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29 de junho de 2018

O sector financeiro nos EUA dá sinais preocupantes

Apesar da evolução da bolsa e dos testes de resistência à Banca- já vimos este filme- algo começa a cheirar a podre no sistema financeiro do Reino de Trump...
A Reserva Federal norte-americana anunciou ontem os resultados da segunda fase dos testes de resiliência aos maiores bancos a operar nos EUA. Dos 35 analisados, 34 tiveram nota positiva. Já a unidade norte-americana do alemão Deutsche Bank terá de colmatar falhas.

Os resultados dos testes foram divulgados após o fecho de Wall Street, pelo que se esperava que as cotadas norte-americanas do sector da banca estivessem hoje a reagir em alta – cenário que se confirma.

O sector da energia, com especial as cotadas ligadas ao petróleo, ajudou também a que as bolsas do outro lado do Atlântico fechassem hoje no verde - numa altura em que o crude continua a ganhar terreno nos principais mercados internacionais.

A contribuir para a valorização do "ouro negro" está o facto de os investidores recearem que o anunciado aumento de produção da Arábia Saudita não compense os cortes previstos no Irão (devido às sanções dos EUA) e Líbia (com as forças da milícia do comandante líbio Khalifa Haftar terem tomado o controlo de alguns dos maiores terminais de exportação de crude do país, impedindo a petrolífera pública National Oil Corporation [NOC] de gerir esse fluxo).
Além do mais, na terça-feira o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou impor sanções aos países que até 4 de Novembro não deixem de comprar petróleo ao Irão, que é o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – e ontem soube-se que o Japão e Taiwan estarão a ponderar parar de importar esta matéria-prima de Teerão.

Apesar das subidas de hoje em Wall Street, o saldo semanal foi negativo, com o renovar das tensões comerciais no início da semana a contribuir para o dito deteriorar do sentimento dos investidores.

Cimeira europeia

Il n’y a pas de quoi être fier, au sommet de Bruxelles

Francois L.

Ne manquant jamais une occasion de critiquer nos élites, les mauvais esprits ont dû s’incliner ce petit matin. « La coopération européenne l’a emporté » a cru pouvoir fièrement déclarer Emmanuel Macron, exprimant le soulagement de tous ceux qui ne savaient pas, en entrant en réunion la veille, comment ils allaient en sortir !
Si le sujet s’y prêtait, cela pourrait rappeler les négociations homériques de l’Europe en construction, où pas une négociation en bonne et due forme ne pouvait se conclure avant le petit matin. Mais nous sommes désormais dans une phase de destruction et les compromis sont désormais faits du pire pour l’essentiel, et de bouts de ficelle pour le reste.

Neocolonialismo e « crise dos migrantes »

