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4 de novembro de 2025

Acerca do 15º Plano Quinquenal da China

O que explica o êxito económico, científico, social e também geopolítico da China? Simplesmente algo que está previsto na nossa Constituição e que, tal como a sua maior parte é ignorada e esquecida - até pelo PR - Planeamento Económico Democrático.

Em vez do modelo ocidental obcecado por lucro, uma economia mista liderada pelo Estado que fez da China líder tecnológico, com o governo investindo em empresas, construindo cadeias de inovação e produção, ligando laboratórios estatais, universidades e empresas. Subsídios financiam investigadores, cujas ideias são rapidamente postas em prática. Este sistema proporcionou a ascensão da China como potência tecnológica, um desafio direto à supremacia decadente do Ocidente, ultrapassando os EUA e a UE.

O plenário do 20º Comité Central do PC Chinês reforça este modelo, procurando também corrigir deficiências. Os delegados debateram e depois adotaram recomendações que levaram ao 15º Plano Quinquenal da China (2026-2030), definindo os vetores básicos a serem abordados. O plano completo só será conhecido em detalhe em março próximo, quando for aprovado em novo Plenário. Os Planos Quinquenais são uma das principais vantagens políticas da China. A formulação, como é habitual na China, inclui sugestões de todos os escalões da sociedade. A China funciona assim: planeando meticulosamente com antecedência, com metas claras e supervisão atendendo ao mérito conforme uma rigorosa “determinação estratégica”.

Os principais vetores incluem “fortalecer a agricultura”, “beneficiar os agricultores” e “alcançar a prosperidade rural” a par com o progresso da “nova urbanização centrada nas pessoas”, além de “avanços no desenvolvimento de alta qualidade”, melhorar a “autossuficiência científica e tecnológica”, “progresso cultural e ético em toda a sociedade” e “fortalecera segurança nacional”. Em termos geopolíticos, Pequim continuará reforçando o poder do “sistema multilateral de comércio”. O oposto absoluto dos EUA de Trump.

Em resumo: a principal prioridade da liderança chinesa é construir “um sistema industrial modernizado, um sistema económico misto produtivo e não especulativo, impulsionando o desenvolvimento rural, urbano e tecnológico.

No Xinjiang o ocidente tentou uma revolta, os media falavam de ditadura e opressão, terroristas islâmicos foram financiados. Pepe Escobar, diz-nos que teve o privilégio de ver o surgimento do socialismo com características chinesas em termos de desenvolvimento sustentável de Xinjiang. É agora um centro de TI e líder em energia limpa exportando para o resto da China.

O Made in China 2025, lançado há 10 anos, colocaram a China como líder tecnológica em pelo menos 8 dos 10 campos científicos. Além disso, há programas importantes com destaque para o Programa 973 e o Projeto 985.

O Programa 973, lançado em 1997, é o Programa Nacional de Pesquisa Básica que visa obter uma vantagem tecnológica/estratégica em várias áreas científicas especialmente o desenvolvimento da indústria de minerais de terras raras que elevou a China ao topo em termos de competitividade científica global.

O Projeto 985 foi lançado em 1998 para desenvolver um grupo de universidades e institutos a um nível de classe mundial, que se tornaram líderes mundiais em engenharia, ciência da computação, robótica, aeroespacial, IA, computação quântica e energia verde. Outro projeto importante é o Corredor de Ciência e Inovação G60, que conecta nove cidades no delta do rio Yangtze, na China. Até 2035, será dada especial ênfase à tecnologia quântica, à biofabricação, ao hidrogénio, à fusão nuclear, às interfaces cérebro-computador, ao 6G, além da IA.

A China concentra-se também no seu imenso mercado interno, definido como o “mercado nacional unificado”, incluindo para o seu desenvolvimento infraestruturas informáticas, condução inteligente e produção inteligente.

Pequim esforça-se para combater a concorrência entre indústrias, dado que a abordagem entre empresas não é perfeita: os subsídios, consumindo até 2% do PIB, levaram ao excesso de capacidade, com muitas empresas não lucrativas e ao que é referido como "involução" hipercompetitiva. Corrigindo estas situações, o Plano pretende reforçar tudo o que foi conquistado, com foco no longo prazo, alcançando até 2035 o que é definido como “modernização socialista”.

Dois importantes académicos chineses explicam a evolução do sistema político chinês. Consideram que o que o PC Chinês fez é de fato bastante revolucionário: a revolução socialista procura desde o seu início, usar a revolução para derrubar o antigo regime, transformar completamente a sociedade e estabelecer um sistema totalmente novo. Isto também leva às várias contradições que a China enfrenta hoje, principalmente o conflito entre a filosofia confucionista tradicional e o marxismo-leninismo. A primeira concentra-se em manter o status quo ou adaptar-se para sobreviver, enquanto a segunda busca mudanças consequentes.

No 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, em 2012, a China tornara-se a segunda maior economia do mundo e a maior nação comercial, tirando quase 700 milhões de pessoas da pobreza absoluta. Agora Pequim procura enquadrar a sua evolução política "redefinindo a sua modernidade, reafirmando a sua missão, enfatizando as aspirações originais e revivendo sua natureza revolucionária.”

Como observam os dois estudiosos, “na China, os partidos políticos são o sujeito da ação política, e essa ação não se enquadra na mera sobrevivência, mas na liderança do desenvolvimento nacional em todos os aspetos

Fonte: https://strategic-culture.su/news/2025/10/25/and-the-chinese-five-year-caravan-strolls-on/



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