Linha de separação


6 de fevereiro de 2022

Os mentirosos compulsivos insistem

 Agora com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Desde novembro que está eminente, mas a Rússia não lhes faz a vontade… não invade! Os EUA garantem, por fim, ter provas (?!) que será em fevereiro… e se não for é porque foram dissuadidos pelo determinação da NATO.

Mentiram sobre a Sérvia – como mais tarde o Tribunal Internacional de Haia reconheceu sobre Milosevitch; mentiram sobre o Afeganistão e os seus “combatentes da liberdade” da Al-Aqaeda; mentiram sobre a Líbia, sobre a Síria, sobre as “armas de destruição massiva” do Iraque. Tal como mentem sobre Cuba, Venezuela, China, sobre os envenenamentos da Rússia, etc.

Os media – que remédio, obedecem a quem manda e tem o capital – vão-se prestando a tudo isto sem pestanejar. É penoso ver e ouvir aquelas reportagens formatadas, idênticas às que serviram como testemunhos de todas as mentiras anteriores, com gente a ler os guiões formatados que lhes dão, com ar de zombies.

A Rússia tem negado à exaustão a intenção de invadir a Ucrânia. Apresentou propostas para a segurança mútua na Europa baseada nos Tratados da OSCE em que a segurança de uns não pode ser feita à custa da insegurança de outros. Propõe que os acordos de Minsk sobre a Ucrânia sejam respeitados. Nada disto os media referem.

Mas a Rússia quererá mesmo invadir a Ucrânia? Por outras palavras, a quem interessa o crime? Vejamos. A Rússia não tem qualquer interesse em tomar conta de um país falido, dominado pela corrupção, tornado uma nulidade económica após a hostilidade com a Rússia, dominado por neonazis, cujas proezas são totalmente escamoteadas pelos media. Mas a UE trata a Ucrânia como não trata os seus membros como a Grécia, Portugal e outros. A CE vai dar – sem condições de “reformas económicas” - um pacote de ajuda de emergência de 1,2 mil milhões de euros, visando manter este país "livre e soberano" e apoiar Kiev nestas "circunstâncias difíceis", perante a ameaça russa na fronteira ucraniana. (Lusa - 24 de janeiro de 2022). Desde 2014, a UE e as instituições financeiras europeias já atribuíram mais de 17 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos à Ucrânia, tendo ainda criado um plano de investimentos para o país que visa mobilizar um total de seis mil milhões de euros. 

Isto além do2,4 mil milhões de dólares que os EUA entregaram à Ucrânia desde 2014 “em assistência à segurança”, incluindo 450 milhões em 2021. Mesmo o FMI, violando as suas regras quanto às garantais financeiras do país credor, também já lá colocou milhares de milhões de dólares. A Rússia tem sido muito clara no que pretende, garantias de segurança para o seu território, em resposta os EUA/NATO respondem com “a ameaça russa” e reforçam meios de combate na região, armando a Ucrânia até aos dentes.

Escreve Finian Cunningham: Washington decidiu intensificar a pressão da guerra contra a Rússia usando a Ucrânia como agente e uma narrativa distorcida sobre a agressão e invasão russa. A Ucrânia, que já foi massivamente armada pelos EUA desde que o golpe de Estado apoiado pela CIA em 2014 levou ao poder um regime neonazi obcecado em antagonizar a Rússia. Biden aumentou os estoques de mísseis antitanque e outras armas letais com planos para novos aumentos. Agora, verificam-se fornecimentos adicionais dos EUA e do RU, além de “assessores militares”.

Esta situação de conflito na Europa é de todo conveniente para os EUA – tal como foi nas duas anteriores guerras mundiais, em que o seu território ficou ileso e a capacidade económica reforçada. A UE encontra-se praticamente em estagnação económica desde 2000, as guerras e as sanções aplicadas a países que se opõem a Washington só contribuem para o medíocre desempenho económico e social. Conter a Rússia, separá-la da UE só vai tornar a UE totalmente dependente dos EUA em termos de energéticos e comerciais conduzindo à degradação da sua competitividade e nível de vida da população.

A estratégia de diabolização da Rússia tem ainda para os EUA a vantagem de – mesmo sem invasão, sem guerra, etc. - aumentar a participação militar nos países do Leste, garantindo que nestas circunstâncias não passem de protetorados geridos por Washington, tal como qualquer “república da bananas”. A UE para isto se encaminha com esta “estratégia”.

Que a Europa da UE e NATO no seu conjunto seja arrastada para a irrelevância, a instabilidade, militarizada sob a ameaça do “inimigo a leste”, permanentemente em crise económica e social, que importa?! Não foi a Sra. Victória Nuland, secretária de Estado Adjunta, fundamental na supervisão do golpe de estado apoiado pela CIA em Kiev em 2014, que descartou os interesses europeus ao discutir os planos do regime dos EUA para a Ucrânia dizendo: “Fuck UE”. Na UE os seus líderes engolem em seco e baixam a cabeça.

Culpar a Rússia pela escalada das tensões não passa de um ardil encenando uma guerra na Europa a fim de projetar os interesses do poder global dos EUA.


Sem comentários: