Nem sequer aceitam actualizações quanto mais aumentos de salários e pensões
Inflação em Maio nos 8% em termos homólogos
O INE, divulgou hoje a estimativa rápida da inflação para o corrente mês de Maio e, quando tudo levava a crer poder registar-se algum abrandamento no ritmo de crescimento da inflação, a inflação homóloga continua a crescer ininterruptamente desde Setembro do ano passado. O valor registado em Maio na inflação homóloga é o mais elevado registado desde Fevereiro de 1993.
A inflação anualizada, isto é, a inflação registada em Maio considerando este, o mês do fim de ano, foi de 3,4%, quando em 2021 essa mesma inflação anual foi de 1,3%. Considerando os valores da inflação homóloga nos cinco primeiros meses do ano, essa inflação média foi de 5,6%.
Tal como nos meses anteriores, para esta forte subida da inflação, os maiores contributos vêm dos produtos alimentares não transformados que em Maio cresceram em termos homólogos 11,7%, depois de em Abril terem crescido 9,4% e, dos produtos energéticos que cresceram 27,3%, depois de em Abril terem crescido 26,7%.
Mas a subida dos preços não se reflecte apenas nas subidas dos preços destes dois tipos de bens – produtos alimentares e produtos energéticos – dada a sua importância transversal a toda a nossa economia, a chamada inflação subjacente, isto é a inflação sem considerar estes dois tipos de bens também não pára de crescer. Essa inflação homóloga era de 5,0% em Abril para agora em Maio atingir os 5,6%.
Passados cinco meses do ano de 2002, a questão que se nos coloca é a de procurarmos perspectivar com estes ritmos de crescimento da inflação homóloga nos próximos meses, qual será a inflação anual neste ano, já que será com esse valor da inflação que se irá negociar os aumentos salariais e de pensões para 2023.
Ensaiámos várias hipóteses para a evolução da inflação homóloga nos restantes meses de 2022 e concluímos o seguinte:
Mesmo que por milagre a inflação homóloga fosse de 0% nos próximos 7 meses do ano, a inflação anual em 2022 seria já de 2,3%;
Se a inflação nos próximos sete meses variar em termos homólogos de forma idêntica ao ano de 2021, o que também me não me parece nada provável, a inflação anual de 2022 seria de 3,3%.
Se a inflação nos próximos sete meses variar em termos homólogos ao mesmo ritmo da média dos primeiros cinco meses do ano (5,6%), a inflação anual em 2022 será de 5,6%.
Finalmente se a variação homóloga nos próximos sete meses for idêntica à registada neste mês de Maio (8%), a inflação anual em 2022 será de 7,0%.
Postas estas várias hipóteses para a evolução da inflação homóloga nos meses que restam do corrente ano, parece-me bastante provável podermos terminar o ano de 2022 com uma inflação anual em torno do intervalo dos 5 a 6%. É claro que a inflação só se situará neste intervalo se se verificar um abrandamento nos meses que restam do ano. O que pode ser previsível tendo em conta que a inflação homóloga iniciou o seu ritmo de aceleração no 2º semestre de 2021. Mas se isso não acontecer então poderemos ter uma situação de completo descontrolo dos níveis de inflação no nosso país, com a inflação a atingir níveis anuais que nos levam para os níveis registados nos anos 80 e inicio dos anos 90.
CAE, 31 de Maio de 2022
José Alberto Lourenço
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