era reconhecido como vulgares princípios de boa gestão financeira a nível microeconómico, não passou de uma economia de desemprego, destruição de empresas e concentração monopolista.
Vamos dar um exemplo que consideramos típico do que ocorreu sob estes processos (1). A empresa em questão começa por ter dificuldades no mercado: este não tem a expansão prevista e verifica-se uma perda de competitividade, por razões tecnológicas, de marketing ou do próprio mercado.
Apesar disto a empresa tem bom nível de encomendas, elevado potencial tecnológico, reconhecida experiência, boa qualidade, porém os lucros não crescem como desejado, a taxa de lucro de outras actividades, designadamente especulativas é muito superior.
O processo é desencadeado quando a visão industrial de médio e longo prazo é substituída pela visão financeira de curto prazo que chega ao ponto dos resultados serem avaliados ao trimestre impondo constantes valorizações da cotação em bolsa.
Apesar de anos atrás se ter procedido a “curas de emagrecimento”, designadas “downsizing”, que se traduzem em despedimentos, tal não teve o efeito pretendido pelos acionistas. As ações caíram sem qualquer relação com o real valor da empresa, tal como antes tinham subido da mesma forma.
Ora, negando completamente a sacrossanta lei da oferta e da procura, quanto mais as ações descem menos procura têm! Que faz então o núcleo duro da empresa perante a possibilidade dos seus activos financeiros se degradarem? Na gestão tradicional, investia-se avaliavam-se as capacidades tecnológicas e de mercado, faziam-se investimentos e no caso de uma grande empresa procurava-se o apoio do Estado em termos de encomendas, novos mercados, etc.
A engenharia financeira tem outros recursos. Fundamentalmente do Estado o que pretende é que não cobre impostos e deixe circular o capital livremente, mesmo descapitalizando o potencial produtivo do país. Assim, é chamado um especialista em “engenharia financeira”, pago a peso de ouro, que ocupa de imediato lugar de maior relevo em termos executivos na Administração.
Num ano o competente especialista mostra que as suas promessas não eram vãs: a empresa apresenta de novo elevados lucros e, mais uma vez contra a famosa lei da “economia de mercado”, quanto mais as ações sobem mais procura têm.
O núcleo duro não podia estar mais feliz. Como sabia o que se ia passar comprou tudo o que pode na baixa e foi vendendo na alta. Que milagre se tinha então passado? Simples engenharia financeira. O famoso especialista foi vendendo, admitamos que em boas condições - não fazendo como certos detentores de cargos público ao serviço do capital privado - o que pode da empresa incluindo as suas partes mais lucrativas nomeadamente aos seus concorrentes. A empresa ficou recheada de capital que serviu, não para qualquer investimento, pelo contrário estava-se a desinvestir, mas para apresentar óptimos resultados e rechear o bolso dos accionistas e o dele próprio, bem remunerado com os correspondentes bónus.
Os trabalhadores nisto pouco ou nada contam, nem o interesse nacional. As fusões e as partes da empresa entregues à concorrência fizeram-se com as correspondentes perdas de postos de trabalho e regra geral também de direitos.
Perante a opinião pública, democracia “oblige”, é dito que os desempregados são basicamente pessoas a quem falta espírito de iniciativa e que o Estado social não pode ser mantido, pois a duração média de vida dos trabalhadores é mais elevada – o que pelos vistos constitui grande azar para o capital.
Como é óbvio ao fim de muito poucos anos o modelo esgota-se: o ativo reduziu-se, o volume de negócios também, tal como os lucros. Logo as acções voltam a baixar de novo. Mas desta vez não há problema, pelo menos para o grande capital. Eles já sabiam o que ia acontecer. Tinham posto no mercado grande quantidade de ações que o mercado absorveu em alta, sem olhar para o ativo material, o problema já não era deles, mas dos imprudentes compradores pouco responsáveis a gerir o seu dinheiro e que cediam às sugestões dos “especialistas”. Justamente é o que também dizem os srs. comentadores que diariamente procuram tornar o sistema inimputável, culpando as pessoas, esquecendo-se de mencionar que elas se tinham limitado a acreditar nos acarinhados teóricos e propagandistas do sistema.
O especialista financeiro termina então a sua função, altamente prestigiado por ter afundado mais uma empresa e criado mais desemprego, saindo com uma daquelas indemnizações cujos números só são frequentes em astronomia. Os acionistas pegaram no “seu” dinheirinho e colocaram-no em paraísos fiscais e em redes especulativas. A crise a que estes processos dão origem está atualmente a cargo da população através dos planos de austeridade.
Falemos também de “efeitos colaterais”. A pressão que é exercida sobre os quadros para se aumentarem os níveis de rentabilidade degrada o ambiente de trabalho, torna-o por vezes insuportável a nível pessoal, a nível familiar. Esta pressão transmite-se em cadeia às outras camadas de trabalhadores. Sendo a avaliação feita em valor acrescentado por trabalhador passa-se às rescisões e despedimentos generalizando-se a subcontratação a pequenas empresas e trabalhadores individuais, o que é já uma degradação das remunerações e direitos anteriormente adquiridos.
Vimos importantes empresas industriais dos EUA e da Europa incensadas nas revistas da especialidade da forma mais atávica possível por, em processos deste tipo, os seus resultados serem principalmente obtidos na área financeira e não na produtiva. Não passaram muitos anos que o Estado não tivesse que intervir para evitar o seu colapso. Posto isto, os atores e defensores da “engenharia financeira” impõem cortes nas despesas sociais do Estado, “despesista”…
A engenharia financeira consiste, pois, fundamentalmente, na transferência do investimento produtivo para as aplicações financeiras especulativas degradando as condições de funcionamento das empresas.
Os pequenos acionistas e os fundos de pensões também ficam a perder. Recordemos o foguetório propagandístico e o que se tangeu por estes famosos fundos para os quais se queria empurrar as pessoas, para mais facilmente se ir destruindo a Segurança Social e transferir recursos para o sector capitalista.
A engenharia financeira – só em si o nome é absurdo e manipulador - é um dos processos básicos da financeirização da economia, ou seja, a forma pela qual o sector oligopolista obtém a sua renda de carácter monopolista a partir da mais valia criada a nível nacional e transnacional.
1 – O autor acompanhou pessoalmente mais de uma situação deste tipo embora não pertencesse às empresas em causa, mas com as quais manteve relações contratuais.

