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15 de novembro de 2012

CONTRA A GREVE

Os argumentos são os mesmos e antigos: “nunca é oportuna” e “nas atuais condições do país“, blá, blá. Já ouvia isto nos meus tempos de estudante.
Tal como no tempo do fascismo salazarento “os estudantes são para estudar”, “os trabalhadores são para trabalhar”. Portanto greves, reivindicações, nunca são “oportunas”. Tudo o que têm que fazer é trabalhar o mais possível para a minoria oligárquica fique cada vez mais rica – ao serviço da qual esteve o Teixeira dos Santos e agora está de serviço o gaguejante Gaspar.
Claro que fazer greve é legal! Têm o cuidado de repetir, mas não sei se estão a ver a contradição: é legal, mas não se deve fazer. Claro que nem tudo o que é legal é ético – seria preciso que as leis o fossem. Só banqueiros podem fazer coisas ilegais e imorais, que fica tudo bem e nós pagamos. Podem mesmo continuar a fazer parte do Conselho de Estado, escolhidos pela nulidade de Belém, em acentuada competição neste domínio, com o fascista Tomás,que o 25 de ABRIL correu de lá para fora.
O caso dos estivadores é exemplar de como agem os neoliberais: aqui o “menos Estado” deixa cair a tanga e o governo prepara-se para decretar serviços mínimos se não se fizer a vontade à troika. Sim, porque isto estava previsto: O “governo tem de assegurar a moderação salarial” e uma das medidas para o sector dos portos seria o fim dos direitos que os trabalhadores portuários possam ter para além da Lei geral. (p.114 do IMF Country Report No. 12/77 - 2012 April 4, 2012) (1) Para a troika, em nome dos “mercados”, o governo não deve interferir “no livre movimento de capitais”, porém deve introduzir reformas no processo de discussão coletiva de salários” (collective wage bargaining).
E aqui estão os “superiores interesses da nação” ao jeito fascista defendidos pelo PSD e CDS. Lá dizia o sr. Pires de Lima que devia ser a troika a obrigar os partidos a mudarem a Constituição. Eis como lhes cai a máscara liberal e democrata cristã, quando toca a música da oligarquia. Faz-lhes falta uma Constituição que torne ilegais, tal como no fascismo, as liberdades da própria Constituição, que ficarvam sempre “de acordo com o expresso na lei”.
Mas recordemos outro aspetos aos preocupados as greves, mas que acham que se deve colaborar com uma economia que põe no desemprego mais de 500 trabalhadores por dia. Nos países capitalistas mais ricos nos anos onde houve aumentos do nível de vida, crescimento económico, emprego, conquista de regalias sociais, progresso social e cultural, foram anos de grandes e muitas lutas sociais e greves.
Como disse Arménio Carlos: esta greve não foi apenas de protesto, foi também de propostas. Na realidade, a verdadeira e mais profunda natureza de uma greve é não apenas lutar por menos exploração, mas ter como horizonte o fim da exploração.
1 – Ver: Representantes do Império em inspeção a uma província: “IMF country report nº 12/77 – odiario.info - 26.abr.12

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