A « crise dos migrantes » diminui actualmente na Europa, mas deverá ampliar-se de maneira dramática nos próximos anos. As gigantescas deslocações da população que se preparam, são a consequência da exploração económica contemporânea da África
Dos Estados Unidos à Europa, a “crise dos migrantes” suscita polémicas acesas, internas e internacionais, sobre a política a adoptar a respeito das correntes migratórias. No entanto, essas polémicas são representadas de acordo com um estereótipo que altera a realidade: o dos “países ricos” forçados a sofrer a crescente pressão migratória dos “países pobres”.
Esconde-se a causa de fundo: o sistema económico que, no mundo, permite que uma pequena minoria acumule riqueza à custa da crescente maioria, empobrecendo-a e provocando, assim, a emigração forçada.
A respeito dos fluxos migratórios para os Estados Unidos, o caso do México é exemplificador. A sua produção agrícola desabou quando, com o NAFTA (o acordo norte-americano de comercio “livre”), os EUA e o Canadá inundaram o mercado mexicano com produtos agrícolas baratos graças aos seus subsídios estatais. Milhões de agricultores ficaram sem trabalho, avolumando a força de trabalho recrutada nas ‘maquiladoras’ : milhares de plantações industriais ao longo da fronteira no território mexicano, pertencentes ou controladas principalmente por empresas dos EUA, onde os salários são muito baixos e os direitos sindicais inexistentes. Num país onde cerca de metade da população vive na pobreza, a massa daqueles que procuram entrar nos Estados Unidos aumentou. Daí o Muro ao longo da fronteira com o México, iniciado pelo presidente democrata Clinton quando o NAFTA entrouem vigor em 1994, continuado pelo republicano Bush, fortalecido pelo democrata Obama, o mesmo muro que o republicano Trump completaria agora em todos os 3000 km de fronteira.
No que concerne os fluxos migratórios para a Europa, o caso da África é típico. Ela é rica em matérias-primas: ouro, platina, diamantes, urânio, coltan, cobre, petróleo, gás natural, madeira preciosa, cacau, café e muitas outras. Estes recursos, explorados pelo antigo colonialismo europeu com métodos de escravidão, são agora explorados pelo neocolonialismo europeu, fomentando elites africanas no poder, mão-de-obra local de baixo custo e controlo dos mercados internos e internacionais. Mais de cem empresas citadas na Bolsa de Valores de Londres, tanto no Reino Unido como noutros lugares, exploram em 37 países da África Subsaariana, recursos minerais num valor superior a 1 bilião de dólares.
A França controla o sistema monetário de 14 antigas colónias africanas através do Franco CFA (originalmente um acrónimo de “Colónias Francesas de África”, reciclado como “Comunidade Financeira Africana”): para manter a paridade com o euro, os 14 países africanos têm de pagar ao Tesouro Francês, metade das suas reservas cambiais. O Estado líbio, que queria criar uma moeda africana autónoma, foi demolido pela guerra, em 2011. Na Costa do Marfim (região CFA), as empresas francesas controlam a maior parte do marketing de cacau, do qual o país é o maior produtor mundial: os pequenos agricultores têm apenas 5% do valor do produto final, tanto que a maioria deles vive na pobreza. Estes são apenas alguns exemplos da exploração neocolonial do continente.
A África, apresentada como dependente de ajuda externa, fornece um pagamento líquido anual de cerca de 58 biliões de dólares ao exterior. As consequências sociais são devastadoras. Na África Subsaariana, cuja população ultrapassa um bilião de habitantes e 60% da mesma é composta por crianças e jovens de 0 aos 24 anos, cerca de dois terços da população, vive na pobreza e, entre estes, cerca de 40% - isto é 400 milhões – vivem em condições de extrema pobreza.
A “crise dos migrantes” é, na realidade, a crise de um sistema económico e social insustentável.
Tradução 
Maria Luísa de Vasconcellos R. V.

Circuito de morte no “Mediterrâneo ampliado”


Os holofotes político-midiáticos, focalizados nos fluxos migratórios Sul-Norte através do Mediterrâneo, deixam na sombra outros fluxos: os de Norte-Sul de forças militares e armas através do Mediterrâneo. E ainda mais: através do “Mediterrâneo ampliado”, área que, no quadro da estratégia EUA/Otan, se estende do Atlântico ao Mar Negro e, ao sul, até o Golfo Pérsico e ao Oceano Índico.
No encontro com o secretário da Otan, Stoltenberg em Roma, o premiê italiano Conte sublinhou “a centralidade do Mediterrâneo ampliado para a segurança europeia”, ameaçada pelo “arco de instabilidade do Mediterrâneo ao Oriente Médio”. Daí a importância da Otan, aliança sob comando estadunidense que Conte define como “a pilastra da segurança interna e internacional”.
Uma completa distorção da realidade. Foi fundamentalmente a estratégia EUA/Otan que provocou o “arco de instabilidade” com as duas guerras contra o Iraque, as outras duas guerras que destruíram os Estados iugoslavo e líbio e a guerra para demolir o Estado sírio.
A Itália, que participou de todas estas guerras, segundo Conte desempenha “um papel chave para a segurança e a estabilidade do lado sul da Aliança”. De que modo, compreende-se a partir do que a mídia esconde.
O navio Trenton da Marinha de Guerra dos EUA, que recolheu 42 refugiados (autorizados a desembarcar na Itália diferentemente dos que estavam no Aquarius), não se encontra na Sicília para desenvolver ações humanitárias no Mediterrâneo: é uma unidade veloz (até 80 km/h), capaz de desembarcar em poucas horas na costa norte-africana um corpo de expedição de 400 homens e seus equipamentos.

26 de junho de 2018

UM NOBEL PARA A OCDE, JÁ!