Notas sobre o Inquérito ao Emprego do 3º trimestre de 2011

Alguns destaques:
· 689 600 desempregados em sentido restrito (12,4%),
· desemprego jovem atinge os 30%,
· 94 300 licenciados desempregados,
· Só no último trimestre perderam-se 39 300 empregos e desde o início do ano 95 100 empregos;
· Pelo menos 30,9% dos trabalhadores por conta de outrem são precários.



1. O INE divulgou há alguns dias os dados do Inquérito ao emprego do 3º trimestre de 2011. A taxa de desemprego voltou a atingir o valor recorde de 12,4% do 1º trimestre e o nº de desempregados em sentido restrito atingiu o seu valor mais elevado de sempre, 689 600 desempregados.


2. Em sentido lato, incluindo os inactivos disponíveis e o subemprego visível, o desemprego atingiu no final do 3º trimestre 1 042 600 desempregados, ou seja, a taxa de desemprego em sentido lato é agora de 18,2%.


3. A esta taxa de desemprego de 12,4% em sentido restrito corresponde, uma taxa de desemprego das mulheres de 12,9% e dos jovens de 30,0%. São já 138 300 os jovens que fazendo parte da população activa se encontram desempregados.


4. A propósito do desemprego jovem vale a pena referir a taxa de desemprego das mulheres jovens desempregadas, que neste 3º trimestre atingiu a taxa de 32,5%, ou seja, uma em cada 3 jovens em idade activa encontra-se hoje desempregada.


5. Os trabalhadores desempregados há mais de um ano são já 356 400 e representam 51,7% do total dos desempregados em sentido restrito.


6. Os trabalhadores licenciados desempregados são 94 300, o que corresponde a uma taxa de desemprego destes trabalhadores de 9,4%, a mais elevada de sempre.


7. A esta taxa de desemprego a nível nacional de 12,4% no 3º trimestre, corresponde uma taxa de desemprego por regiões que atinge os seus valores mais elevados na região de Lisboa, com 14.6%, na região da Madeira com 14.3%, no Algarve com 13,3% e na região do Porto, com 12,7%.


