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28 de novembro de 2012

BANDIDOS E VIGARISTAS

A diferença entre o bandido e o vigarista é que o bandido reclama a bolsa ou a vida; o vigarista leva a bolsa procurando convencer que está a fazer um favor ao iludido, pelo processo do cheque sem cobertura (o vigésimo premiado caiu em desuso), o falso anel ou o falso relógio de ouro. Enfim, a imaginação e os truques dos vigaristas são imensos. Uns roubam pela ameaça – como no fascismo – outros procuram seduzir como agora ocorre.
A figura do vigarista não é menos perigosa que a do bandido; ambos apostam no isolamento e na divisão entre as pessoas, dizendo sempre que só procuram o seu bem, porém com um sabe-se com o que se conta, com o outro corre-se o risco de ir de ilusão em ilusão, até nada nos restar.
Na TV – e não só – pululam o que chamamos de vigaristas emplumados, gente que vem fazer propaganda do produto deteriorado que é o neoliberalismo. Falsamente independentes, são escutados atenta e respeitosamente sem contraditório, pelos srs. apresentadores.
Apresentam-se com as plumas de elevados intelectuais, gente profundamente empenhada nos problemas do país e das pessoas. Agora o que está a dar é criticar o governo e o OE, embora sempre reclamassem e aplaudissem o que agora criticam. Um deles foi ao ponto de dizer que a Alemanha dá-nos dinheiro, mas ele vai-se pelos bolsos furados do Estado. Conclusão: repensar (ou “refundar”) o Estado, isto é, mais privatizações, menos prestações sociais e finalmente mudar a Constituição.
Eis o cheque sem cobertura da direita e da extrema-direita que os vigaristas emplumados querem passar. Convencer as pessoas que querem o seu bem (até criticam o governo…) mas que vão abdicando de tudo o que o 25 de ABRIL lhes trouxe – e já não resta assim tanto como isso.
Aqui chegámos com a direita trazida ao colo pelo PS. Aquele PS no dizer do sr. Gaspar, “moderado” e “europeísta”. Bem se ser moderado e europeísta é o que se passa no país, estamos esclarecidos, não podemos ser uma coisa nem outra.
De facto, não sabemos onde pára o PS no meio de tudo isto, também critica, mas propõe o quê? Diga-se que o PS parece hoje o que o PSD parecia quando era oposição. Que ternura pelos “contribuintes” e pelos desempregados então mostrava.
Para já, sabemos bem onde estão o governo e os seus partidos: levam aos portugueses não só a bolsa mas também a vida, aprovam o cheque sem cobertura cobrado e a ser pago portugueses que é o OE de 2013, como foi o de 2012 (como foram os PEC, é bom não esquecer).
Cada qual que tire as suas conclusões.

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