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31 de março de 2017

Montepio

Há muito que o regulador tinha informação e documentos para intervir , mas mais uma vez deixou a situação apodrecer . Carlos Costa é sem dúvida um dos grandes coveiros da banca nacional.
Publicamos a intervenção de Eugénio , uma peça importante para se avaliar a situação :

"ASSEMBLEIA GERAL (Ordinária) DO MONTEPIO GERAL-ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA REALIZADA NO COLISEU EM LISBOA NO DIA 30-3-2017
Estiveram presentes 1.418 associados INTERVENÇÃO FEITA POR EUGÉNIO ROSA NA ASSEMBLEIA
Associadas e associados
O Montepio enfrenta uma situação difícil. É necessário haver muita serenidade mas é também muito necessário falar com verdade aos associados. A cortina de mentiras que a administração tem envolvido a gestão do Montepio tem que ser afastada para se poder ficar a conhecer a verdadeira situação, pois só assim é que poderemos, em conjunto, resolver os problemas que enfrentamos.
Desde 2012, tenho alertado os associados para os atos de má gestão. Muitos, na altura, não acreditaram nos meus alertas, mas as consequências estão agora à vista para todos.
Tomás Correia tem procurado desvalorizar a importância das contas consolidadas com o objetivo de assim ocultar aos associados as consequências da sua gestão desastrosa. Chegou mesmo a recusar cumprir a lei que o obrigava a publicá-las durante mais de um ano, perante a passividade do supervisor que nada fez.
E as contas consolidadas são fundamentais para os associados conhecerem a verdadeira situação do Montepio. Num grupo, como é o Montepio, com mais de 20 empresas, é fácil, tal como sucedeu, no BES/GES, fazer aparecer lucros numa empresa à custa de prejuízos em outras empresas. Só através da conta consolidada da MG- Associação Mutualista, como entidade-mãe, é que são anuladas estas transações entre as empresas do mesmo grupo e então a verdadeira situação da Associação Mutualista torna-se clara.
A SITUAÇÃO DA CAIXA ECONÓMICA- MONTEPIO GERAL DURANTE O TEMPO DA ADMINISTRAÇÃO DE TOMÁS CORREIA SEGUNDO DADOS DOS RELATÓRIOS E CONTAS
Uma das empresas mais importantes do grupo Montepio, onde está a maior parcela dos fundos da Associação Mutualista (mais de 80%), é a Caixa Económica por isso a sua recuperação é fundamental para todos os associados, daí também o meu grande empenhamento em defendê-la.
Em 2011, a Associação Mutualista lançou uma OPA sobre o FINIBANCO tendo pago 341 milhões €, montante esse que depois se revelou ser bastante superior ao seu verdadeiro valor. Eu votei contra esta aquisição. Em 2012, a Associação Mutualista recapitalizou a Caixa Económica com 450 milhões €, e esta “comprou” depois o FINIBANCO à Associação Mutualista.
Esta absorção do FINIBANCO pela Caixa Económica- Montepio, associada à gestão desastrosa da administração de Tomás Correia, querendo-a transformar num banco de empresas, e nomeadamente de grandes empresas, e ainda por cima em período de crise económica e de intervenção da “troika”, foi desastrosa para o Montepio.
Entre 2012 e 2015, com a administração de Tomás Correia segundo os Relatórios e Contas
  •   A Caixa Económica registou 1.253 milhões € de imparidades pelo mau credito concedido, sendo as imparidades totais atingido 1600 milhões se incluirmos os outros ativos
  •   A Caixa Económica abateu (teve de abater) ao ativo do seu Balanço 1.074 milhões € de credito por se ter concluído que não seria recebido;
  •   A Caixa Económica acumulou, neste período, 718 milhões € de prejuízos.
    Para cobrir esta enorme destruição de valor, a Associação Mutualista teve de recapitalizar a Caixa Económica com 720 milhões €, para além dos 450 milhões € que teve também de entrar para a compra do FINIBANCO
    No fim 2015, a administração de Tomás Correia responsável por este ciclo de prejuízos foi afastada e substituída por um novo conselho de administração, e por um conselho de supervisão que fiscaliza efetivamente o conselho de administração, o que não acontecia com o anterior onde a maioria era submissa a Tomás Correia e não competente, daí também a razão (não a única) dos elevados prejuízos.
    Com a entrada em funções de uma nova administração e de um novo conselho de supervisão, a