8. Ao mesmo tempo que a taxa de desemprego bateu todos os seus recordes, o emprego continua a evoluir negativamente de tal forma que no final do 3º trimestre o emprego em Portugal era de 4 853 700 indivíduos, valor inferior ao registado em 2000 no 3º trimestre, que era de 5 052 800. Temos hoje menos cerca de 200 000 empregos do que no início do século.


9. Em relação ao 2º trimestre do corrente ano, o nº de empregos reduziu-se em 39 300 e em relação ao 3º trimestre do ano passado temos menos 109 900 empregos.


10. Ao mesmo tempo que o emprego se reduz, o trabalho precário atinge 1 185 900 trabalhadores, dos quais 871 900 são trabalhadores por conta de outrem. Em termos percentuais podemos dizer que 24,4% do emprego total é precário e que o nº de trabalhadores com vínculo precário representa 30,9% dos trabalhadores por conta de outrem.


11. A divulgação destes dados sobre o emprego e o desemprego coincide com a discussão na Assembleia da República do OE para 2012. A taxa de desemprego no 3º trimestre fica 0,1 pontos percentuais abaixo da estimativa que o Governo apresenta para 2011 (12,5%). Tudo leva a crer que o impacto de muitas das medidas recessivas já em vigor se farão sentir ainda mais no actual 4º trimestre fazendo subir ainda mais a taxa de desemprego em 2011.


12. Num ano (2012) em que a taxa de desemprego com grande probabilidade irá ultrapassar em sentido restrito os 13,5% e em sentido lato os 18,5%, em que os desempregados de longa duração ultrapassarão os 400 mil, dos quais mais de 250 mil desempregados estarão desempregados há mais de 2 anos, constitui um autêntico crime social, reduzir os apoios aos desempregados, reduzir os apoios sociais em mais de mil e seiscentos milhões de euros e as despesas com funções sociais em quase 3 mil milhões de euros, como o actual Governo de direita (PSD/CDS) se prepara para fazer, ao aprovar este OE para 2012, com a abstenção violenta (!) do PS.

Notas sobre o crédito concedido às famílias pelo sector financeiro

A partir dos dados disponibilizados pela central da responsabilidade de crédito do Banco de Portugal é possível concluir o seguinte:

1. No final do 3º trimestre de 2011, o montante de empréstimos concedidos às famílias era de 151 204 milhões de euros, tendo caído 1,4% em relação ao trimestre homólogo de 2010.
2. Deste montante total de empréstimos às famílias, 119 468 milhões (79% do total) dizem respeito a empréstimos à habitação e também eles caíram 0,2% em termos homólogos. O nº de famílias a que correspondia este montante total de empréstimos à habitação, no final do 3º trimestre de 2011, era de 2 463 985.
3. O montante de empréstimos às famílias para consumo era no final do 3º trimestre de 2011 de 31 736 milhões de euros, ou seja, 21% do total. Em termos homólogos o montante de empréstimos ao consumo caiu 5,9%. O nº de famílias a que correspondia este montante total de empréstimos para consumo, no final do 3º trimestre de 2011, era de 3 797 459.
4. O rácio de crédito vencido das famílias era no final do 3º trimestre de 3,7%, ou seja, do total de crédito concedido às famílias, 3,7% desse montante encontrava-se nesta altura em incumprimento. Desdobrando este incumprimento, pelo crédito à habitação e ao consumo verifica-se que ele é de 2,0% e 10,1% respectivamente.
5. O nº de famílias com crédito vencido (famílias em incumprimento) atingiu no final do 3º trimestre de 2011 os 668 874, destes 140 447 são famílias com crédito vencido à habitação.
6. Em conclusão estes dados provam que se é verdade que grande parte das famílias portuguesas se encontram hoje endividadas, também é verdade que isso se deve fundamentalmente ao facto de o terem feito para poderem ter acesso à habitação. Só desta forma milhões de famílias tiveram acesso a esse direito consagrado na Constituição da República. O endividamento das famílias resultou do facto de o Estado ter colocado a resolução das necessidades de habitação dos portugueses nas mãos de construtores civis, imobiliárias e sector financeiro, que aproveitaram essa oportunidade para acumular lucros sobre lucros ao longo das últimas décadas, ao mesmo tempo que em contrapartida as famílias se endividavam para o presente e para o futuro.

