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27 de setembro de 2017

Cuba respnde a Trump na ONU

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Na terça-feira passada, o presidente Donald Trump veio para nos convencer de que um dos seus propósitos é promover a prosperidade das nações e das pessoas.
Mas no mundo real, oito homens possuem, em conjunto, a mesma riqueza que os 3 bilhões e 600 milhões de seres humanos que fazem parte da metade mais pobre da humanidade.
Em termos de faturamento, 69 das 100 maiores entidades do mundo são empresas multinacionais, não-Estados. Juntas, as dez maiores corporações do mundo têm um faturamento superior às receitas públicas de 180 países somados.
São extremamente pobres 700 milhões de pessoas (4); 21 milhões são vitimas do trabalho forçado; 5,9 milhões de crianças morreram em 2015 antes de completarem os cinco anos, por doenças preveníveis ou curáveis; 758 milhões de adultos são analfabetos.
Oitocentos e quinze milhões de pessoas sofrem de fome crônica, dezenas de milhões a mais do que em 2015. Dois bilhões estão subalimentadas. Se fosse possível recuperar o precário ritmo de diminuição dos últimos anos, 653 milhões de pessoas continuarão famintas no ano 2030 e não seria suficiente para erradicar a fome em 2050.
Os refugiados totalizam 22,5 milhões. Agravam-se as tragédias humanitárias associadas aos fluxos de migrantes e seu número cresce em uma ordem econômica e politica internacional evidentemente injusta.
A construção de muros e barreiras, as leis e medidas adotadas para impedir as ondas de refugiados e migrantes, demonstraram ser cruéis e ineficazes. Proliferam as politicas excludentes e xenofóbicas que violam os direitos humanos de milhões de pessoas e não resolvem os problemas do subdesenvolvimento, da pobreza e dos conflitos, principais causas da migração e da solicitação de refúgio.
As despesas militares totalizam 1,7 bilhões de dólares. Essa realidade contradiz àqueles que alegam que não existem recursos suficientes para acabar com a pobreza.
Porém, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável carece de recursos, por egoismo e falta de vontade politica dos Estados Unidos e de outros países industrializados.
Qual a receita milagrosa que nos recomenda o presidente Trump, a falta de fluxos financeiros do Piano Marshall? Quem oferecerá os recursos para isso? Como pode isto se reconciliar com a ideia dos presidentes Reagan há décadas e Trump agora de “America First”?
Ignora e tergiversa a história e apresenta como objetivo uma quimera. Os padrões de produção e consumo próprios do capitalismo neoliberal são insustentáveis e irracionais e conduzem, inexoravelmente, a destruição do meio ambiente e ao fim da espécie humana.
Por acaso poderão ser esquecidas as consequências do colonialismo, a escravidão, o neocolonialismo e o imperialismo?
Podem ser apresentadas como exemplo de um capitalismo bem-sucedido as décadas de sanguinárias ditaduras militares na América Latina?
Alguém conhece receitas do capitalismo neoliberal melhor aplicadas do que aquelas que destruíram as economias latino-americanas na década de 1980?
É imprescindível e inadiável que as Nações Unidas trabalhem em favor do estabelecimento de uma nova ordem econômica internacional participativa, democrática, equitativa e inclusiva, e de uma nova arquitetura financeira que levem em conta os direitos, as necessidades e as particularidades dos países em desenvolvimento e as assimetrias existentes nas finanças e no comércio mundial, resultado de séculos de exploração e saque.
Os países industrializados têm o dever moral, a responsabilidade histórica e possuem os meios financeiros e tecnológicos suficientes para isso.
Nem sequer para os ricos haverá a prosperidade aqui anunciada, sem deter a mudança climática.
Cuba expressa o seu descontentamento pela decisão do Governo dos Estados Unidos, o principal emissor histórico de gases de efeito estufa no planeta, de retirar seu país do Acordo de Paris.
Em 2016, pelo terceiro ano consecutivo, foram ultrapassados os recordes de aumento da temperatura média global, o que confirma a mudança climática como uma ameaça à sobrevivência da humanidade e o desenvolvimento sustentável de nossos povos.
Reiteramos nossa solidariedade com os pequenos países insulares em desenvolvimento, especialmente do Caribe e do Pacifico, que são os mais afetados pela mudança climática, para os quais exigimos um tratamento justo, especial e diferenciado.
(:::)É responsabilidade de todos preservar a existência do ser humano perante a ameaça das armas nucleares. Uma importante contribuição à consecução desse propósito significou a histórica adoção no âmbito desta Assembleia, do Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, que proscreve tanto o uso quanto a ameaça ao uso dessas armas, as quais têm a capacidade de aniquilar a espécie humana.
Os Estados Unidos se opuseram tenazmente a este tratado. Anunciou que utilizará 700 bilhões de dólares em despesas militares e desenvolve uma doutrina militar extremamente agressiva, que tem como base a ameaça do uso da força e no uso da mesma.
Estados-membros da OTAN atentam contra a paz e a segurança internacionais e contra o Direito Internacional promovendo intervenções militares e guerras não convencionais contra Estados soberanos.
(...) Trago o testemunho do povo cubano que realiza um colossal esforço na recuperação dos severos danos nas moradias, na agricultura, no sistema eletro-energético e outros provocados pelo furacão Irma. Apesar das urgentes medidas de prevenção, inclusive a evacuação de mais de 1,7 milhões e a total cooperação dos cidadãos, sofremos dez falecimentos.
Os dolorosos danos a serviços e as perdas de bens sociais e pessoais, as privações causadas às famílias por longas horas sem energia elétrica ou fornecimento de água realçaram a unidade e solidariedade de nosso nobre e heroico povo.
Repetiram-se comovedoras cenas do pessoal de resgate entregando uma menina que foi salva a sua mãe, um menino tirando das ruínas um busto de Martí, estudantes ajudando famílias que não conheciam, efetivos das Forças Armadas e do Ministério do Interior realizando os trabalhos mais duros, dirigentes locais a frente das tarefas mais difíceis.
O Presidente Raul Castro, desde a zona mais devastada, emitiu um apelo no qual escreveu: “foram dias duros para nosso. Povo, que em apenas poucas horas viu como aquilo que foi construído com esforço foi arrasado por um devastador furacão. As imagens das últimas horas são eloquentes, também o espirito de resistência e vitória de nosso povo que renasce perante cada adversidade”.
Em nome do povo e do governo cubanos, agradeço profundamente as sentidas amostras de solidariedade e afeição de inúmeros governos, parlamentos, organizações internacionais e representantes da sociedade civil.
Expresso profunda gratidão perante os diversos oferecimentos de ajuda recebidos.

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