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31 de agosto de 2017

Água Benta

PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA… Agostinho Lopes
Cada um toma a que quer! Um ditado popular que bem encaixa em quem não tem contenção ou pelo menos bom senso no que diz. Que acha que as gabarolices em títulos de jornais apagam o que décadas de políticas florestais de sucessivos governos incendeiam hoje. Por exemplo, do governo PS, de que foi Ministro da Agricultura, há vinte anos, o actual titular do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
Que lamentavelmente não teve qualquer pejo em juntar o Alqueva à Floresta, para mostrar como os incompreendidos de hoje, são os grandes vencedores de amanhã. Há 20 anos, “(…) lançou uma das maiores, se não mesmo a maior, reforma da agricultura portuguesa: o projeto do Alqueva (…)”e “(…) aquando da decisão de avançar com o projeto, choveram criticas de todos os quadrantes (…)” ! Se mais não houvesse, e houve uma política agroflorestal desastrosa (ver incêndios florestais, hoje!), era caso para questionar, se foi o então Ministro do Governo PS/Guterres o autor/”inventor” do Projecto do Alqueva? Haja tento! Então não era um Projecto há muito reclamado, por muitos, entre os quais o PCP? Então não foi um Projecto interrompido no seu avanço pelo Governo do Bloco Central PS/PSD? Interrupção a que os Governo do PSD/Cavaco Silva deram absoluta continuidade! E interrompido, até que não houvesse de pé uma só Cooperativa da Reforma Agrária! Não deve haver medo, de pôr os nomes aos bois: quem foram os “todos os quadrantes” que se opuseram ao Alqueva! A única oposição do PCP, foi ao atraso de décadas. Foi a continuação de uma política de investimento insuficiente, motivando atrasos sucessivos. Foi a destruição do Alqueva como projecto integrado de fins múltiplos. Foi a mais valia das terras irrigadas, graças ao investimento público, ter sido “oferecida” ao grande proprietário!
E ainda, não se tinha fechado a boca de espanto, quando o mesmo Ministro afirmou que o “Governo fez a maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis”. O quê? Não é possível! E mais uma vez, uma reforma incompreendida. Tudo com o passo trocado! Só o Ministro e o Governo a bater a bota a compasso. E sem ninguém dizer uma palavrinha sobre a “Reforma Florestal”! Quem esteve distraído durante um ano, senhor Ministro?
Como a dimensão do texto tem limites, remeto o leitor para o artigo neste mesmo jornal de Novembro de 2016, “O BOMBEIRO ZERO”, com uma citação: «É absoluta e superlativamente extraordinário e admirável que depois de centenas de milhares de hectares de floresta ardida, se continue a descobrir pacotes de medidas, que todos sabem à partida que representarão zero vírgula zero na resposta aos incêndios florestais.»
Sempre que a comoção colectiva percorre o País, é garantido que há nova legislação. Não custa dinheiro, é só publicar no Diário da República.         
A nova “reforma florestal” absolve os novos e velhos “D.Dinis” responsáveis pelo “abandono” da floresta. Absolve os que não cumpriram nem aplicaram, por falta de dotações orçamentais e recursos humanos na floresta, o programa de ordenamento e prevenção há muito legislado na Estratégia Nacional para as Florestas.


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