A gatunagem e os robalos do Vara

Os banqueiros e o governo dos banqueiros fizeram mais um acordo que vai lesar gravemente a Segurança Social. Uma vergonha.
Descapilizam a segurança social e depios vêm dizer que o problema é da esperança de vida e que ,por isso ,no futuro os reformados só ficarão com 60% do salário que tinham no activo!
As negociatas dos fundos de pensões que têm sido transferidos para a segurança social são um escândalo´
Agora é a transferência do fundo de pensões dos bancários  no respeitante aos bancários já reformados que vai ser transferido e que está significativamente descapitalizado. Até os títulos de dívida pública são avaliados pelo valor nominal e não ao preço de mercado! Um caso de polícia.
Ao pé desta negociata  os" robalos" do Vara são meros amendoins ou tremoços conforme o gosto!!!

Agora até o Barroso defende as euro-obrigações para mostrar que está vivo

O FMI acaba  de votar a criação de Linhas de Precaução e Liquidez (L.P.L.), com o objectivo de cobrir as necessidades de financiamento urgentes (6 meses a dois anos).
Têm por referência as quotas de cada país no FMI, com um coeficiente multiplicador que poderá atingir no caso da Itália os 45,5 milhares de milhão de euros e no caso de Espanha 23,3 milhares de milhão de euros.
OS LPL, permitirão ganhar tempo à Espanha e à Itália, mas não resolvem o problema tal como os euro bonds de Durão Barroso. É tarde, as contradições do capitalismo agudizam-se e não é com meias medidas que se dá resposta aos problemas. E também não é com reuniões e mais reuniões! Na 5ª Feira, em Estrasburgo uma meia Cimeira, em 29 de Novembro, mais uma reunião de ministros das Finanças e em 9 de Dezembro, novamente uma Cimeira, enquanto os especuladores se enchem e os povos pagam a factura. Até quando?

22 de novembro de 2011

As bolsas cairam pela 5ª sessão consecutiva

A especulação sobre as dívidas públicas que atinge cada  vez mais países na UE e a colossal dívida dos E.U. mostra que as contradições se acentuam rapidamente aumentando as incertezas e a descida da cotação dos títulos nas Bolsas. Nem a vitória da direita espanhola deu alento à bosa de Madrid

Les Bourses sombrent, déprimées par les dettes publiques

Le CAC 40 a chuté de plus de 3%. Des commentaires de Moody's sur la France ont jeté un nouveau froid sur les marchés européens. Les investisseurs s'inquiétaient aussi du blocage politique sur la question de la dette à Washington.

Les Bourses européennes ont encore fortement baissé lundi 21 novembre, accablées par la montée des craintes sur les dettes souveraines. Les indices ont accusé leur cinquième chute en six séances

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21 de novembro de 2011

A vigarice à solta

A preços de mercado? Por que não diz agoa a banca...,mas ao preço hitórico dos últimos anos !!! Grande Lata!!!

A habilidade bancária para contribuinte ver.

A entrada do Estado nos bancos no âmbito da capitalização deve ser a preços de mercado, dizIia o Governador do Banco de Portugal e o PSD. A entrada do Estado nos bancos deve ser ao preço pelo que estão contabilizados os activos diz a banca.

Como a pretensão era escandalosa em excesso ,os espertos da banca resolveram a questão:

Sim pode ser a preços de mercado, mas não aos preços de hoje. Então a que preço? Ao preço histórico dos últimos anos!!!

Claro que o preço histórico dos últimos anos  é elastico .Estica até se aproximar do valor contabilístico. Uns artistas.

Mas pensam que nos comem por parvos? O mercado só funciona quando lhes interessa. Una vergonha.

