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21 de outubro de 2021

Navalny, o prémio Sakarov e a UE

A UE não encontrou agora nada melhor que atribuir o prémio Sakarov a Navalny, “ “em nome da liberdade de expressão.” Já aqui falámos de Navalny, um ativista de extrema-direita, racista e xenófobo, ex-destacado elemento do neoliberal Yabloco, partido apoiante de Yeltsin, que nas últimas eleições não conseguiu eleger ninguém para o Parlamento. No seu currículo consta um curso na universidade de Yale.

A UE considera-o “líder da oposição a Putin” e perseguido por combater a corrupção. A realidade é bem diferente: apenas 2% o apoiariam se agora concorresse à presidência. Quanto à corrupção ele próprio foi condenado por corrupção e está preso por violação da liberdade condicional. Nunca no Ocidente foi contestada com argumentos a legalidade da detenção.

Também já aqui falámos do resultado das eleições na Rússia, tema totalmente escamoteado pelos média, bastando-lhes ter considerado – antes de se realizarem – que seriam fraudulentas. Seja na Venezuela, na Rússia, Bielorrússia ou em qualquer outra parte do mundo quando não ganham candidatos apoiados pelos EUA… são fraudulentas. Como se sabe, o líder da oposição a Putin é o Partido Comunista da Federação Russa. Aliás oposição parcial, dado que nem a UE nem a NATO nada podem contar por esse lado. Obviamente.

Os objetivos da UE e NATO são encontrar novos Yeltsin ou Gorbatchov (também servia) para destruir a Rússia como foi tentado. O objetivo já tinha sido definido por Goebbels: “A R… deve ser dividida nos seus componentes. Não se pode tolerar a existência a Leste de um Estado tão vasto.” (Diário, 24 maio de 1941).

O que é degradante é estes presumidos defensores da democracia e da liberdade de expressão ignorarem totalmente Julian Assange, as suas condições de detenção que configuram assassínio premeditado. Nem mesmo o facto de 24 organizações de defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos pedirem o fim das acusações contra Assange. Nem mesmo o facto de  uma testemunha chave contra  Assange se encontrar detido na Islândia, por, designadamente, atos de pedofilia. Numa entrevista declarou que tinha sido recrutado pelas autoridades dos EUA e recebido imunidade por parte do FBI para montar um dossier contra Assange, fazendo crer que era um dos seus colaboradores próximos.

Será que algum dos grandes media referiu isto? Será que na UE os bonzos ao serviço da oligarquia não tiveram pejo em se sujar com um desacreditado instrumento de intoxicação de consciências como Navalny, ignorando um homem vitima do seu humanismo e consciência, que denunciou crimes cometidos pela NATO? Lamentavelmente, o seu caso sendo mais gritante não é único.

A UE a braços com uma crise económica e social, com países em confronto com Bruxelas, em estagnação económica há 20 anos, instabilidade política na generalidade dos países, não encontra nada melhor para fazer que hostilizar a Rússia. A UE está transformada em mera sucursal dos belicistas de Washington. No PE uma maioria assumiu a agressividade em propostas – que secundam a NATO – para aumentar a agressividade contra a Rússia e também contra a China.

Em vez de, mesmo do ponto de vista capitalista - procurar relações estáveis e mutuamente vantajosas, em primeiro lugar com os países mais próximos, lançou para o caos países como a Líbia e o Iraque, apoia a agressão à Síria, aplica sanções ao Irão, à Rússia, à Bielorrússia, alia-se aos nazifascistas da Ucrânia. No Norte de África hostiliza a Argélia, por exemplo. Pretende bloquear – um desiderato de Washington – o funcionamento em pleno do novo gasoduto Nord Stream 2. Como se a UE não vivesse já uma crise energética não tendo a mínima ideia como resolver.

Ainda não se aperceberam que a Europa se está a tornar a Península Ocidental da Grande Eurásia comandada pela Rússia e pela China (Europe as the Western Peninsula of Greater Eurasia: Geoeconomic Regions in a Multipolar World). (1) Os burocratas de Bruxelas, escravos do atlantismo são incapazes de compreender o potencial da Grande Eurásia. Na cegueira que ocorre nos grandes declínios os media ajudam a esta tão imbecil como infame orquestração, ignorando as vítimas destas políticas.

1 - A Eurásia toma forma: Como a SCO acaba de inverter a ordem mundial (resistir.info)

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