A OCDE «descobriu» que o «elevador social» das principais sociedades capitalistas (da OCDE a 24 países) está «avariado» (1). Isso mesmo: «avariado»!
A OCDE descobriu que «(…) a situação económica das pessoas em Portugal se transmite fortemente entre gerações (…)». Que «(…) em Portugal pode levar aproximadamente 5 gerações para que crianças nascidas em famílias na parte baixa da distribuição de rendimento alcancem o rendimento médio (…)».
Mas não estamos mal acompanhados. Se cá demora 5 gerações a chegar à «classe média», estamos perto da média da OCDE (4,5 gerações), no mesmo patamar que os EUA, Inglaterra e Itália, e melhor que a França e Alemanha, que demoram 6 gerações! O que não deixa de ser interessante para os que, diariamente, atribuem, explicam, todos os males e desgraças do país pelos feitios, vícios, temperamentos, idiossincrasias (e outras fantasias), da «raça portuguesa»!
A OCDE descobriu, nestes tempos tumultuosos que atravessam as sociedades capitalistas, que a receita da social-democracia e da democracia cristã, pregada há 100 anos (talvez melhor, desde que irrompeu o «espectro do comunismo» na Europa (2) e, mais assumidamente, depois da revolução russa de 1917), é falsa. Isto é, o dito «elevador social» movido a educação, segurança social e emprego, sob o jugo do capital, não eleva ninguém! É certo, há excepções para confirmar a regra. A OCDE valida, assim, certamente depois de laboriosos estudos e complexos cálculos matemáticos, ao arrepio da sua ideologia, o que os comunistas há muito afirmam: na sociedade de classes do capitalismo, cada classe reproduz a sua classe. Diz a insuspeita OCDE: «(…) 55% dos filhos de trabalhadores manuais crescem para se tornarem trabalhadores manuais.», «Ao mesmo tempo, filhos de gerentes têm cinco vezes mais possibilidades de se tornarem gerentes do que filhos de trabalhadores manuais». E podia dizer mesmo mais: que os filhos do Belmiro têm todas as possibilidades de serem novos belmiros, os filhos do Amorim, novos amorins, tal como os Espírito Santo foram/são filhos dos espíritos santos…( mesmo se o Belmiro e o Amorim são das tais excepções). Não é por acaso que tanto falam e tanto gostam das (grandes) «empresas familiares», das ditas «dinastias empresariais». O capitalismo não só produz (e «alimenta-se» das) desigualdades (sociais e territoriais), como as reproduz, agravando-as mesmo.
Mas a OCDE descobriu também os remédios, isto é, os mesmos velhíssimos remédios das velhíssimas receitas atrás referidas da social-democracia e da democracia cristã (aliás, medidas propostas por muitos socialistas utópicos): a educação! Que agora, segundo a OCDE, deve ser focada na educação pré-escolar e na qualificação dos adultos. Mas há (oh!) inovação: «A falta de mobilidade na parte baixa [do rendimento] em Portugal pode estar relacionada com o elevado nível de desemprego de longa duração (DLD) e a segmentação do mercado de trabalho». Logo, segundo a OCDE reforçar «novos e serviços de emprego e PAMT (Políticas Activas do Mercado de Trabalho) aos mais necessitados». Remédios que, como é sabido, têm dado resultados extraordinários: cada vez há mais DLD, e só não há mais porque a reforma ou a reforma antecipada retiram muitos dessa estatística.
Notável a perspicácia OCDEza. Mas há dilemas e questões difíceis sobre que a OCDE terá ainda de reflectir: os do fundo não sobem porque são DLD ou são DLD porque são do/estão no fundo? E então, os do fundo, empregados e desempregados de curta duração, não sobem porquê? Uma coisa é certa, os do topo, não chegam a DLD, porque nem a empregados chegam… são ricos a tempo inteiro e de longa duração!
      