19 de novembro de 2011

60% ou 30%

Bons Negócios !
Sem falar com os banqueiros o governo apresentou na Assembleia da República um diploma  sobre a capitalização da banca. Como era uma proposta e lei favorável aos banqueiros no seguimento da desvergonhada  declaração pública  do primeiro ministro de que o governo entrava com o dinheiro público mas que não interferia na gestão, pensaram que ela seria acolhida favoravelmente .
Mas os banqueiros querem tudo e como sabem que este é o seu governo resolveram esticar a corda reivindicando mesmo aquilo que vai ostensivamente contra os interesses do Estado.
Com toda a artilharia da comunicação social que dominam até chegaram a dizer que o  governo queria nacionalizar a banca, que queria introduzir golen shares  e outras malfeitorias que dariam para rir se o caso não fosse sério. A banca vítima deste governo!!!
Como era de  esperar  o governo acolheu as reclamações e prepara- se para ir ao encontro dos interesses dos banqueiros mesmo no que é claramente uma negociata contra o interesse público.
O ministro das finanças  que quando fala soletra já veio dizer  ,atente-se na forma, que o doploma vai sofrer uma "evolução significativa"...Uma evolução!,si-gni-fi-cati-va.!
Por sua vez o banqueiro Ulrich passando a mão pelo lombo do dito declarou comentando uma entrevista da Troika :"gostei muito de ouvir o ministro dsas Finanças,acho que é mais brilhante e competente e até tem mais sentido de humor que os senhores da troika" As palavras do ministro para o banqueiro são musica celestial !
Quais são as propostas dos banqueiros:
Que o Estado entre mudo e saia calado, que os títulos do Estado não diluam a posição dos restantes accionistas, que o prazo do apoio estatal seja superior aos três anos que constava do diploma ,que a entrada de capitais se faça não ao valor do mercado mas ao valor contabilistico, ao valor que os bancos têm contabilizado os seus títulos...Agora o mercado já não serve....
O que é que está em jogo?
se o Estado entrar entrar no capital dos três principais bancos cotados em bolsa , tomando como referência o valor do mercado dos bancos, o  Estado fica com 60% dos bancos,se entrar por via de acções ordinárias,com direitos especiais , ao preço contabilistico dos seus activos, como querem os banqueiros no montante previsto pela toika, o Estado ,ficaria a controlar em média cerca de 1/3 do capital dos três bancos...
E quem pagará a negociata  ?  As gorduras do estado , isto é os salários e os subsídios de natal e férias do ZÉ ! 


18 de novembro de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –35.2- COMPETITIVIDADE- I I

