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16 de junho de 2022

As decisões, as consequências e a dupla moral

 Nem a NATO nem a UE se responsabilizam por nada do que fizeram ao expandir a NATO, pelas misérias da "terapia de choque" neoliberal na Rússia, por motivar o separatismo da Chechénia na Federação Russa, sabotar os acordos de Minsk, fazer um golpe de Estado na Ucrânia contra a ligação à Rússia, fomentar e financiar grupos nacionalistas nazis tendo como referência o SS ucraniano Stepan Bandera, responsável pela morte de mais de um milhão de judeus soviéticos. Como não se responsabilizam pelas 14 000 mortes em ataques à RPL e à RPD após 2014.

A longamente preparada invasão daquelas Republicas, a que na mente delirante dos estrategas NATO se seguiria a Crimeia, foi frustrada bem como as "revoluções coloridas" ou agressões à Bielorrússia, Cazaquistão, Arménia, Síria.

Perante o fracasso das suas decisões, e a derrota do exército ucraniano/NATO que sobrevive com métodos semelhantes aos da Alemanha nazi na sua fase final, NATO e UE, perderam o idiótico triunfalismo do início e fazem-se de vítimas de um dito imperialismo russo. A Rússia estaria a controlar e invadir espaços que a NATO e UE consideram seus, como se todo o mundo tivesse de lhes pertencer e subordinar-se à sua esfera de interesses, fazendo tábua rasa de que desde o século IX até 1991 no todo ou grande parte da Ucrânia fez parte da Rússia/URSS.

A lógica da NATO é que se um país desejar pertencer à Aliança, trata-se de uma decisão soberana e se alguém interferir é uma agressão. Verdadeiro? Não, falso. O princípio da OSCE é que nenhum país tem o direito de aumentar a sua segurança, à custa da segurança de outros. Para os EUA/NATO a sua zona de segurança é o mundo inteiro. Colocarem bases da NATO nas fronteiras da Rússia era medida de defesa, a Rússia fazer manobras e deslocar tropas no seu território era agressão. Para os filósofos do século XVIII, um princípio só é moral se a sua aplicação poder ser universal, não há assim confundir hábitos com ética. Se aquele princípio de soberania é moralmente válido, então os EUA teriam de aceitar que Cuba, Venezuela, Nicarágua ou México pudessem por decisão soberana instalar no seu território bases russas ou chinesas. Será o caso?!

Estamos perante o critério da dupla moral, que é característica do imperialismo, colonialismo, racismo, em resumo, fascismo. Por isso, as centenas de milhares de mortes civis, destruição e caos em diferentes países, pelas ações EUA/NATO nunca foram consideradas crimes de guerra pelos "comentadores".

Mas para o resto do mundo o ocidente é cada vez menos credível, vendo a sua degradação económica, social e impotência militar perante a Rússia. Isto mesmo lembrou o ministro das Relações Exteriores da Índia aos europeus que os seus problemas não são os problemas do mundo inteiro...

A guerra psicológica procura abafar o que acontece no terreno. Embora os astronómicos gastos militares dos EUA não tenham podido alcançar nenhum dos objetivos pós 11/9/2001, exceto criar o caos e desenvolver forças centrífugas ao seu poder, excitados  "comentadores" dizem que "a Rússia tem de ser derrotada", "Kiev tem de juntar-se às nações democráticas da UE, para liquidar qualquer ilusão de Putin", "se o CE empatar a Ucrânia, então Putin ganhará esta guerra", etc. 

É espantosa a ligeireza como gente que demonstra não ter a mínima ideia de planeamento tático ou logística militar, fale como se se tratasse de um jogo de campeonato contra outra equipa... sem medir as consequências. Como pensam derrotar a Rússia? Ou fazer a Ucrânia entrar na UE?

Os mesmo que desprezaram e escamotearam da opinião pública a proposta russa de um tratado de segurança na Europa, são os mesmos que agora se excitam com a "expansão do imperialismo russo", repetindo as anteriores falácias contra a URSS. Por isso: Ucrânia na UE e NATO na Ucrânia, já! E para eles tudo bem, mandam-se as armas mais avançadas dos EUA e que vão morrendo mais uns ucranianos e russos.

Para estes excitados na "defesa da democracia na Ucrânia" os nazis ucranianos são modelos de democratas... O que é espantoso é não exigirem o envio das tropas dos seus países para a frente de combate. Já! Mas defendendo a entrada da Ucrânia na UE não teria isso de acontecer ou trata-se de pura hipocrisia já que primeiro a Rússia deveria ser derrotada? Como, quando e por quem?

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