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13 de fevereiro de 2022

As “sanções devastadoras”

 Os qualificativos perante uma imaginária invasão russa à Ucrânia variam: “severas”, “esmagadoras”, etc. Imaginemos que alguém tinha dito: no dia 10 de fevereiro vai haver um tremor de terra, mas eu como os meus poderes extraordinários vou impedi-lo. Será credível que o facto de não ter havido um sismo, provasse os “poderes extraordinários” do adivinho? É este o cenário que os EUA/NATO puseram a circular. No fundo trata-se de uma forma de agudizar a guerra fria em curso contra a Rússia e a China.O “preço alto, económica, estratégica e politicamente” inclui o cancelamento do projeto de gás Nord Stream 2 entre a Rússia e a UE. As sanções tornaram-se uma ferramenta padrão da política externa dos EUA. O objetivo é atingir cidadãos estrangeiros com sofrimento e privações, como forma de impor a vontade dos EUA, atingindo inocentes com empobrecimento e mortes prematuras, forma de tomar conta do governo do país.

Mas são já não um sintoma de força, mas de fraqueza e declínio do poder imperialista. Os povos resistem, pois está patente o caos a que foram lançados países submetidos aos imperialistas e da sua "democracia liberal". 

A estratégia dos EUA de impor 'sanções esmagadoras' à Rússia para depois atacar a China falha. A Rússia é o país mais autárquico do mundo. Produz quase tudo o que precisa e tem produtos altamente desejáveis com procura global, especialmente necessários na Europa. A Rússia também tem enormes reservas financeiras. Uma estratégia de sanções contra a Rússia não funciona. Usar a Ucrânia para induzir a Rússia a alguma agressão para depois aplicar sanções também foi uma tentativa bastante lunática. Não há nada na Ucrânia que tente a Rússia a invadir. Tudo o que pode ser feito na Ucrânia para impedir provocações pode ser feito a partir do território russo por mísseis a sua força aérea ou a marinha.

Uma das ações que os EUA têm em mente é cortar a Rússia do sistema transações interbancárias SWIFT. A UE corre o risco de ser privada não apenas de importações, incluindo petróleo e gás, mas cessarem também as suas exportações para a Rússia.

Perante as “sanções devastadoras” com que os EUA/NATO ameaçam a Rússia no caso de invasão da Ucrânia, várias grandes empresas dos EUA pediram à Casa Branca que tivesse em consideração as possíveis repercussões económicas. “Deveriam ser tão limitadas quanto possível de forma a limitar os danos potenciais na competitividade das empresas dos EUA”. E, por maioria de razão, na economia da UEA imposição de sanções à Rússia vai fragilizar ainda mais a economia da UE, tendo de importar gás natural liquefeito transportado por via marítima de outros países, com custos muito mais elevados.

Os EUA/NATO não têm capacidade de enfrentar a Rússia militarmente, assim tentam enfraquecerem-na economicamente, ignorando as consequências para eles próprios: como a crise dos abastecimentos, o aumento dos preços da energia, a inflação a disparar sem o sistema capitalista ter respostas adequadas.

A posição da Rússia quanto à ameaça de sanções foi referida pelo embaixador da Rússia na Suécia: "Desculpe minha linguagem, mas estamo-nos nas tintas para sanções" (we don’t give a s**t about sanctions), "A expansão da NATO é a maior ameaça para a Rússia. A Rússia procura obter garantias juridicamente vinculantes de que o bloco militar ocidental não continuará a expandir-se para o Leste. A NATO no entanto, recusa-se a abandonar a sua chamada “política de portas abertas” e aceitar novos membros.

Washington e seus “parceiros” europeus (um eufemismo para “vassalos”) acusam a Rússia de planear invadir a Ucrânia com uma suposta mobilização maciça de tropas na fronteira. Porém, como já no final de novembro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, alertou: “mais e mais forças e equipamentos estão sendo acumulados na linha de contacto no Donbas, apoiados por um número crescente de instrutores ocidentais”. Acusou os Estados da NATO de estimularem as autoridades de Kiev a envolverem-se em provocações anti-russas, que poderiam “transformar-se em aventuras militares”.

A situação criada é quase risível se não fosse tão perigosa. O direito de defesa é distorcido como ofensa, e vice-versa. Moscovo repetidamente descartou essas alegações como histeria sem fundamento. A Rússia diz que não tem planos de invadir a Ucrânia ou qualquer outro país. Afirma que a movimentação de tropas dentro das fronteiras nacionais da Rússia são uma questão soberana que não requer explicações ou aceitação de responsabilidades.

A Rússia ressalta que o aumento militar é na verdade seguido pelo regime ucraniano apoiado pela OTAN, bem como pelos Estados Unidos e outros membros da NATO que têm aviões de guerra e navios de guerra manobrando perto das fronteiras da Rússia. Mas as propostas de segurança que a Rússia apresenta são nos media totalmente ignoradas, distorcidas e deturpadas.

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