Linha de separação


19 de janeiro de 2022

A UE encontrou unidade, finalmente...

 Mas pelos piores motivos, pode dizer-se que nem sequer é UE mas uma província do império de Washington. E não dizemos império dos EUA, porque apenas dele beneficiam uns 10% da sua população, o resto vive na insegurança, incerteza, endividado e debate-se com as misérias que o capitalismo traz.  

A UE uniu-se pelas piores razões, inventou um inimigo que serve de argumento para defender o regime nazifascista da Ucrânia, a todo o custo. No mês passado, Moscovo solicitou garantias por escrito de que a Ucrânia não será admitida como membro da aliança militar imperialista. Segundo o secretário-geral da NATO, “somente a Ucrânia e 30 aliados podem decidir quando a Ucrânia se torna membro (...) a Rússia não tem poder de veto”. Quando se tomam decisões destas tem de se assumir as consequência, e isto é  simplesmente uma maneira de agravar conflitos, menosprezar negociações e ignorar os interesses de segurança da Rússia. Mas este senhor, como o resto da UE, tornaram-se como que o pincher de Washington, uns cãezinhos que ladram, ladram, mas não têm dentes para morder. Adiante.

As tensões na fronteira russo-ucraniana aumentaram nos últimos meses. Em dezembro, o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que “a probabilidade de hostilidades na Ucrânia ainda é alta” quando questionado por sobre a probabilidade de uma guerra no leste do país. No final de novembro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, alertou que na Ucrânia, “mais e mais forças e equipamentos estão sendo acumulados na linha de contacto no Donbas, apoiados por um número crescente de instrutores ocidentais”. O principal diplomata também acusou os Estados da Nato de estimularem as autoridades de Kiev a se envolverem-se em provocações anti-russas, que poderiam “transformar-se em aventuras militares”.

Washington afirma não aceitar as propostas russas de parar a expansão da NATO para Leste, (Geórgia e Ucrânia em perspetiva) muito menos regressar à situação de 1997 que contemplaria os compromissos de Reagan com Gorbatchov. Apesar dos reiterados desmentidos, propostas de um acordo de segurança mútua, efetivar os acordos de Minsk, a atoarda que a Rússia planeia invadir a Ucrânia, tornou-se o grande argumento para "unir" os governos da UE sob a batuta de Washington, que nenhum dos governos da UE tem coragem de contrariar. Os povos são assim arrastados para esta farsa que se encaminha para uma tragédia, mesmo que tudo fique limitado a uma "guerra fria".

A Rússia não tem necessidade, desejo ou mesmo interesse em invadir um país falido e falhado entregue a fascistas e gente corrupta do topo à base. A Rússia não tem necessidade de subverter ou interferir nem na Ucrânia nem nos países da NATO, porque estes países já estão bastante ocupados a cometer suicídio económico, político e cultural. Na realidade, a Rússia organiza com a China um espaço de desenvolvimento e cooperação na Ásia, África e mesmo América Latina. São a UE e os EUA que precisam de um inimigo para abafar a contestação às suas políticas e o declínio em que se encontram mergulhados.

O caso do gasoduto North Stream 2, é sintomático do abismo para onde corre a UE. O seu bloqueio e as sanções em obediência aos interesses de Washington, vai liquidar as vantagens competitivas da Alemanha; agrava a crise económica; afunila as relações internacionais com maior dependência dos EUA que poderão mesmo, reconstituir algum poder industrial eliminando a Rússia e a China destes mercados. É isto que está por detrás da provocação da "invasão da Ucrânia". O Nord Stream 2 é importante para a Rússia, mas não de modo crucial, que já iniciou um novo gasoduto o Power of Siberia 2 para abastecer países asiáticos.

O mundo enfrenta crises económicas, tragédias sociais e humanitárias. O perigo de uma confrontação global é uma realidade eminente.


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