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25 de junho de 2024

Afinal eles querem a guerra...



O PR convocou, uma reunião do Conselho de Estado para 15 de julho, destinada a "analisar a situação na Ucrânia, no contexto da Cimeira para a Paz na Suíça, da Cimeira da NATO em Washington e da Reunião da Comunidade Política Europeia no Reino Unido".

Os media andaram excitados com o tema do serviço militar obrigatório e aumento despesas militares, até o almirante chefe falou em que se fosse preciso iríamos morrer para a frente de batalha. Porém, nas eleições para o PE, o assunto desapareceu quase que totalmente, embora os partidos tenham-se definido nos seus programas sobre a guerra em curso na Europa.

A AD diz-se "inequivocamente ao lado da Ucrânia, condenando a invasão ilegal, injustificada e ilegítima e os falsos pacifismos que exporiam a União ao arbítrio do Kremlin." Para os ultra liberais da IL o apoio à Ucrânia é “incondicional” (?!), “Putin não pode (?) ganhar”, devendo ser aumentadas as capacidades de defesa europeias e cooperação militar para ajudar a Ucrânia a vencer a guerra.

O PS pretende a assegurar todo (?) o apoio à Ucrânia, político, diplomático, humanitário, financeiro e militar, pelo tempo que for necessário (!) e reafirmar a aplicação e o reforço de sanções à Rússia que limitem a sua capacidade de perpetuar uma guerra ilegal e os atos de agressão brutais. Esta indignação esfuma-se no conflito israelo-palestino em que se limita a defender "uma solução estrutural e sustentável"...

O Livre faz suas as propostas de Zelensky - que como se viu na Suíça quase ninguém segue - é contra a invasão russa, ilegítima e ilegal, pretende prosseguir a condenação da agressão russa, promovendo a política de sanções da UE (!!). Negociações serão para promover a retirada das tropas russas da Ucrânia (de qual "Ucrânia"?). O BE retoma a velha tese dos "dois imperialismos", condenando a invasão promovida pelo projeto imperialista russo, defende negociações pela paz e fim da escalada armamentista * (ao mesmo tempo que defende o fornecimento de armamento à Ucrânia e bate palmas a zelensky na AR)

O PCP tem proposto a dissolução dos blocos político-militares, designadamente da NATO e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva. Rejeita a militarização da UE e da política de confronto, intervencionismo e guerra. Ao defender a solução pacífica dos conflitos internacionais, tem sido atacado por "ambiguidade" e "putinismo", o que quer que isto seja. Os media fingem não reparar que a moderada posição do PCP é semelhante à do Papa Francisco. Em suma, na UE/NATO querer a paz tornou-se subversivo...

O estado a que a UE/NATO chegou pode ser avaliado pela incapacidade de prever as consequências das suas ações e do que pretendem, o que é sempre sinal de imaturidade ou insanidade, de qualquer forma de falta de qualidade política.

Nunca nas invasões ilegais e guerras agressão dos EUA/NATO o "partido da guerra" falou em violação do direito internacional: Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, a tentativa na Síria, foram tratados como exemplo do poderio unipolar do ocidente. Mesmo os horrores vividos desde há décadas na Palestina - não esqueçamos os massacres de Sabra e Chatila, 1982 - só têm merecido ligeiras referências, abstendo-se da condenação de Israel. Nem sequer uma única sanção lhe foi aplicada.

A Rússia justificou a intervenção na Ucrânia, de acordo com a Carta da ONU, como direito de defesa dos territórios russófonos do Donbass da agressão levada a cabo pelos golpistas e neonazis de Kiev, em que as mortes já atingiam 14 000. Os atos de repressão e crimes do clã de Kiev, o seu objetivo de eliminar a língua russa, foram sempre ignorados, tal como é desprezada a opinião destas populações.

Faz-se tábua rasa dos antecedentes: as violações da não expansão da NATO, os dois acordos de Minsk para a NATO ganhar tempo e rearmar Kiev. Em abril de 2022, a Rússia e Kiev tinham chegado a entendimento sobre um tratado de paz. O primeiro-ministro do RU voa para Kiev e ordena-lhes para pararem as negociações. Dizer que "negociações", ataques à Rússia, etc., serão conforme as decisões que Kiev tomar, é total hipocrisia.

As políticas de confronto com a Rússia e a China para serem aceites necessitam que a população esteja suficientemente desinformada, distraída, amedrontada contra inimigos que se procura desumanizar, instalando o consentimento para generalizar a guerra.

Dizem que estamos a apoiar a democracia na Ucrânia, uma “democracia”, gerida em Kiev por gente corrupta, que erigiu criminosos de guerra colaboracionistas dos nazis em "heróis nacionais" e monumentos aos que libertaram a Europa daquela praga são destruídos.

Depois do golpe Maidan a repressão generalizou-se não só no Donbass, mas em toda a Ucrânia. Silencia-se a proibição de sindicatos de esquerda e partidos, começando pelo Partido Comunista, com militantes presos e torturados pela polícia política de Kiev, que tem no seu currículo vários assassinatos como, mais recentemente, o do jornalista cidadão dos EUA, Gonzalo Lira.

As regiões do Donbass tiveram razão em não aceitar os golpistas de Kiev, primeiro querendo autonomia, depois, ao serem brutalmente atacadas, constituído-se como Repúblicas Populares. O clã de Kiev tinha criado um regime opressor das minorias, combatendo tudo o que era progressista ou meramente democrata.

É neste quadro que os "amigos" da Ucrânia, recebem Zelensky aos abraços e dizem estar "inequivocamente ao lado da Ucrânia" com apoio “incondicional” para vencer a guerra. Será será que pensam em quantos soldados já morreram e que país destruído é a Ucrânia? A opinião da população é desconhecida: Zelensky cancelou as eleições e de acordo com a Constituição está ilegalmente no cargo.

Não importa que a Rússia repetidamente afirme que não tem interesse “nem geopolítico, nem económico, nem militar” num conflito com a NATO. A crise da Ucrânia não tem nada a ver com “ democracia”, “liberdade ”, ou com a própria Ucrânia , mas sim com a derrota estratégica da Rússia, afirma o congressista Thomas Massie (Republicano - Kentucky) (Geopolítica ao vivo – Telegram 08/06)
*Nota do Blog

1 comentário:

Luis Filipe Gomes disse...

Muito claro, só não sabe quem não quer.