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24 de junho de 2024

Do facebook do General Raul Luís Cunha

 Há pouco vi um post aqui no FB em que a Amnistia Internacional de Portugal pedia assinaturas numa petição que, no caso, estava baseada em dados falsos e enganadores, sendo mais um acto de propaganda que uma real preocupação. Nem de propósito, encontrei, traduzi e adaptei um artigo sobre as ONGs de direitos humanos, que espelha bem a realidade das supostas "boas" intenções desta gente e, portanto, recomendo a sua leitura:


"A Corrupção da Sociedade Civil pelas ONGs de Direitos Humanos
As organizações que operam sob a bandeira de “organizações não-governamentais de direitos humanos” (ONGs) tornaram-se actores fundamentais para a disseminação da propaganda de guerra, a intimidação de académicos e a corrupção da sociedade civil. Estas ONGs actuam como vigilantes, determinando quais as vozes que devem ser bem ouvidas e quais devem ser censuradas e canceladas.
A sociedade civil é imperativa para equilibrar o poder do Estado, mas o Estado procura cada vez mais sequestrar a representação da sociedade civil através das ONGs. As ONGs podem ser problemáticas por si só, pois podem permitir que uma minoria ruidosa se sobreponha a uma maioria silenciosa. No entanto, a doutrina Reagan exacerbou o problema, uma vez que estas “ONGs de direitos humanos” foram financiadas pelo governo e preenchidas por pessoas ligadas às agências de informações de forma a garantir que a sociedade civil não se desviasse significativamente das políticas governamentais.
A capacidade dos académicos de falar aberta e honestamente passou a ser restringida por estes guardiões. Estas ONGs limitam a dissidência nos debates académicos sobre a rivalidade na Ucrânia entre as grandes potências. Factos bem documentados e comprovados que são imperativos para a compreensão do conflito simplesmente não são divulgados nos media, e quaisquer esforços para abordar esses factos são confrontados com vagas acusações de serem “controversos” ou “pró-Rússia”, uma transgressão que deve ser punida com a intimidação, a censura e o cancelamento.
Porque é que as ONGs humanitárias passaram a actuar como modernas “camisas castanhas”, limitando a liberdade académica? Poder-se-á igualmente perguntar por que é que as ONGs de direitos humanos se esforçam mais para demonizar Julian Assange do que para explorar os abusos dos direitos humanos que ele expôs.
Estas “ONGs de direitos humanos” dedicam-se principalmente a abordar as violações dos direitos humanos cometidas por adversários do Ocidente. Posteriormente, todas as políticas das grandes potências são enquadradas como uma competição entre valores bons e valores maus. A construção de estereótipos para o grupo interno versus o grupo externo como um conflito entre o bem e o mal é um componente fundamental da propaganda política. A complexidade da competição de segurança entre as grandes potências é simplificada e propagandeada como uma simples luta entre a democracia liberal e o autoritarismo. Além disso, baseiam-se no facto de a sua credibilidade resultar por serem “não governamentais” e apenas dedicadas aos direitos humanos, o que aumenta a eficácia das suas mensagens.
Ao enquadrar o mundo como um conflito entre o bem e o mal, a compreensão mútua e o compromisso equivalem ao apaziguamento, enquanto a paz é alcançada através da derrota dos inimigos. Assim, estas “ONGs de direitos humanos” apelam ao confronto e à escalada contra quem quer que seja a mais recente reencarnação do “Mal”, enquanto as pessoas que apelam ao diálogo e à diplomacia passam a ser denunciadas e censuradas como traidoras.
O sequestro da sociedade civil pelas ONGs
Após a Segunda Guerra Mundial, as agências de informações americanas assumiram um papel activo na manipulação da sociedade civil na Europa. Essas agências de informações ficaram de certo modo constrangidas quando foram apanhadas, e então, a solução foi esconderem-se à vista de todos.
A Doutrina Reagan implicou a criação de ONGs que iriam interferir abertamente na sociedade civil de outros estados, sob o pretexto de apoiar os direitos humanos. O objectivo bem documentado era ocultar as operações de influência das informações dos EUA como sendo trabalho sobre a democracia e os direitos humanos. O aspecto “não-governamental” das ONGs é fraudulento, uma vez que são quase inteiramente financiadas pelos governos ocidentais e preenchidas por pessoas ligadas à comunidade de informações. Veja-se o caso que ocorreu durante a “Revolução Laranja” da Ucrânia em 2004, em que um protesto anticorrupção foi transformado num governo pró-OTAN e antiRússia. Sendo que o chefe da influente ONG “Freedom House” na Ucrânia era o ex-diretor da CIA.
