Apesar da destruição do aparelho produtivo fruto das políticas de direita e apesar dos constrangimentos da U E a evolução das contas nacionais tem evoluído positivamente afastando o "diabo" e tirando o sono a Passos , Cristas , Cavaco e Maria Luís-esta ultima perdeu a fala!
- Notas sobre as Contas Nacionais do 2º
trm de 2017-
O INE, divulgou hoje a informação
desagregada que permite avaliar os vários contributos na óptica da despesa e da
produção para a variação registada no PIB, no 2º trimestre de 2017. Nos dados
agora publicados o INE divulga ainda informação sobre a evolução trimestral do
emprego, na óptica das Contas Nacionais.
Estes dados corrigem a estimativa
rápida divulgada no passado dia 14 de Agosto que apontava para um crescimento
do PIB no 2º trimestre de 2,8% em termos homólogos e de 0,2% em relação ao 1º
trimestre do ano (variação em cadeia). A estimativa agora divulgada aponta para
um crescimento homólogo de 2,9% e em cadeia de 0,3%. Com esta correcção de
sinal positivo, o 2º trimestre de 2017 regista uma evolução ligeiramente mais
positiva do que o 1º trimestre do ano.
Para o crescimento de 2,9% registado
em termos homólogos, o INE considera que o contributo da procura interna,
constituída pelo consumo privado, consumo público e investimento, foi de 2,8
pontos percentuais, enquanto a procura externa líquida, constituída pelas
exportações menos as importações contribuiu com apenas 0,1 pontos percentuais.
No 1º trimestre de 2016 estes contributos tinham sido respectivamente de 2,6
p.p e 0,1 p.p., enquanto no 4º trimestre de 2016 tinham sido de 2,6 p.p. e
-0,6% p.p.
Entre as várias componentes da
procura interna de referir que enquanto o consumo público registou uma variação
homóloga negativa de -0,9%, já o consumo privado cresceu neste trimestre 2,1%,
depois de no trimestre anterior ter crescido 2,3%, e o investimento cresceu
9,3% acelerando ainda mais o ritmo de crescimento depois de no trimestre
anterior ter crescido em termos homólogos 7,7%. (Vale a pena aqui lembrar uma
vez mais o efeito estatístico já que só entre 2011 e 2013 o investimento caiu
em termos anuais 38,7%).
Do primeiro trimestre de 2017
para o 2º trimestre de 2017, a aceleração de 0,1 pontos percentuais verificada
no PIB em termos homólogos resultou do melhor comportamento da procura interna,
que de um contributo positivo de 2,6 p.p. no 1º trimestre de 2017, passou para
2,8 p.p. (+0,2 p.p.), enquanto a procura externa líquida manteve o mesmo
contributo 0,1 p.p. do 1º para o 2º trimestre de 2017.
A análise mais pormenorizada das
exportações e das importações de bens e serviços agora divulgadas, quer a
preços correntes, quer a preços constantes de 2011, mostra-nos que as importações
e as exportações continuando a crescer a bom ritmo registam no entanto uma
ligeira desaceleração do 1º para o 2º trimestre de 2017.
No 2º trimestre do corrente ano o
crescimento real das importações de bens, pese embora o deflator das
importações permanecer superior ao das exportações, supera já o das exportações
de bens. O crescimento real das exportações de bens e serviços continua a ser
superior ao das importações, dado o bom comportamento das exportações de
serviços que aceleraram do 1º para o 2º trimestre em termos homólogos, enquanto
a importação de serviços desacelerou de um período para o outro. Tudo leva a
crer que esta melhoria na balança de serviços seja o resultado do comportamento
do sector do turismo.
Dos dados agora divulgados consta
ainda informação sobre a forma como o crescimento do PIB neste trimestre se
repercutiu no crescimento dos vários sectores económicos. O Valor Acrescentado
Bruto Total cresceu em termos homólogos 2,3%, destacando-se dentro deste o
sector industrial (5.2%), o sector da construção (8,1%), o comércio e reparação
de veículos e alojamento e restauração (4,1%), as outras actividades e serviços
(0,4%) e as actividades financeiras, de seguros e imobiliárias (-0,1%).
Por fim o INE informa que o
emprego total no conjunto dos ramos de actividade da nossa economia, corrigido
de sazonalidade, cresceu em termos homólogos no 2º trimestre de 2017, 3,5%,
enquanto no 1º trimestre esse crescimento tinha sido de 3,2%. Em termos
numéricos isto significa que em termos homólogos e na óptica das Contas
Nacionais foram criados entre o 2º trimestre de 2016 e o 2º trimestre de 2017,
163 800 empregos, enquanto o nº de empregos remunerados aumentou neste período
138 600.
Em síntese pode afirmar-se que
2017 registou no 2º trimestre do ano um bom ritmo de crescimento na actividade
económica, superando mesmo o ritmo do 1º trimestre do ano, beneficiando por um
lado de um bom andamento da procura interna e em especial do investimento e do
consumo privado a que não é alheia a melhoria do rendimento disponível das
famílias. A procura externa líquida permanece ligeiramente positiva como resultado
de um ritmo de crescimento em volume das exportações superior ao das
importações. Neste último caso a subida do preço das importações a um ritmo superior
ao do preço das exportações e o muito bom comportamento das exportações de
serviços, em especial do sector do turismo, foram determinantes.
Os resultados agora obtidos devem
no entanto ser avaliados com alguma cautela, não apenas porque o PIB do nosso
país em termos reais se encontra ao nível de 12 anos atrás, o que facilita a
subida em termos homólogos, mas também porque dado o grau da destruição do
nosso aparelho produtivo, a desejável aceleração da procura interna, por via do
consumo ou do investimento e o aumento das exportações, inevitavelmente
conduzirão ao novo desequilíbrio da nossa Balança Corrente. Só assim não será
se ao nível da nossa política económica foram adoptadas medidas de defesa da
produção nacional, na substituição de importações e na promoção de exportações
com elevado valor acrescentado. Que
se saiba até agora essas medidas ainda não são conhecidas pelo que não é
sustentável, mesmo que permaneça a conjugação de todos os factores favoráveis
até agora verificados (preços matérias primas, desvalorização do euro, juros baixos
e mercados externos a crescerem), a manutenção deste ritmo de crescimento para
além do curto prazo, sendo bem provável que no final do 2º semestre comece a
surgir algum abrandamento.
CAE, 31 de Agosto de 2017
José Alberto Lourenço
Sem comentários:
Enviar um comentário