Ensinaram-me há muito, era jovem, que nunca devemos
aceitar dilemas. Descobri mais tarde que isto era uma das regras básicas não só
de qualquer negociação, mas da própria vida.
Sem argumentos válidos, o governo e as catatuas políticas
dos seus deputados, ou se refugiam carpindo culpas ao PS do que sempre apoiaram
ou se abstiveram ou ousam a tática do terrorismo emocional com o dilema: ou a
troika ou o caos.
Trata-se no entanto de um falso dilema: a troika e
este governo, são por si o caos. Em 2013 os encargos com a dívida pública
atingem 8,6 mil milhões de euros, algo como 5% do PIB, para os pagar – sem cair
no caos – seria necessário que o país crescesse no mínimo dos mínimos 6 ou 7%. Absolutamente
impensável, com esta UE e os seus tratados de “estabilidade e crescimento” (!?).
Sabemos que 32% da dívida pública atual foi
contraída após a “ajuda” da troika; em 2010, os juros representavam 2,7% do
PIB, agora graças à “ajuda” atingem mais de 4% do PIB; o investimento
reduziu-se 13% em 2 anos; Portugal é o país europeu com maior crescimento do
desemprego e aumento de dívida pública em percentagem do PIB; de menos de 100% do
PIB de endividamento do Estado, passaremos em 2013 a mais de 120%.
Estamos no caos económico e social, governados por
uma camada da falsários – a começar pelo de Belém - cujo objetivo único é
destruir a Constituição, instaurando o caos, pondo o país perante falsos
dilemas, procurando vencer resistências pelo cansaço, e instaurar “de jure” uma
ditadura oligárquica (passe o pleonasmo), que à semelhança da salazarista, contorne
por decretos-leis as liberdades e garantias dos cidadãos.
Fazendo este jogo, comentadores continuam a
criticar “os políticos” por não apresentarem alternativas. De facto, são incuráveis
cegos e surdos a tudo o que não venha do “arco governamental”, os partidos da
troika – PS, PSD CDS – antecipando a sua tão desejada revisão constitucional, que
torne o regime saído do 25 de ABRIL uma mascarada de democracia.
As alternativas propostas à esquerda podem
parecer-lhes erradas, digam o que quiserem, pois só por exceção falam com
contraditório, porém dizer que não existem é ignorância ou má-fé. O que,
diga-se, na atual comunicação social, parece passar por virtudes…
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