As declarações de Mário Centeno no
passado fim-de-semana, em entrevista à RTP, sobre o possível desagravamento
fiscal de que os escalões de IRS poderão vir a beneficiar no próximo ano, não
caíram bem junto do PSD e do CDS.
Eles que, agora na oposição, se
assumem como os maiores defensores da redução da carga fiscal sobre as
populações, acham pouco e enquanto Assunção Cristas do CDS, defende o
desagravamento fiscal para todos os escalões de IRS, já Passos Coelho não
reconhece nesse anúncio nenhuma novidade, acha aliás que estamos perante uma
habilidadezinha de comunicação e que se trata apenas do cumprimento do
compromisso de acabar com a sobretaxa.
Com a conivência da generalidade da comunicação
social, que em nenhum momento perante este oportunismo, mostrou a contradição
entre o actual discurso e o enorme aumento do impostos com que esta mesma
direita sobrecarregou os trabalhadores e o povo entre 2011 e 2015, PSD e CDS procuram
uma vez mais tomar-nos a todos por tolos e esquecidos.
Esta mesma direita que agora
hipocritamente se parece bater pela redução da carga fiscal sobre os
portugueses, enquanto no governo, baixou a carga fiscal sobre as grandes
empresas, ao mesmo tempo que, em 2011 aumentou o IVA sobre a electricidade e
gás consumidos pelas famílias de 6% para 23%, em 2012 aumentou o IVA da
restauração de 13% para 23% e em 2013 procedeu a um enorme aumento do IRS, com
a redução do nº de escalões de oito para cinco, com o agravamento das taxas de
cada escalão e com a criação da sobretaxa de IRS. O efeito deste agravamento
fiscal foi tal que só de 2012 para 2013 o IRS aumentou 34%, cerca de mais 3 329
milhões de euros. Nunca com a actual estrutura da carga fiscal, qualquer imposto
sofreu em termos absolutos ou relativos um aumento tão elevado como este que se
verificou em 2013 com o IRS.
Esta mesma direita tão preocupada com
o impacto que as notícias de uma próxima redução da carga fiscal possam ter
sobre os resultados das próximas eleições autárquicas, já esqueceu o que fez em
2015 com a farsa do simulador da devolução da sobretaxa do IRS, colocado na
página do portal das finanças de todos os contribuintes, a quatro meses das
eleições legislativas de 4 de Outubro.
Manipulando os dados da arrecadação
das receitas de IRS e IVA nos meses de Junho, Julho e Agosto deste ano, o
governo PSD/CDS foi alimentando junto dos portugueses a ilusão de que em 2016
se iria proceder a uma grande devolução da sobretaxa de IRS cobrada em 2015.
Pura mentira e clara manipulação dos
dados da execução orçamental que poucas semanas depois das eleições de 4 de
Outubro de 2015 foram desmascarados. Afinal os resultados que o simulador
apresentava não eram verdadeiros e estavam empolados com uma excessiva retenção
de reembolsos do IVA e do IRS, pelo que tudo não passou de uma farsa que visou
enganar milhares de portugueses e que provam quanto a direita é capaz de fazer
para se perpetuar no poder.
Lembrar tudo isto numa altura em que
a pouco mais de uma semana das eleições autárquicas temos novamente o CDS/PP,
com Assunção Cristas travestida de Paulo Portas, armado em partido dos
contribuintes e o PSD com Passos Coelho qual virgem ofendida desvalorizar os
outros pelo cumprimento das suas promessas, constitui um dever cívico ao qual
não nos podemos escusar.
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