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13 de janeiro de 2012

ASSIM VAI A DECADÊNCIA DO SISTEMA CAPITALISTA

Das cenas mais inverosímeis a que se pode atualmente assistir são as explicações dadas pelo Sr. Ministro das Finanças, quando para justifica as absurdas medidas tomadas explica que se devem ao cumprimento dos acordos com a “troika”, parecendo ser incapaz de entender as consequências. Tudo se passa como se para explicar cosmologia nos dissessem que estrelas e planetas existem porque estão ali.
A ideologia capitalista vive, pois, no campo das fórmulas mágicas alheias à experiência e ao conhecimento. É um regresso às “dark ages” no campo político e social, apesar de todas as proezas tecnológicas. Neste sentido, são esclarecedores alguns textos recentemente publicados no site norte-americano www.counterpunch.org.
1 – Assim vão os EUA
Os EUA, que transformaram os direitos humanos numa arma mortífera (Jugoslávia, Iraque, Afeganistão, Líbia, etc., etc.) prosseguem uma política repressiva (ver “A democracia na América – dezembro.2011) tanto no exterior como no interior.
- Escreve Joseph Grosso, em Labor and Poverty (1): É difícil nos dias de hoje encontrar uma sociedade mais intolerante que os Estados Unidos atualmente. Os factos têm sido tão silenciados ou confundidos de forma a tornar-se estranhamente fácil ignorá-los: a maior taxa de pobreza no mundo ocidental, a mais elevada pobreza infantil e a mais elevada pobreza permanente, a mais elevada desigualdade de rendimentos, a mais elevada taxa de presos, custos de saúde mais caros, etc.
É fácil ver na persistência da pobreza como uma espécie de insulto ao “Sonho Americano”, para os seus crentes.
A década de 1970 foi a única desde 1930 em que os americanos a terminaram mais pobres do que quando a tinham iniciado. Foi também a ascensão do movimento anti-impostos. Foi também a década do início da desindustrialização e em que os trabalhadores perderam cerca de 13% dos seus rendimentos.
A principal tarefa da Esquerda Americana – diz o autor – deve ser voltar a ter políticos saídos da classe trabalhadora para uni-la em torno de objectivos comuns e solidários.
- Um grupo de psicólogos escreve sobre as prisões ilegais e o “status quo” da tortura. (2)
Obama não só esqueceu a sua promessa de encerrar Guantanamo como tem agora na prisão de Bagram no Afeganistão, 3 000 prisioneiros, cinco vezes mais do que quando tomou posse, estando prevista a sua ampliação para receber 5 500 detidos até ao final deste ano. Uma outra prisão vai ser construida em Bagram, (Centro de Detenção de Parwan) prevista para alojar 1 100 presos. O New York Times teve acesso a um relatório secreto onde era descrito a morte de dois detidos devido a maus tratos. Relatos de prisioneiros referem as celas como “jaulas”. As condições de detenção são ainda piores do que em Guantanamo.
Uma resolução limita aos psicólogos a possibilidade de investigar as condições de detenção mesmo que estas não respeitam a lei internacional, (como a Convenção da ONU sobre tortura ou a Convenção de Genebra), ou a Constituição dos EUA.
Os autores declaram que advogados dos direitos humanos, profissionais de saúde e intelectuais de todo o mundo se recusam a aceitar este “status quo”. De facto, “um povo que oprime outros não pode ser livre” (Marx).
 - James Kilgore (3) refere o altamente lucrativo do negócio da privatização das prisões. O grupo CEO abriu em dezembro uma nova prisão para 1 500 pessoas em Milledgeville, Georgia, esperando-se que gere cerca de 28 milhões de dólares de receitas anuais. Apesar de jornalistas terem denunciado uma longa lista de violências, abuso e corrupção nas instalações da empresa esta continua próspera. Nos primeiros nove meses de 2011 as suas receitas elevaram-se a 1 200 milhões de dólares. As ações mais que triplicaram desde 2005. O seu chefe de operações Wayne Calabrese recebeu de compensações 2 milhões de dólares. A CEO expande as suas atividades de forma consistente também no estrangeiro.
 - Mike Whitney (4) em “Mais 11 milhões de falências nos Estados Unidos?” Lembra que as casas perderam desde 2006 32% do seu valor de mercado, liquidando 8 biliões de dólares (triliões americanos), prevendo-se ainda uma descida de pelo menos 5 a 10%. Em situação de incumprimento das suas hipotecas encontram-se 2 em cada 5 proprietários.
Para os que pensam que se deve “deixar o mercado resolver o problema” – escreve – devemos ter em consideração que diferente critério foi aplicado aos bancos, que não apenas perpetraram esta crise, mas que têm sido os seus principais beneficiários através do ilimitado apoio público.
Não será altura de dar às vítimas a mesma consideração?

1 - January 10, 2012, Joseph Grosso is a writer and librarian in New York City.
2 - January 10, 2012, The Status Quo of Torture. Psychologists’ Collusion in Ongoing Illegal Detentions By Trudy Bond, Roy Eidelson, Brad Olson and Stephen Soldz
3 - January 09, 2012 The GEO Group Cashes InBusiness is Booming for the Prison Profiteers by (a Research Scholar at the Center for African Studies at the University of Illinois)
4 - MIKE WHITNEY January 6-8, 2012 , lives in Washington state. He is a contributor to Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion, forthcoming from AK Press

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa crise existe devido ao socialismo infiltrado no capitalismo, que tende a gerar um Estado enorme e endividado para manter os serviços socializados, ao invés de permitir o livre mercado.