É significativo que Macron, que tem demonstrado ser uma nulidade intelectual e política, de repente fale:
- de que ocorre “uma transformação, uma recomposição geopolítica e estratégica. Provavelmente, estamos enfrentando o fim da hegemonia
ocidental no mundo.”
- dos “erros dos ocidentais em certas crises, pelas escolhas, também americanas durante vários anos e que não começaram com esse governo, mas que nos
levaram a rever algumas implicações em conflitos no Médio Oriente e em outros lugares, e a repensar uma estratégia profunda, diplomática e militar, e às vezes elementos de solidariedade
que julgávamos intangíveis mas que hoje mudaram.
- do “surgimento de novos poderes, cujo impacto provavelmente subestimamos há muito tempo. A China na vanguarda, mas também a estratégia que a Rússia
liderou, é preciso dizer, nos últimos anos com mais sucesso.
- que a “Índia, Rússia e China, têm uma inspiração política muito mais forte do que os europeus de hoje. Eles pensam que o mundo tem uma
lógica real, uma filosofia verdadeira, um imaginário que perdemos um pouco.”
Macron refere o insucesso relativo do G7. Um mundo onde os conflitos se multiplicam. “uma ordem em que nossa segurança e organização se baseia e está
desaparecendo.” Os tratados de controle de armas, que também vinham do fim da Guerra Fria, estão sendo abandonados. Macron distancia-se claramente dos EUA, na questão do Irão, das relações com a Rússia, do fim do tratado INF (misseis de médio alcance) “porque
os mísseis retornariam sobre o nosso território.”
É necessário apreciar os contextos deste discurso, que reflete as preocupações da burguesia francesa e por certo alemã. A França está
em estagnação deste a adoção do euro. Que surpresa! De 2000 a 2018 o crescimento médio anual foi inferior a 1,3%, mas de 2008 a 2018 apenas 0, 86%. A BC de bens, positiva antes de 2000, atingiu
em 2018 um défice de 76,7 mil milhões de euros! (dados AMECO) Acrescente-se o atraso tecnológico da França face a parceiros e “inimigos”. Além disto a agitação social,
o descrédito total dos políticos do sistema, a ascensão da direita chauvinista e antiliberal, o descrédito da UE, coloca a burguesia, não só francesa, no “fio da navalha”.
Macron é o porta-voz de serviço da oligarquia francesa, portanto o que diz reflete as “angústias” pelos fracassos imperialistas e neocoloniais, até no campo militar:
o Ocidente não consegue ganhar nenhuma das guerras em que se envolveu: criou caos, endividou-se, liquidou comércio necessário para contrariar a tendencial queda da taxa de lucro.
Tanto nos aspetos de política internacional, como nas relações de soberania, migrações, controlo de fronteiras, críticas à
“economia de mercado” e à UE, o que encontramos repete o programa da sra. Marine le Pen, e do seu protofascismo! Mas “o fascismo não é o contrário da democracia burguesa é a sua evolução em tempos de crise"
(B. Brecht)
Portanto não surpreende que a burguesia francesa mande Macron roubar o programa da le Pen, È que Macron é um homem que a oligarquia escolheu e controla, coisa que
não têm por garantido com Marine le Pen!
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