A concorrência não é emulação industrial é emulação comercial (…) a emulação industrial só existe com vista ao comércio. (1)
Um exemplo claro desta constatação é configurado pelas megaempresas de distribuição, que funcionam como mecanismos de extorquir mais valia a montante e a jusante, isto é, a produtores e a consumidores. Estas megaempresas foram impulsionadas pela competitividade, no seu fenómeno destrutivo mais evidente, mas também pela protecção estatal e a cedência a todas as suas exigências de expansão, processo donde não se excluiu a corrupção.
A empresa norte-americana Wal-Mart (um gigantesco oligopólio da área da distribuição) pode ser considerada um modelo de competitividade. Trata-se de uma das maiores empresas a nível mundial a par com as maiores petrolíferas e exemplo acabado dos processos do o actual modelo económico e social. O seu volume de negócios, que se expande por vários países muitas vezes com outra designação, excede o PIB de uma centena de países. Entre os 20 indivíduos mais ricos do planeta aparecem 4 pessoas da família Walton, totalizando uma fortuna de 83,6 mil milhões de dólares (Forbes - 2010). É também um exemplo de como estas megaempresas constituem um flagelo económico, social e ambiental.
Ambiental, pela poluição e depredação de recursos de que apenas um dos aspectos constitui o facto de milhares de camiões (mais de 7 000) estarem em circulação dia e noite ao seu serviço. Social, pela repressão nas empresas. Há especialistas para reprimir reivindicações e a organização sindical. A flexibilidade e a desregulamentação permitem a impunidade patronal. O direito à greve está na prática eliminado. A ética deste esquema resume-se a que para os trabalhadores “é melhor isto que nada”. Flagelo também económico, pelos baixos salários – muito altos para os dirigentes – pela pressão sobre os fornecedores, impondo reduções de preços e prazos tendo como consequência a redução dos salários e acrescidos ritmos de trabalho nestas empresas, transmitindo para montante a degradação das condições sociais.
Já lá vai o temo em que se afirmava: “O que é bom para a General Motors é bom para os EUA”. Hoje a Wal-Mart, está bem, mas os EUA estão mal, tal como por cá o sr. Belmiro ou o sr. Soares dos Santos, o sr. Amorim, estão bem, mas o país está mal, o mesmo se passando no Reino Unido, na França, na Itália ou na Alemanha. A Wal-Mart é um exemplo de como as grandes cadeias oligopolistas exercem o seu poder financeiro e de grande cliente obtendo toda a protecção estatal com o argumento de baixos preços (situação manipulada por publicidade enganadora) e de criar empregos – sem ter em conta os que destroem.
Diz-se que a competição ajuda a melhorar. Talvez, mas devemos analisar de que espécie de melhoria falamos. Que lei do mercado promove e defende direitos sociais? Que lei do mercado serve de guia à defesa da vida natural e do ambiente? Pura e simplesmente o mercado ignora estes aspetos ou não tem forma de os contemplar, face às necessidades da concorrência. Com razão já foi afirmado que o mel pode estar sujeito às leis do mercado, as abelhas não. Se a concorrência não respeita a vida natural, e por si não respeita, então é factor não de eficiência mas da maior ineficiência social.
A História Económica mostra que o desenvolvimento capitalista só foi conseguido contrariando os princípios do “mercado livre”, nomeadamente através de protecção aduaneira, subsídios do governo, intervenção do Estado, planeamento económico.
A concorrência, levada aos limites que a “economia de mercado” procura promover, leva à desvalorização dos mais importantes valores sociais, tornando-se neste sentido uma aberração.
Será então possível prescindir da emulação competitiva? Pensamos que não. Porém a competitividade tem de ser um elemento do progresso e não uma deformação dos comportamentos individuais e do todo social. Sob o impulso da revolução de Abril foram estabelecidas formas – que a contra-revolução logo liquidou – de melhoria da competitividade baseada na coordenação sectorial e na cooperação, através do planeamento democrático.
A emulação económica, a competitividade, a produtividade, têm de ser estimuladas por factores morais e materiais junto dos trabalhadores, não por maior exploração e insegurança, configurada na flexibilidade laboral, no trabalho sem direitos, nos objectivos neoliberais corporizados na Wal-Mart, entre tantos outros exemplos.
Diz-se que sem mercado livre não há verdadeira competição. Sem dúvida que o meu competidor pode ajudar a melhorar o meu desempenho. A questão porém é: quem controla os limites da competição? Aceitar os fundamentos do sistema e querer depois controlá-lo ou regulá-lo é como consumir drogas moderadamente. Chega-se a um ponto em que só há dois caminhos: ou se abandonam de vez ou se é por elas dominado. A actual fase do capitalismo, com a social-democracia a seguir o caminho de total cedência ao capitalismo neoliberal, mostra isto mesmo. De forma, que com este género de pensamento a sociedade vive unicamente de ditos valores subordinados ao máximo lucro – financeiro.
A concorrência, a competitividade, pode portanto ser criativa ou destrutiva. Será criativa quando for equilibrada pela cooperação e pela coordenação económica. E esta dimensão não pode ser dada pela acção do mercado, apenas pelo Estado desde que seja estabelecida uma política económica orientada por critérios de eficiência social e colectiva.
É destrutiva quando representa desemprego, repressão laboral e falências das MPME. Trata-se da “destruição criadora” do sr. Schumpeter, criadora sim, mas apenas de superlucros para o sector oligopolista.
A competitividade neoliberal com a cosmética de criar empregos, o que os factos totalmente desmentem, é feita, afinal, de engenharia financeira, técnicas de gestão com recurso à arbitrariedade, planeamento burocrático e repressivo e Estado mínimo ao serviço de “dumping” social (2)

1 - 1 – Marx,- Miséria da Filosofia -  p.130;
2 - Serge Halimi, “A Wal-Mart à conquista do mundo” – Le Monde Diplomatique – Janeiro.2006. Alguns dados sobre a Wal-Mart, foram também retirados deste artigo.

17 de novembro de 2011

Agora a Espanha

Só quando já têm as barbas a arder é que se dão conta que não é com estas medidas que ultrapassam a crise. Agora já muitos começam a dizer que a austeridade tem ido longe de mais e que só resta o BCE como "arma de defesa massiva " antes que a naú se afunde. Os ditos mercados continuam a especular e a ganhasr muito dinheiro à custa dos povos. Agora é a Espanha que entra no mar das tormentas com os empréstimos a atingir os 7%.
O que diz a imprensa financeira:

L'Espagne s'endette à 7%, du jamais vu depuis 1997

L'Espagne, où se tiennent des élections législatives ce dimanche, a dû concéder un taux d'intérêt proche de 7% pour placer ses obligations à 10 ans, dans un contexte de contagion généralisée de la zone euro.

« C'est une tragédie nationale. Plus personne ne nous prête », a réagi sur Twitter le directeur du quotidien « El Mundo », Pedro José Ramírez, dans les minutes qui ont suivi la clôture de l'adjudication espagnole.
E
Le Trésor a dû payer, jeudi 17 novembre, un taux d'intérêt moyen de 6,975% pour émettre 3,563 milliards d'euros d'obligations à 10 ans, soit le taux le plus élevé depuis la création de l'euro. L'Espagne n'a pas placé le maximum prévu (4 milliards d'euros), certainement dans le souci de ne pas vouloir dépasser la barre psychologique des 7%. C'est à partir de ce seuil que la Grèce, l'Irlande et le Portugal ont accédé à une aide financière internationale.L.E.
  
EL PAÍS

El BCE vuelve a salvar a España de adentrarse en la zona de rescate

La prima de riesgo se modera después de rozar los 500 puntos. El Tesoro coloca 3.562 millones a diez años a un interés del 7,088%

Disparado desde primera hora de la mañana, el diferencial con el bono alemán roza los 500 puntos y empieza a moderarse tras la compra de deuda del Banco Central Europeu

Zapatero exige respuestas al BCE y a la UE

Elena Salgado defiende que España no necesita ser rescatada

Francia sufre un aumento del coste para financiarse

MIGUEL MORA | París

El Tesoro francés vende 9.700 millones en deuda a precios más altos que nunca



[foto de la noticia]

España, en peligro al pagar su deuda al 7%

E. Hita | J. A. Navas | Madrid 
El Tesoro se ha visto obligado a pagar los mayores intereses desde el año 1997.
[foto de la noticia]

El BCE actúa y alivia la prima de riesgo

Víctor Martínez | Madrid 
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Tras situarse al borde de los 500 puntos, cierra en 460 puntos tras la compra de bonos del BCE.





Notas sobre a evolução do crédito concedido pelo sector financeiro às empresas


A partir dos dados disponibilizados pela central da responsabilidade de crédito do Banco de Portugal, é possível tirar algumas conclusões interessantes.

1. No final do 3º trimestre de 2011 o crédito concedido pelo sector financeiro às empresas atingiu os 118 674 milhões de euros. Este valor reflecte uma queda consecutiva em termos homólogos nos últimos 4 trimestres. Desde 2002, momento em que esta informação começou a ser recolhida pela central da responsabilidade de crédito do Banco de Portugal, apenas nos últimos 4 trimestres se verificou uma variação homóloga negativa.

2. Este crédito às empresas representou 43,6% do total do crédito concedido à economia, os restantes 56,4% correspondem ao crédito concedido a particulares.

3. O endividamento médio das empresas era no final de Setembro passado de 494 500 euros.

4. No final do 3º trimestre de 2011 a percentagem de incumprimento no crédito às empresas atingiu o seu valor mais elevado, 6,1% em termos nacionais. Em número a percentagem de empresas em incumprimento foi de quase ¼ do seu total (23,4%).

5. Analisando o peso do crédito concedido à indústria transformadora no total do crédito concedido às empresas desde 2002, concluímos que a maior percentagem do crédito concedido à indústria transformadora no total do crédito concedido, foi atingida no 1º trimestre de 2003 e foi de apenas 17,3% do crédito concedido. Desde então, não tem parado de baixar esse peso relativo, de tal forma que no final do 3º trimestre de 2011 esse peso era apenas de 13,2%. Vale a pena registar que esta percentagem corresponde em relação ao universo do crédito concedido ao total das empresas e particulares a uma percentagem de apenas 5,8%. A indústria transformadora absorvia pois no final do 3º trimestre de 2011 apenas 5,8% do crédito total do crédito concedido às empresas e particulares.

6. O crédito concedido às actividades imobiliárias ultrapassou, o peso do crédito à indústria, com 13,3% do total do crédito às empresas no final do 3º trimestre de 2011, o mesmo sucedendo com o comércio por grosso e a retalho, que representa hoje 13,8% do total.

