No bom caminho
Cristina CasalinhoA presente composição do PIB compara favoravelmente com 2007 ou 2004. As exportações assumem um papel mais destacado do que no passado recente, sendo igualmente a relevância do investimento acrescida.
Esta semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou a estimativa rápida para o crescimento em volume do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2017. Após uma expansão nos últimos doze meses de 2,8% no final do primeiro trimestre, no trimestre terminado em junho o PIB regista igual acréscimo homólogo. A componente interna continua a revelar vigor, impulsionada essencialmente pela evolução positiva do investimento; porquanto, o contributo externo apresentou valores negativos, devido a um abrandamento das exportações superior à desaceleração das importações. O crescimento de 2,8% na primeira metade do ano assegura uma expansão anual superior a 2%. Embora em dezembro de 2007 e, antes disso, em junho de 2004, se tivessem observado taxas de crescimento homólogas no trimestre de 2,8%, esta fasquia foi apenas superada consistentemente em 2000.
A presente composição do PIB compara favoravelmente com 2007 ou 2004. As exportações assumem um papel mais destacado do que no passado recente, sendo igualmente a relevância do investimento acrescida. Embora o detalhe do andamento do PIB nos três meses terminados em junho não se encontre disponível, recorrendo a indicadores de alta frequência, sabemos que o investimento continuou a evoluir positivamente, ultrapassando decisivamente a desaceleração observada no primeiro semestre de 2016. Este comportamento é tanto mais encorajador quanto se reconhece que o crédito bancário às empresas não se encontra totalmente restaurado e novos projetos têm sido fortemente financiados por fundos próprios. Em paralelo, as importações de bens de capital (excluindo material de transporte) cresceram 17,1% (ou contributo de 1,4 p.p.), face a igual período do ano anterior, no segundo trimestre de 2017, emergindo como uma das rubricas das importações com maior acréscimo.
As exportações terão continuado a expandir-se saudavelmente, embora os dados publicados pelo INE no âmbito do reporte do comércio internacional de bens apontem para uma evolução relativa mais dinâmica das importações (+13,3% de crescimento homólogo no trimestre que compara com 7,5% das exportações). Este comportamento não inclui o andamento dos serviços e o turismo tem vindo a bater máximos consecutivamente. Por outro lado, assinala-se o anúncio de ampliação de operações de várias importantes exportadoras nacionais, designadamente no âmbito de investimento direto estrangeiro, o qual deverá assegurar a sustentada expansão do contributo das exportações para o crescimento a prazo.
Outro elemento positivo a relevar neste enquadramento macroeconómico favorável refere-se ao mercado de trabalho. Além da queda da taxa de desemprego para limiares inferiores a 9% (8,8%), destaque-se o aumento homólogo da força de trabalho em 0,8% no segundo trimestre ou o acréscimo de taxa de participação. Portanto, a simultânea queda da taxa de desemprego e o aumento da taxa de participação espelham forte capacidade de criação de emprego.
As tendências recentes de evolução do PIB são encorajadoras e evidenciam bem-sucedidas alterações estruturais da economia portuguesa; não obstante, a questão da elevação sustentada do PIB potencial persiste.
Economista
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