A OCDE não explica como «as suas receitas» são concretizadas, compatibilizadas com as suas orientações de políticas económicas, financeiras e orçamentais que desencadeiam cortes nos orçamentos da educação e da saúde, nos apoios sociais, a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, despedimentos e desemprego, a instabilidade profissional e maior precariedade. Como se compatibilizam «as suas receitas» com as ditas e celebradas «reformas», sempre presentes nos relatórios e recomendações da mesma OCDE (e FMI, e CE, e etc.) dirigidas aos países seus associados! Aliás, é notável a desfaçatez com que aborda «as reformas» da legislação laboral do anterior governo PSD/CDS: «(…)reformas do mercado de trabalho, reduzindo as diferenças na Legislação de Protecção do Emprego [juro, que é assim que está escrito!!!] entre trabalhadores temporários e permanentes, ao mesmo tempo que estimulando a mobilidade profissional.». Então não foi! Reduziram, sim senhor: passaram milhares de permanentes a temporários e, logo, reduziram «as diferenças» para todos os que passaram a precários; enviaram milhares de trabalhadores para o desemprego e, logo, um futuro de DLD ou de trabalho precário, ou de biscates e, logo, estimularam «a mobilidade profissional». E quando todos os trabalhadores forem precários, é certo: acaba-se a dita «segmentação do trabalho». Descaramento. Mas a avaliação («rigorosa», «científica») da OCDE não se fica por aqui: «As reformas ampliaram a rede de segurança proporcionada pelos benefícios aos desempregados, fortaleceram o seu quadro de activação e aumentaram a oferta de programas de treinamento de curto prazo e a contratação de subsídios para os desempregados». Para lá do «português ocde», a mentira pura e simples. Então não foi! Reduziram a indemnização por despedimento, que foi facilitado, reduziram a abrangência temporal do subsídio de desemprego e, logo, ampliaram a «rede de segurança» e os «benefícios» dos desempregados! Passaram milhares de trabalhadores de uma actividade laboral regular e estável para a precariedade e o desemprego, isto é, para o activismo do corre, corre, para os centros de emprego e a via-sacra das visitas a empresas (sem trabalho) para obter um carimbo e, logo, fortaleceram o «seu quadro de activação»! Descaramento absoluto.                 
E, para cúmulo, a OCDE, de vez em quando, manda-nos o Álvaro, o ex-dito ministro Álvaro, o autor da tal «Legislação de Protecção do Emprego» de que a OCDE tanto gosta, aconselhar-nos a fazer mais das ditas «reformas». Mas ele não precisa de vir, e pode assim poupar dinheiro à OCDE em viagens e alojamento. Como sabemos o primeiro-ministro A. Costa, do Governo PS, tem em curso, com a ajuda do grande patronato, um esforço sério para consolidar a dita reforma que o próprio Álvaro, ministro da Economia, do governo PSD/CDS, fez. Legislação em que o primeiro-ministro A. Costa não quer mexer, no essencial, porque está de acordo.
A OCDE também não explica porque é que o «elevador» está cada vez mais avariado, apesar da manutenção e reparações a esmo por conselho e por conta dos peritos da OCDE, e de outros da mesma laia. Terá alguma coisa a ver com troikas e companhia, de dentro e de fora?
Nós percebemos bem as preocupações da OCDE. Como explica o Público, que se farta de reproduzir e insistir nas suas páginas (o que outros media também fazem) sobre as vantagens das receitas da OCDE, «Como os perigos decorrentes da estagnação social não são nada negligenciáveis, nomeadamente porque reforçam o risco de aparecimento de movimentos extremistas e populistas que põem as democracias em risco (…)» (Público, 16JUN18).
De facto, como dizia, citando ou por conta própria, o Eng. António Guterres, nos inícios da sua carreira de primeiro-ministro, nos tempos idos de meados da década de 90 (ainda longe do pântano onde mergulhou para ressurgir fénix renascida como Comissário da ONU, antes de ser eleito Secretário-Geral: «Se nós não tratarmos dos pobres, um dia, os pobres tratam de nós».

(1) Na tradução literal do comunicado da OCDE (15JUN18) em português, escreveu-se «quebrado»: «Um elevador social quebrado»
(2) «Anda um espectro pela Europa - o espectro do Comunismo», Manifesto Comunista, 1872)


Texto de Agostinho Lopes publicado no Jornal Económico da passada sexta-feira.

Em busca do ADN perdido


Há quem tenda e não hesite, facultados os meios e propiciada a ocasião, em tentar fazer dos outros tolos. Sobretudo se beneficiar de ausência de contraditório e se puder apresentar aquela auréola de “independência” capaz de dissuadir a mínima contestação tão ao gosto do comentário político dominante. 