7. O sector que desde sempre tem absorvido a maior fatia do crédito concedido às empresas tem sido inequivocamente, o sector da construção. No último trimestre de 2002 era de 21,1% do total, no 3º trimestre de 2011 foi de 20,5%.

8. A leitura do rácio do crédito vencido pelos vários sectores da indústria transformadora, mostra-nos no final do 3º trimestre de 2011 a situação dramática que já hoje enfrentam alguns sectores, com a incapacidade de fazerem face às prestações de crédito que subscreveram. Vejamos os casos mais significativos: na indústria do vestuário a percentagem de incumprimento de crédito no final do 3º trimestre de 2011 era de 16,5%, na indústria da madeira e cortiça, excepto mobiliário era de 14,1%, na indústria de fabricação do mobiliário e de colchões de 12%, na indústria de reparações e instalações de máquinas e equipamento 11,8%, na fabricação de têxteis era de 10,2% e na indústria de couro e dos produtos de couro de 9,8%.

9. A leitura do rácio do crédito vencido concedido pelo sector financeiro e por regiões, chama-nos à atenção para os níveis de incumprimento do volume de crédito concedido às empresas, o qual tendo atingido no 3º trimestre de 2011 o seu nível mais elevado de sempre, 6,1% a nível nacional, atingiu nalgumas regiões níveis de incumprimento bem mais elevados. Vejamos os casos mais significativos: na região de Setúbal o nível de incumprimento atingiu o seu valor mais elevado de sempre, 14,8% do total do crédito concedido às empresas desta região encontrava-se no final do 3º trimestre de 2011 em incumprimento, enquanto na região do Algarve esse nível era de 10,3%, na lezíria do Tejo era de 10,5%, na região Oeste de 9,6%, na região do Ave de 9,0%, em Entre o Douro e Vouga de 8,2%.

10. Por outro lado a análise do crédito vencido concedido às empresas, por escalões de crédito, permite-nos dizer que também neste caso no 3º trimestre de 2011 foi atingido, para qualquer escalão considerado, o nível mais elevado de incumprimento. Vejamos caso a caso a situação registada: no escalão de crédito concedido até 20 mil euros, 16,1% do crédito concedido está em incumprimento, no escalão de 20 mil a 50 mil euros a percentagem de incumprimento é de 13%, de 50 mil a 100 mil a percentagem é de 11,9%, de 100 mil a 200 mil euros a percentagem de incumprimento é de 10,5%, de 200 mil a 400 mil euros é de 9,2%, de 400 mil a 1 milhão de euros a percentagem de incumprimento é de 9,5%, 1 milhão a 5 milhões a percentagem é de 9,3% e acima de 5 milhões de euros essa percentagem de incumprimento é de 4%. Em síntese o nível de incumprimento do crédito concedido às empresas pelo sector financeiro atingiu no final do 3º trimestre o seu valor mais elevado (6,1%), este nível difere no entanto bastante consoante o escalão de crédito concedido. Quanto mais baixo é esse escalão, mais elevado é o nível de incumprimento atingido.

11. A análise do nº de empresas que em cada um dos escalões de crédito se encontrava em incumprimento no final do 3º trimestre de 2011, confirma em 1º lugar que neste trimestre se atingiu o mais elevado nº de empresas em incumprimento (23,4%) e que qualquer que seja o escalão de crédito em que se encontram as empresas, o nº de empresas em incumprimento é sempre superior a 21%, atingido a percentagem mais elevada de 25,4% nas empresas situadas no escalão de crédito inferior a 20 mil euros.

12. Sintetizando num parágrafo a leitura que é possível fazer dos dados disponibilizados pela central da responsabilidade de crédito do Banco de Portugal, pode dizer-se que apenas 43,6% do crédito concedido é a empresas, que apenas 5,8% do crédito é concedido a empresas da indústria transformadora e que as empresas atingiram no último trimestre o mais elevado nível de incumprimento no pagamento do crédito obtido junto do sector financeiro – 6,1% do volume de crédito e 23,4% do nº de empresas encontravam-se no final do 3º trimestre de 2011 em incumprimento -. Pode ainda concluir-se que o nível de incumprimento é tanto mais elevado quanto menor é o volume de crédito obtido, o que nos pode levar a concluir que ele afecta fundamentalmente as micro, pequenas e médias empresas.