Linha de separação


2 de novembro de 2012

MISTÉRIOS, RESTA UM…


A presença da troika para “redefinir as funções do Estado”, fez cair todas as máscaras da direita, apostada na destruição do regime constitucional do 25 de ABRIL e na instauração de um neofascismo. Agora o único mistério é se o PS se irá acomodar e, para além da verborreia eleitoralista, ceder – como até aqui – à oligarquia deste país.
A intervenção d a “troika” em Portugal ficará como uma das mais negras páginas da História de Portugal exemplo de submissão a interesses estrangeiros e degradação dos interesses nacionais. Tratou-se de uma das mais maquiavélicas opções políticas da nossa História. A preparação deste verdadeiro golpe de Estado teve a colaboração de um PS rendido ao “paradigma” neoliberal e a uma acrítica e acéfala sujeição a todos os ditames da UE. O governo Sócrates e Teixeira dos Santos preparou o caminho e forneceu todos os alibis a esta direita.
A grande burguesia nacional sabia que por si só não era capaz de destruir o regime democrático do 25 de ABRIL, estruturalmente antimonopolista. Preparou-se então com a intervenção externa o caminho revanchista numa encenação de pseudo salvamento, para instituir o seu objetivo de há muito: “uma democracia musculada” e “partir a espinha” aos sindicatos.
Uma orquestração mediática em grande escala intoxicou a opinião pública, eliminando vozes discordantes, instituindo analistas abertamente antirregime constitucional ou promovendo a confusão sobre os seus fundamentos.
O grande argumento foi sempre não haver dinheiro para pagar salários e reformas, saúde, etc. O argumento propagandeado para a intervenção era já de si escandaloso, “ganhar a confiança dos mercados” ou “não temos dinheiro”. Falso. Em 3 anos os juros da dívida pública deram um lucro de 3 828 milhões de euros aos bancos nacionais; no período 2008-2011 foram transferidos para o exterior 74 942 milhões de euros.
Não havia dinheiro para pagar salários, pensões e reformas, mas havia para as intocáveis PPP, salvar banqueiros fraudulentos do BPN, BBP e outros, benefícios fiscais para a banca e grande capital, para entregar ao desbarato empresas públicas altamente lucrativas (aumentado portanto o défice do Estado), permitir o “off-shore” da madeira, a saída de lucros e rendimentos para paraísos fiscais, taxar transações financeiras e mais-valias mobiliárias, etc., etc.
Recomendamos a consulta do doc."Propostas da CGTP para outro Orçamento”, podemos aí verificar, por exemplo, que seria possível poupar em juros de dívida, com empréstimos à taxa do BCE e não da finança especuladora 6 404 milhões de euros e com os fim dos benefícios fiscais ao sector financeiro e monopolistas – cerca de 4 196 milhões de euros. Não há dinheiro? Para quem?

Sem comentários: