Um pensamento e reflexões que merecem ser mais divulgas e melhor conhecidas mesmo tendo em conta as limitações do autor
1Os Estados Unidos têm uma rede terrorista internacional. Eles usaram e continuam a usar essa rede de estados mercenários independentes, possuindo poder de armamento suficiente para intervir diretamente onde quiserem, sem passar pelo acordo de instituições internacionais. O exemplo mais conhecido desse tipo de ação é o escândalo Irangate.
O sigilo em torno dessas ações penetra na estratégia política do governo, permitindo evitar a pressão da população americana. Historicamente, o uso do sigilo governamental raramente serviu para proteger ou fornecer segurança. Na maioria das vezes, é uma questão de manter a população no escuro. Em outras palavras, “ A principal intenção do sigilo é apenas garantir que a população em geral não saiba o que está acontecendo ”.
Ao analisar os média institucionalmente, percebemos que os mecanismos de influência que implementam são extremamente subtis, ao contrário da propaganda dos estados totalitários. Em nossas sociedades, a propaganda é real, mas implícita.
Os meios de comunicação social defendem prioritariamente os interesses privados e, para tal, abstêm-se de apresentar “ todo o espectro de opiniões possíveis ”. Na realidade, esses meios de comunicação têm um produto para vender, leitores, comercializados para anunciantes. No entanto, em geral, aqueles que financiam os média em troca da divulgação de anúncios pertencem à classe dominante. Assim, para continuar a receber seu financiamento (e, assim, produzir seu conteúdo), os média apresentam as opiniões e/ou perspectivas políticas que atendem às necessidades desses membros da classe dominante.
Este modelo de propaganda marginaliza toda a população controlando a opinião pública, a fim de defender os interesses das elites. Assim, sociologicamente, os média estão mais próximos das elites americanas do que da restante da população. As ideias que defendem diferem das da opinião pública – a Guerra do Vietname ou o desmantelamento dos programas da Segurança Social são os exemplos mais evidentes deste fenómeno.
Apesar disso, os anunciantes mantêm a imprensa viva. A imprensa perde dinheiro vendendo jornais, mas graças à publicidade pode pagar seus funcionários.
No centro dessas questões está a questão da neutralidade e integridade profissional dos jornalistas. Tornou-se difícil para um jornalista manter sua integridade ao arbitrar esse conflito entre a integridade jornalística e a obrigação de se conformar ao pensamento das elites. Se a informação é por vezes veiculada por determinados jornalistas, nunca será apresentada pelos meios de comunicação se não se enquadrar na linha favorável às elites.
Tudo isso coloca em questão a concepção de nossa democracia hoje. A partir de agora, estar em uma democracia significa ter uma classe de elite que se encarrega da tomada de decisões “ para fabricar o consentimento de toda a população para as políticas . »
2 A forma como a linguagem é usada nos impede de entender e pode nos enfraquecer. De fato, a fraseologia está sempre impregnada de ideologia. Uma palavra tem vários significados: uma definição de dicionário, chamada neutra, mas também uma definição que faz parte de uma guerra ideológica. O exemplo mais relevante é o da palavra “terrorismo”. Independentemente de sua definição, seu uso político diz respeito às ações do campo oposto: “ o que os outros fazem ”.
A situação na América Central é indicativa do paradigma imposto pelos Estados Unidos através do uso da linguagem.Eles afirmam apoiar a democracia em escala global. Este é especialmente o caso de El Salvador e Guatemala, mas não da Nicarágua. Por quê ? Pois, “Democracia” significa para o governo americano “ país cujos líderes estão alinhados com Washington ”. Não importa se estes suprimirem a imprensa independente ou massacrarem sua população, desde que sigam a diretriz americana. É isso que diferencia El Salvador e Guatemala da Nicarágua.
Da mesma forma, a expressão “processo de paz”, muito utilizada na década de 1980, precisa ser repensada. Na abordagem midiática e política dos EUA, não é usado para designar lutas pela paz, mas para descrever as missões que os Estados Unidos lideram nos quatro cantos do globo. Assim, “ os média cobrem tudo o que os Estados Unidos podem fazer ”. E, inversamente, eles nunca chamarão uma notícia de “processo de paz” se os Estados Unidos não participarem dele. Além disso, aqueles que se opõem aos Estados Unidos são, em última análise, retratados como opostos aos processos de paz.
A religião desempenha um papel proeminente na política americana, especialmente quando se trata de lobby. Esse papel se explica pela ausência de um partido político verdadeiramente baseado no povo, o que leva a uma despolitização da população americana. Os indivíduos são então incapazes de formar uma comunidade. Na ausência de socialização ou de pertença a um grupo de pessoas semelhantes, recorrem à religião, que assume, assim, uma importância considerável.
Por exemplo, devido ao tamanho da comunidade judaica israelita nos Estados Unidos (e à ausência de um lobby pró-palestino), o Partido Democrata deixou de se preocupar com o conflito entre Israel e Palestina. Como inicialmente apoiaram a autodeterminação palestina, os democratas foram rotulados de antissemitas. Assim, eles simplesmente pararam de investir na resolução desse conflito, pois sua posição os colocava em desacordo com seu eleitorado.
Com a chegada de Ronald Reagan ao poder, iniciou-se uma fase de mudança paradigmática em relação ao futuro da democracia americana. A partir de agora, os americanos dão seu voto a um candidato, não mais pelas ideias que defende, mas porque tem o melhor penteado, ou porque fala melhor – como foi o caso de Reagan.
O funcionamento formal do sistema é mantido, mas foi despojado de sua substância. Quanto menos o candidato eleito faz a diferença como pessoa, mais o público, sem nenhum representante real, se vê marginalizado.
Desde 1989, aceita-se a ideia de que os Estados Unidos estão cometendo crimes de guerra, de acordo com certo consenso dentro da elite. Eles podem então anular a lei internacional, atacar países unilateralmente. “ De acordo com os princípios dos julgamentos de Nuremberg, todos os presidentes americanos desde então teriam sido enforcados .”
Há novos fatores políticos a serem considerados nos assuntos mundiais, o meio ambiente em primeiro lugar. É óbvio que as condições capitalistas, ou seja, a maximização dos ganhos de curto prazo, acabarão por destruir o meio ambiente. Sem planeamento em larga escala, não será possível reverter a autodestruição do planeta.
O interesse geral consiste em preservar a vida humana, portanto o planeta em que o homem vive.Hoje, no entanto, as empresas estão apenas interessadas em obter lucro. O objectivo de um CEO é de aumentar os seus lucros e a classificação bolsista, a melhoria as condições de vida dos seus colaboradores, quer em termos salariais quer em termos ambientais, não é uma preocupação.
Por definição, o sistema capitalista postula que a busca de fins privados permite a satisfação das necessidades públicas. Os indivíduos são, portanto, convidados a se preocupar apenas com sua situação, sem se preocupar com o bem comum, pois uma sociedade perfeita só será alcançada se cada um seguir seu próprio destino. " Enquanto o sistema funcionar assim, sim, ele se autodestruirá ." Esta é a teoria do trickle-down que se aplica: você tem que ter certeza de que os ricos estão felizes para esperar que uma migalha de seus investimentos chegue às pessoas “de baixo”. Tal forma de ver o mundo deveria ser impensável em uma democracia.
Para resumir, há duas perspectivas. Ou, o controle dos assuntos econômicos e ecológicos permanece nas mãos de interesses poderosos, e a população então se resigna a uma forma de imobilidade e reza por sua sobrevivência e de seus filhos. Ou, as pessoas tentam se organizar para destruir esse sistema operacional e colocar o participativo no centro de um novo sistema....
3 O atalho é dizer que o socialismo soviético fracassou onde o capitalismo americano triunfou. Essa propaganda tem sido de grande ajuda para as elites ocidentais no bloqueio das tentativas de mudar o sistema social.
É justamente seguindo essa lógica que os Estados Unidos impuseram medidas restritivas contra Cuba. Os líderes norte-americanos não se opuseram à repressão ao regime cubano, mas às suas conquistas, principalmente em termos de políticas sociais. O que os Estados Unidos temem é o “efeito demonstração”. Ou seja, a possibilidade de mimetismo nos países vizinhos. A potência americana não pode tolerar que Cuba envie milhares de médicos para países do Terceiro Mundo, nem mesmo o estabelecimento de um sistema de saúde igual ao que conhecemos nos países desenvolvidos.
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