estratégia da Caixa Económica-Montepio Geral foi alterada, voltando ao seu ADN original (banco de credito à habitação, às famílias, às PME ́s e às instituições da área social, e não às empresas e, nomeadamente, às grandes empresas como pretendia a administração de Tomás Correia).
Em 2016, como consequência desta nova estratégia, os prejuízos da Caixa Económica já foram cerca de 1/3 dos verificados em 2015, último ano da administração de Tomás Correia, e prevê-se que, em 2017, apresente já resultados positivos, mas só no fim de ano é que se terá a certeza pois a herança deixada pela anterior administração ainda pesa muito e o ambiente económico para o negócio bancário ainda é muito difícil e está ainda muito deprimido.
Esta inversão na politica de gestão da Caixa Económica, portanto para uma gestão mais cautelosa e prudente, associada à segurança do Fundo de Garantia de Depósitos que, à semelhança do que acontece com qualquer banco, também se aplica à Caixa Económica, é que pode garantir segurança aos associados e clientes,
A SITUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA COM A ADMINISTRAÇÃO DE TOMÁS CORREIA SEGUNDO DADOS DOS RELATÓRIOS E CONTAS CONSOLIDADAS
Nos três últimos anos (2013 -2015), que já foram divulgadas contas consolidadas (faltam as de 2016), a Associação Mutualista acumulou 754 milhões € de prejuízos.
Entre 2012 e 2015, os Capitais Próprios Totais, que é a diferença entre o ATIVO e o PASSIVO, da Associação Mutualista, diminuíram de 883,7 milhões € para apenas 29,9 milhões €, ou seja, perdeu-se 853,8 milhões €, o que é preocupante.
Se limitarmos a análise aquilo que apenas pertence à Associação Mutualista, a redução dos Capitais Próprios, no mesmo período, foi de 870,8 milhões € positivos para 107,5 milhões € negativos como informou a KPMG, que é a empresa auditora, o que é ainda mais preocupante
Contrariamente ao que afirmou alguma comunicação social a Associação Mutualista não estava falida no fim de 2015, pois nessa data o seu Ativo era ainda superior ao seu Passivo em 29,9 milhões €, o que estava era consideravelmente debilitada,
Quem sofreu também com toda esta má gestão da administração de Tomás Correia foram os trabalhadores do Montepio que têm as suas remunerações congeladas desde 2010 e a sua idade de acesso à reforma foi aumentada, e os associados cujas poupanças tiveram rentabilidades irrisórias ou nulas, e o Montepio que viu a confiança que depositavam nele os portugueses degradar-se. É importante que não se esqueçam disto, e não se deixem seduzir pelas palavras de Tomás Correia que tenta branquear e fazer esquecer tudo isto.
É PRECISO QUE A ADMINISTRAÇÃO DE TOMÁS CORREIA SEJA AFASTADA DO MONTEPIO
Muitos associados têm-me perguntado se é possível recuperar a Associação Mutualista da enorme destruição de valor que sofreu e que provamos anteriormente? A minha resposta é
afirmativa, mas não com a administração de Tomás Correia.
O atual presidente, pela destruição de valor e de confiança que já causou ao Montepio, pela sua cegueira e falta de competência que já deu provas, e pelo facto de ser arguido em vários processos, NÃO É A PESSOA CAPAZ E ADEQUADA PARA INSPIRAR CONFIANÇA AOS ASSOCIADOS E PARA RECUPERAR O MONTEPIO.
Penso que seria um ato de dignidade da sua parte, ele próprio se demitir, e afastar -se do Montepio para poupar a este um maior desgaste e destruição de valor e confiança.
A QUESTÃO QUE COLOCO AOS ASSOCIADOS PARA REFLEXÃO É ESTA: Deve continuar como presidente do Montepio Geral- Associação Mutualista uma pessoa que tem já 4 processos levantados pelas autoridades, sendo UM deles por não ter acautelado devidamente os interesses da Caixa Económica e, consequentemente, dos associados, concedendo um elevado empréstimo ao BES/GES quando já era conhecida a sua situação e OUTRO, como os jornais noticiaram novamente hoje, e transcrevendo o que foi escrito um processo em que é suspeito de receber indevidamente 1,5 milhões de euros do empresário da construção civil José Guilherme” .
CABE AOS ASSOCIADOS, AOS SUPERVISORES E AO GOVERNO DECIDIREM. Mas o que é importante é que ninguém no futuro, incluindo supervisores, possa dizer que não sabia e que não foi alertado atempadamente.
Eugénio Rosa
Economista, candidato a presidente da Associação Mutualista pela Lista C nas últimas


eleições do Montepio "

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