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1 de setembro de 2017

Apesar da destruição do aparelho produtivo fruto das políticas de direita e apesar dos constrangimentos da U E a evolução das contas nacionais tem evoluído positivamente  afastando o "diabo" e tirando o sono a Passos , Cristas , Cavaco e Maria Luís-esta ultima perdeu a fala!
- Notas sobre as Contas Nacionais do 2º trm de 2017-
O INE, divulgou hoje a informação desagregada que permite avaliar os vários contributos na óptica da despesa e da produção para a variação registada no PIB, no 2º trimestre de 2017. Nos dados agora publicados o INE divulga ainda informação sobre a evolução trimestral do emprego, na óptica das Contas Nacionais.
Estes dados corrigem a estimativa rápida divulgada no passado dia 14 de Agosto que apontava para um crescimento do PIB no 2º trimestre de 2,8% em termos homólogos e de 0,2% em relação ao 1º trimestre do ano (variação em cadeia). A estimativa agora divulgada aponta para um crescimento homólogo de 2,9% e em cadeia de 0,3%. Com esta correcção de sinal positivo, o 2º trimestre de 2017 regista uma evolução ligeiramente mais positiva do que o 1º trimestre do ano. 
Para o crescimento de 2,9% registado em termos homólogos, o INE considera que o contributo da procura interna, constituída pelo consumo privado, consumo público e investimento, foi de 2,8 pontos percentuais, enquanto a procura externa líquida, constituída pelas exportações menos as importações contribuiu com apenas 0,1 pontos percentuais. No 1º trimestre de 2016 estes contributos tinham sido respectivamente de 2,6 p.p e 0,1 p.p., enquanto no 4º trimestre de 2016 tinham sido de 2,6 p.p. e -0,6% p.p.
Entre as várias componentes da procura interna de referir que enquanto o consumo público registou uma variação homóloga negativa de -0,9%, já o consumo privado cresceu neste trimestre 2,1%, depois de no trimestre anterior ter crescido 2,3%, e o investimento cresceu 9,3% acelerando ainda mais o ritmo de crescimento depois de no trimestre anterior ter crescido em termos homólogos 7,7%. (Vale a pena aqui lembrar uma vez mais o efeito estatístico já que só entre 2011 e 2013 o investimento caiu em termos anuais 38,7%). 
Do primeiro trimestre de 2017 para o 2º trimestre de 2017, a aceleração de 0,1 pontos percentuais verificada no PIB em termos homólogos resultou do melhor comportamento da procura interna, que de um contributo positivo de 2,6 p.p. no 1º trimestre de 2017, passou para 2,8 p.p. (+0,2 p.p.), enquanto a procura externa líquida manteve o mesmo contributo 0,1 p.p. do 1º para o 2º trimestre de 2017.
A análise mais pormenorizada das exportações e das importações de bens e serviços agora divulgadas, quer a preços correntes, quer a preços constantes de 2011, mostra-nos que as importações e as exportações continuando a crescer a bom ritmo registam no entanto uma ligeira desaceleração do 1º para o 2º trimestre de 2017.
No 2º trimestre do corrente ano o crescimento real das importações de bens, pese embora o deflator das importações permanecer superior ao das exportações, supera já o das exportações de bens. O crescimento real das exportações de bens e serviços continua a ser superior ao das importações, dado o bom comportamento das exportações de serviços que aceleraram do 1º para o 2º trimestre em termos homólogos, enquanto a importação de serviços desacelerou de um período para o outro. Tudo leva a crer que esta melhoria na balança de serviços seja o resultado do comportamento do sector do turismo.
Dos dados agora divulgados consta ainda informação sobre a forma como o crescimento do PIB neste trimestre se repercutiu no crescimento dos vários sectores económicos. O Valor Acrescentado Bruto Total cresceu em termos homólogos 2,3%, destacando-se dentro deste o sector industrial (5.2%), o sector da construção (8,1%), o comércio e reparação de veículos e alojamento e restauração (4,1%), as outras actividades e serviços (0,4%) e as actividades financeiras, de seguros e imobiliárias (-0,1%).
Por fim o INE informa que o emprego total no conjunto dos ramos de actividade da nossa economia, corrigido de sazonalidade, cresceu em termos homólogos no 2º trimestre de 2017, 3,5%, enquanto no 1º trimestre esse crescimento tinha sido de 3,2%. Em termos numéricos isto significa que em termos homólogos e na óptica das Contas Nacionais foram criados entre o 2º trimestre de 2016 e o 2º trimestre de 2017, 163 800 empregos, enquanto o nº de empregos remunerados aumentou neste período 138 600.  
Em síntese pode afirmar-se que 2017 registou no 2º trimestre do ano um bom ritmo de crescimento na actividade económica, superando mesmo o ritmo do 1º trimestre do ano, beneficiando por um lado de um bom andamento da procura interna e em especial do investimento e do consumo privado a que não é alheia a melhoria do rendimento disponível das famílias. A procura externa líquida permanece ligeiramente positiva como resultado de um ritmo de crescimento em volume das exportações superior ao das importações. Neste último caso a subida do preço das importações a um ritmo superior ao do preço das exportações e o muito bom comportamento das exportações de serviços, em especial do sector do turismo, foram determinantes.
Os resultados agora obtidos devem no entanto ser avaliados com alguma cautela, não apenas porque o PIB do nosso país em termos reais se encontra ao nível de 12 anos atrás, o que facilita a subida em termos homólogos, mas também porque dado o grau da destruição do nosso aparelho produtivo, a desejável aceleração da procura interna, por via do consumo ou do investimento e o aumento das exportações, inevitavelmente conduzirão ao novo desequilíbrio da nossa Balança Corrente. Só assim não será se ao nível da nossa política económica foram adoptadas medidas de defesa da produção nacional, na substituição de importações e na promoção de exportações com elevado valor acrescentado.  Que se saiba até agora essas medidas ainda não são conhecidas pelo que não é sustentável, mesmo que permaneça a conjugação de todos os factores favoráveis até agora verificados (preços matérias primas, desvalorização do euro, juros baixos e mercados externos a crescerem), a manutenção deste ritmo de crescimento para além do curto prazo, sendo bem provável que no final do 2º semestre comece a surgir algum abrandamento.    
CAE, 31 de Agosto de 2017
José Alberto Lourenço

  

   

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