Não se resiste por isso a anotar o esfuziante comentário de Marques Mendes às proposta de Rui Rio e de um denominado “conselho estratégico” do PSD sobre a “natalidade”. Sentenciou Mendes: «hoje em coerência só posso elogiá-lo. Rio fez finalmente  o que há muito sugiro e recomendo, apresentar propostas viradas para o fomento da natalidade». Já se reconhecia em Mendes capacidade de profetização na intriga política e de prescrussão nas águas profundas em que os grandes negócios estão submergidos. Adiciona-se agora o perfil de conselheiro partidário, tipo treinador de bancada.

Assinalado que está o que se não quis deixar em branco, passemos aos factos, mais propriamente à natureza e credibilidade do que por eventual exagero foi despropositadamente valorizado. Desde logo a constatação de ser difícil levar a sério as conclusões sobre a matéria, por mais prolixa que se apresente o esparramar da prosa ou melhor encadernada se apresentem, vindas dos que ao longo de anos hipotecaram o direito a uma “política para a infância”. Aquilo que o PSD apresenta como «um desígnio para Portugal» encontra cabal desmentido no rasto governativo que o acompanha:  desde os tempos de Durão Barroso em 2003 quando eliminaram a universalidade do abono de família ou, quando em 2011, Passos Coelho retirou a 650 mil crianças o direito ao abono por via da eliminação do 4º e 5º escalões, a par da redução dos seus montantes e do seu congelamento.

Apresentar-se como defensor de uma «política para a infância» quem tem um rasto de políticas traduzidas no corte e congelamento de salários dos pais, de cortes nas pensões de reforma dos avós, na redução do acesso ao subsídio de desemprego ou no convite à emigração de uma geração de jovens, só pode constituir exercício gratuito de hipocrisia.


Bem pode o conselho estratégico do PSD esmerar-se na escrita para proclamar «a criação de um relacionamento com as empresas que de forma responsável cooperem na criação de emprego com garantias» que não há floreados semânticos que aplainem o rasto deixado pela sua política. Quem roubou feriados, cortou dias de férias e promoveu o aumento do horário de trabalho só por humor pode vir falar de conciliação entre a vida familiar e a vida profissional.


Antecipe-se, entretanto, a resposta àquele testado e conhecido truque de vir Rio dizer agora, mesmo que para isso tenha de inverter o sentido do adágio popular, que “a galinha dele é melhor que a da vizinha”. Ainda a procissão vai no adro e já Rio, acabado de ser chamado a pegar no andor, volta a pisar caminhos de seus antecessores agora por via de manifesto regozijo com o acordo que une o governo do PS, o grande patronato e a UGT para consolidar a regressão social concretizada nos últimos anos, continuar a reduzir direitos aos trabalhadores e, mesmo que afirmem o contrário, a fomentar a precariedade. Reconheça-se não se ver grande coerência no proclamado «equilíbrio entre a  vida familiar e a actividade profissional» e a bênção apressada a um novo passo na desregulação de horários e no aumento do tempo da jornada de trabalho.

Não se omita, entretanto, a “pérola” que a esforçada elucubração saída da concha social-democrata nos havia reservado: a “atribuição” de dez mil euros a cada criança independentemente da situação profissional ou financeira da família. Proposta que alcançaria o objectivo, há muito ambicionado pela direita, de eliminar em definitivo o abono de família  (poupando-se às agruras e críticas inerentes quando novos cortes no acesso a esse direito pudesse vir a decidir). Para lá de, nos agregados familiares   de menores recursos, a resultante global se poder traduzir numa redução do montante da prestação devida pelo abono de família. É inegável a necessidade de promover medidas de incentivo à natalidade. Só que elas são inseparáveis da recuperação de direitos, do acesso a emprego e à estabilidade, de horários dignos que assegurem tempo para viver, desde logo no acompanhamento aos filhos, no reforço dos equipamentos à infância, no alargamento dos direitos de maternidade e paternidade, na consolidação do papel do sistema público de Segurança Social. Sem medidas sérias nestes planos o que se anunciar é publicidade enganosa.

Não se conclua o texto sem registo para o categórico  remate de Marques Mendes, ainda sob os efeitos do deslumbramento que a profundidade propositiva do PSD lhe suscitou:  «É este o ADN do PSD», exclamou! O que, olhando para o passado político do PSD, se tem de concluir que aquele partido ou tem padecido de avaria cromossomática ou de  problemas no genoma partidário. Nada que o sistema imunitário da opinião dominante não sare ou que o metabolismo demagógico não resolva, como por certo acalentarão os Mendes desta terra.

