Afinal sempre houve alguém que levantou as questões das transferências e houve alguém que sempre as ocultou
"Maria Luís Albuquerque colaborou objetivamente enquanto ministra das Finanças na ocultação aos deputados de informação sobre transferências financeiras para offshores.
Ao longo da legislatura passada, o PCP foi insistindo com o governo PSD-CDS para saber o volume dessas transferências (já que a informação havia deixado de ser publicada no Portal das Finanças, sabe-se agora que por determinação do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio).
Só que a certa altura no processo de correspondência entre os comunistas e o executivo surge um documento assinado pela chefe de gabinete da ministra. Em 28 de janeiro de 2015, o PCP faz várias perguntas, entre as quais esta: "Em 2013, qual o fluxo de capitais portugueses para paraísos fiscais?" Dois meses depois - em 27 de março de 2014 - o deputado comunista Paulo Sá insiste diretamente perante a ministra Maria Luís Albuquerque, numa audiência na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças. O gabinete da ministra responderia por escrito no mesmo dia, num ofício dirigido ao presidente da comissão, o socialista Eduardo Cabrita, que este depois faria chegar ao PCP - e a que o DN teve ontem acesso. No último parágrafo do ofício, assinado por Cristina Sofia Dias, então chefe de gabinete da ministra, lê-se: "O valor global de transferências em 2013 incluído nas declarações Modelo 38 - Declaração de Transferências Fronteiriças - submetidas foi de mil e seiscentos [1600] milhões de euros." Acrescentando, a rematar: "No entanto, nem todas as transferências contidas nesta declaração são para paraísos fiscais."
DN
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