PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA… Agostinho Lopes
Cada um toma a que quer! Um ditado popular que bem encaixa em
quem não tem contenção ou pelo menos bom senso no que diz. Que acha que as
gabarolices em títulos de jornais apagam o que décadas de políticas florestais
de sucessivos governos incendeiam hoje. Por exemplo, do governo PS, de que foi
Ministro da Agricultura, há vinte anos, o actual titular do Ministério da
Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
Que lamentavelmente não teve qualquer pejo em juntar o
Alqueva à Floresta, para mostrar como os incompreendidos de hoje, são os
grandes vencedores de amanhã. Há 20 anos, “(…) lançou uma das maiores, se não mesmo a maior, reforma da agricultura
portuguesa: o projeto do Alqueva (…)”e “(…)
aquando da decisão de avançar com o projeto, choveram criticas de todos os
quadrantes (…)” ! Se mais não houvesse, e houve uma política agroflorestal
desastrosa (ver incêndios florestais, hoje!), era caso para questionar, se foi
o então Ministro do Governo PS/Guterres o autor/”inventor” do Projecto do
Alqueva? Haja tento! Então não era um Projecto há muito reclamado, por muitos,
entre os quais o PCP? Então não foi um Projecto interrompido no seu avanço pelo
Governo do Bloco Central PS/PSD? Interrupção a que os Governo do PSD/Cavaco
Silva deram absoluta continuidade! E interrompido, até que não houvesse de pé
uma só Cooperativa da Reforma Agrária! Não deve haver medo, de pôr os nomes aos
bois: quem foram os “todos os quadrantes” que se opuseram ao Alqueva! A única
oposição do PCP, foi ao atraso de décadas. Foi a continuação de uma política de
investimento insuficiente, motivando atrasos sucessivos. Foi a destruição do
Alqueva como projecto integrado de fins múltiplos. Foi a mais valia das terras
irrigadas, graças ao investimento público, ter sido “oferecida” ao grande
proprietário!
E ainda, não se tinha fechado a boca de espanto, quando o
mesmo Ministro afirmou que o “Governo fez
a maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis”. O
quê? Não é possível! E mais uma vez, uma reforma incompreendida. Tudo com o
passo trocado! Só o Ministro e o Governo a bater a bota a compasso. E sem
ninguém dizer uma palavrinha sobre a “Reforma Florestal”! Quem esteve distraído
durante um ano, senhor Ministro?
Como a dimensão do texto tem limites, remeto o leitor para o
artigo neste mesmo jornal de Novembro de 2016, “O BOMBEIRO ZERO”, com uma
citação: «É absoluta e superlativamente extraordinário e admirável que depois
de centenas de milhares de hectares de floresta ardida, se continue a descobrir
pacotes de medidas, que todos sabem à partida que representarão zero vírgula
zero na resposta aos incêndios florestais.»
Sempre que a comoção colectiva percorre o País, é garantido
que há nova legislação. Não custa dinheiro, é só publicar no Diário da
República.
A nova “reforma florestal” absolve os novos e velhos
“D.Dinis” responsáveis pelo “abandono” da floresta. Absolve os que não
cumpriram nem aplicaram, por falta de dotações orçamentais e recursos humanos
na floresta, o programa de ordenamento e prevenção há muito legislado na
Estratégia Nacional para as Florestas.