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23 de novembro de 2011

Notas sobre o crédito concedido às famílias pelo sector financeiro

A partir dos dados disponibilizados pela central da responsabilidade de crédito do Banco de Portugal é possível concluir o seguinte:

1. No final do 3º trimestre de 2011, o montante de empréstimos concedidos às famílias era de 151 204 milhões de euros, tendo caído 1,4% em relação ao trimestre homólogo de 2010.
2. Deste montante total de empréstimos às famílias, 119 468 milhões (79% do total) dizem respeito a empréstimos à habitação e também eles caíram 0,2% em termos homólogos. O nº de famílias a que correspondia este montante total de empréstimos à habitação, no final do 3º trimestre de 2011, era de 2 463 985.
3. O montante de empréstimos às famílias para consumo era no final do 3º trimestre de 2011 de 31 736 milhões de euros, ou seja, 21% do total. Em termos homólogos o montante de empréstimos ao consumo caiu 5,9%. O nº de famílias a que correspondia este montante total de empréstimos para consumo, no final do 3º trimestre de 2011, era de 3 797 459.
4. O rácio de crédito vencido das famílias era no final do 3º trimestre de 3,7%, ou seja, do total de crédito concedido às famílias, 3,7% desse montante encontrava-se nesta altura em incumprimento. Desdobrando este incumprimento, pelo crédito à habitação e ao consumo verifica-se que ele é de 2,0% e 10,1% respectivamente.
5. O nº de famílias com crédito vencido (famílias em incumprimento) atingiu no final do 3º trimestre de 2011 os 668 874, destes 140 447 são famílias com crédito vencido à habitação.
6. Em conclusão estes dados provam que se é verdade que grande parte das famílias portuguesas se encontram hoje endividadas, também é verdade que isso se deve fundamentalmente ao facto de o terem feito para poderem ter acesso à habitação. Só desta forma milhões de famílias tiveram acesso a esse direito consagrado na Constituição da República. O endividamento das famílias resultou do facto de o Estado ter colocado a resolução das necessidades de habitação dos portugueses nas mãos de construtores civis, imobiliárias e sector financeiro, que aproveitaram essa oportunidade para acumular lucros sobre lucros ao longo das últimas décadas, ao mesmo tempo que em contrapartida as famílias se endividavam para o presente e para o futuro.

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