O próprio Reagan fez o discurso de inauguração quando foi estabelecido o “National Endowment for Democracy” (NED) em 1983. O “Washington Post” escreveu que o NED tem sido o “paizinho das operações abertas” e “o que costumava ser designado por 'propaganda' passou agora a ser simplesmente chamado de 'informação'".  Documentos recentemente divulgados revelam que o NED cooperou estreitamente com as iniciativas de propaganda da CIA. Allen Weinstein, cofundador do NED, reconheceu que: “muito do que fazemos hoje era feito secretamente há 25 anos pela CIA”.  Philip Agee, um denunciante da CIA, explicou que o NED foi estabelecido como um “programa de propaganda e incentivo” para subverter nações estrangeiras, sendo denominado como uma iniciativa de promoção da democracia.
As ONGs permitem assim que uma minoria ruidosa apoiada pelo Ocidente marginalize uma maioria silenciosa e depois venda isso como “democracia”. Os protestos podem, portanto, legitimar o derrube de governos democraticamente eleitos. O “Guardian” referiu-se à Revolução Laranja Ucraniana de 2004 como “uma criação americana, um exercício sofisticado e brilhantemente concebido de marca e marketing de massas ocidental” com o propósito de “ganhar as eleições de outras pessoas”.  Outro artigo do “Guardian” rotulou a Revolução Laranja como tendo sido um “golpe de Estado pós-moderno” e uma “revolta do terceiro mundo patrocinada pela CIA dos tempos da guerra fria, adaptada às condições pós-soviéticas”.  Uma operação semelhante de mudança de regime foi repetida na Ucrânia em 2014 para mobilizar a sociedade civil ucraniana contra o seu governo, resultando no derrube de um governo democraticamente eleito contra a vontade da maioria dos ucranianos. As ONGs qualificaram-na de “revolução democrática” tendo sido acompanhadas por Washington, que assim garantiu o seu domínio sobre os principais instrumentos do poder em Kiev.
Houve outras operações semelhantes das ONGs que também foram lançadas contra a Geórgia. As ONGs organizaram a “Revolução Rosa” na Geórgia em 2003, que acabou por resultar numa guerra com a Rússia depois de as novas autoridades na Geórgia terem atacado a Ossétia do Sul. Recentemente, o Primeiro-Ministro da Geórgia advertiu que os EUA estavam mais uma vez a utilizar as ONGs num esforço para derrubar o seu governo e usar o seu país como uma segunda frente contra a Rússia.  O parlamento democraticamente eleito da Geórgia aprovou uma lei com uma maioria esmagadora (84 a favor versus 30 contra), para uma maior transparência no financiamento das ONG. Não é de todo surpreendente que as ONGs ocidentais tenham decidido que a transparência sobre o seu financiamento era antidemocrática e foi assim rotulada como sendo uma “lei russa”. O público ocidental foi alimentado com imagens de protestos pela credibilidade democrática e foi propagandeado que o primeiro-ministro georgiano era apenas um fantoche russo. Os EUA e a UE ainda vieram posteriormente ameaçar a Geórgia com sanções em nome do “apoio” à sociedade civil da Geórgia.
A Corrupção da Sociedade Civil
Uma sociedade assenta em três pilares – o governo, o mercado e a sociedade civil. Inicialmente, o livre mercado era visto como o principal instrumento para elevar a liberdade do indivíduo em relação ao governo. No entanto, no final do século XIX, com o imenso poder concentrado nas grandes indústrias, alguns liberais passaram a olhar para o governo como sendo um aliado para limitar o poder das grandes empresas. O desafio do nosso tempo é que os interesses governamentais e empresariais andam cada vez mais de mãos dadas, o que ainda mais se intensificou com a ascensão dos gigantes tecnológicos que controlam agora os principais centros de poder ocidentais, pelo que se tornou muito mais difícil para a sociedade civil operar de forma independente. E assim, para evitar a restrição da liberdade na sociedade actual, é imperativo que os media e as academias passem a ser um repositório da verdade e não continuem a ser policiados por falsas e/ou hipócritas ONGs.

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