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2 de janeiro de 2012

Um Presidente ao serviço do Governo

Decididamente os portugueses mereciam muito mais do Presidente da República que há poucos meses reelegeram.
Dois dias depois de ter promulgado o Orçamento de Estado para 2012, certamente sem dúvidas quanto à sua constitucionalidade, a mensagem de ano novo do Senhor Presidente da República foi uma mensagem de resignação em relação à situação económica e social que vivemos, de hipocrisia em relação àqueles que mais sofrem com a situação actual, de concordância com as políticas seguidas pelo actual Governo e de justificação da sua inevitabilidade. Desta vez ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o Sr. Presidente não só não referiu em sentido crítico o nº de desempregados em 2011 e a subida vertiginosa do desemprego jovem, como se preocupou em nos preparar para mais subidas do desemprego nos próximos tempos, vá lá saber-se porquê.
A coesão, a concertação, o diálogo, o compromisso e a solidariedade preenchem grande parte desta mensagem cinzenta, procurando desta forma amaciar a mais do que previsível contestação social, que não deixará de marcar o ano de 2012, perante a catadupa de ataques aos direitos dos trabalhadores e das suas famílias, que o actual governo se prepara para desferir.
Como se tudo isto não bastasse já, o Presidente da República repete o discurso do Governo, do excesso de consumo e da responsabilização de todos pela situação que vivemos, como se não tivesse havido quem tivesse ganho muito com ela, em particular os grandes grupos económicos e financeiros e alguns investidores particulares, a quem foram dadas especiais benesses em certos Bancos da nossa praça, BPN, BPP, BCP, etc, e que agora querem que todos nós paguemos.
Sabendo todos nós o que nos espera para 2012, teria feito muito melhor o Presidente da República se nos tivesse poupado a esta mensagem de ano novo.

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