Texto de Jorge Cordeiro publicado no DN da passada sexta-feira.

20 de junho de 2018



Quel plan de sortie de l’euro pour l’Italie?

Publié le 08/06/2018
L’actualité remet sur le devant de la scène le problème de la sortie de l’euro de l’Italie. SI les bienfaits d’une telle sortie, notamment en termes de possibilité de faire baisser le taux de change de la nouvelle monnaie et ainsi de stimuler la croissance, sont clairement identifiés[1][2], il faut se poser la question de la mise en place concrète de ce projet.
Les mini BOTS en question
Des économistes proches du nouveau gouvernement italien ont parlé de mettre en circulation comme une monnaie les bons du trésor italien.[3] Ainsi une nouvelle monnaie existerait en parallèle de l’euro et serait directement placée sous le contrôle du Trésor italien, ce qui pourrait éventuellement servir à remplacer l’euro si la BCE décide de couper l’alimentation en euro des banques italiennes.
Cependant, comme l’a montré Jacques Sapir, l’existence de cette monnaie parallèle, quand bien même elle serait reconnue par l’Etat, ne garantirait pas qu’elle puisse se substituer à l’euro, car pour cela il faudrait qu’elle circule dans l’économie italienne, ce qui est la caractéristique et la fonction d’une monnaie. Les mini BOTS, s’ils étaient mis en place, fonctionneraient en effet comme une nouvelle monnaie, mais sur un plan différent de l’euro, car ils ne seraient rien d’autre que des promesses d’euros, sur le modèle des actifs financiers qui sont tous des promesses de paiement. Mais tout comme les actifs financiers ne circulent bien qu’en période de confiance, et tendent à disparaître en période de turbulence et de crise, ces mini BOTS auraient certainement du mal à s’imposer par eux-mêmes comme une monnaie utilisée par tous. De plus dans leur essence, ils ne se substitueraient pas à l’euro puisqu’ils seraient en fait des promesses d’euro. Paradoxalement, Ils auraient donc en fait besoin de l’euro pour fonctionner, et c’est là une faiblesse en cas de coupure brutale de l’alimentation en euros par la BCE. Ils fonctionneraient un peu à l’image des billets au temps de l’étalon-or, au long du 18e et du 19e siècle, quand les billets étaient en fait la matérialisation de promesses de paiement en monnaie métallique réellement existante dans les banques. Ces billets étaient en fait des promesses de paiement en monnaie métallique, leur solidité dépendait donc de la monnaie métallique elle-même, même si des siècles d’utilisation et de confiance ont fini par les faire considérer comme une monnaie eux-mêmes, ce qu’ils n’étaient pas à l’origine. Mais cette mutation s’est produite dans le temps long et dans une période de confiance, et l’on peut donc dire que les mini-BOTS seraient une bonne idée pour le moyen et long terme, mais ne seraient peut-être pas suffisamment solides pour se substituer à l’euro à court terme.

Negócios & politica e bons lucros...

Sergio Monteiro & Pires de Lima... Só falta a Maria Luís e o Relvas
A Altice chegou a acordo para vender activos em Portugal e em França "com uma contrapartida inicial de 2,5 mil milhões de euros", revelou a empresa em comunicado emitido esta quarta-feira, 20 de Junho. 

A Altice explica que "como parte da transacção, a Altice Europe irá criar uma das maiores empresas de torres de telecomunicações (TowerCo) da Europa". As empresas que serão criadas serão detidas pela Altice em parceria com outros agentes. E é desta forma que a Altice encaixa os 2,5 mil milhões de euros.  
Neste negócio são criadas duas empresas. No caso de Portugal, a Altice vai vender 75% da empresa que será criada a "um consórcio do qual faz parte a Morgan Stanley Infrastructure Partners e a Horizon Equity Partners", explica a empresa. Esta entidade "vai abranger 2.961 sites actualmente operados pela empresa"
A Horizon Equity é uma empresa constituída em 2017 e que tem como administradores, segundo os registos comerciais, Sérgio Monteiro e António Pires de Lima.Pires de Lima era ministro da Economia e Sérgio Monteiro secretário de Estado quando a Altice comprou a PT Portugal. E nesse ano, em 2015, Pires de Lima até fez elogios por a Altice comprar a PT. "Espero que a PT Portugal encontre nestes investidores franceses um accionista, aquilo que precisamente a empresa não teve nos últimos anos", declarou então .  Amores com amores se pagam !!!

18 de junho de 2018

Uma semana a tapar buracos sem futuro


La semaine des replâtrages sans avenir


À la veille d’un Conseil franco-allemand de la dernière chance de demain mardi, les dirigeants allemands et français sont toujours à la recherche d’un replâtrage de dernière minute de leur « feuille de route ». On ne se perdra pas dans les détails.
Mais, après avoir été poussés à se mettre d’accord sur une refonte a minima de la zone euro permettant à Emmanuel Macron de sauver les apparences, ils doivent désormais faire face à la grande confusion qui s’est généralisée à propos des réfugiés, chacun n’en faisant qu’à sa tête et Angela Merkel appelant en pure perte à une solution collective sur un terrain où elle est politiquement très vulnérable.
Faite d’atermoiements quand elle ne surprend pas son monde par des initiatives individuelles – l’arrêt de l’électronucléaire, l’ouverture des frontières aux réfugiés – la politique d’Angela Merkel a atteint ses limites, et l’Europe témoigne de manière exemplaire de son incapacité à résoudre collectivement les problèmes qu’elle rencontre.
L’arrivée au pouvoir de la Ligue italienne d’extrême-droite et l’ultimatum de la CSU bavaroise – révélant le mécontentement d’une grande partie des députés de la CDU – ont créé une situation inextricable. Et même si les dirigeants de la CSU accordent finalement à Angela Merkel les deux semaines avant le prochain sommet qu’elle réclame pour négocier un compromis, elle ne sera pas sortie d’affaire pour autant.
Afin de ne pas précipiter la chute de la coalition, le ministre de l’intérieur de la CSU Horst Seehofer pourrait en effet prendre un décret fermant les frontières aux réfugiés tout en décidant de surseoir à son exécution dans l’attente du sommet européen.
Devant le refus d’accueillir ceux qui sont enregistrés dans leur pays d’arrivés (les « dublinés ») et ceux qui s’y refusent (« les clandestins »), la chancelière voudrait négocier avec la Grèce et l’Italie qu’ils gardent les réfugiés sur leur sol, ce qui impliquerait de leur accorder des compensations sur les terrains brûlants de la dette et des contraintes budgétaires (1).

O dito capitalismo regulado

Novo artigo em Praça do Bocage

Os Reguladores, regulam?

por Demétrio Alves
jongleur2O mês de Maio de 2018 foi, em termos de preço da eletricidade transacionada no mercado grossista (MIBEL/OMEl) o mais caro desde 2008, apontando-se para os 62 €/MWh.
Aliás, o  MIBEL foi, em 2017, a segunda “bolsa” de eletricidade mais cara da Europa, com um valor ponderado anual de 53 €/MWh, que compara, por exemplo, com o valor correspondente em França, que andou nos 45 €/MWh!
Estamos com preços altíssimos e com fortes repercussões socioeconómicas para os quais são necessárias explicações claras e urgentes.
Os fervorosos adeptos do mercado diziam, há alguns anos atrás, que a liberalização e privatização das empresas de eletricidade traria o paraíso aos consumidores e aos contribuintes portugueses.
Sabemos que, na realidade, isto não é verdade, já que as tarifas/preços da eletricidade (e do gás natural) são, em Portugal, das mais elevadas no contexto europeu.
Na realidade as grandes empresas instaladas no setor energético têm tido nos últimos anos, incluindo aquelas que atuam a coberto do lobby das energias renováveis, lucros que, pela sua escala, são escandalosos e atentatórios dos interesses comuns. Isto para além da hipótese de haver atuações que venham a ser merecedoras de condenação judicial. De facto,  o que se passa à sombra da legalidade construída é, em si mesmo, politicamente criminosa, porque o conteúdo  dos diplomas legais fundamentais desrespeita e violenta grosseiramente os interesses nacionais.
Em princípio, de acordo com a teoria dos mercados, a formação dos preços da eletricidade seria influenciada por vários fatores, designadamente:
  • A estrutura de produção em termos de tecnologias empregues (mix tecnológico);
  • Os preços e condições de energia primária;
  • O regime hidrológico;
  • O mercado de licenças de emissão de CO2;
  • A procura de eletricidade;
  • A capacidade/disponibilidade produtiva.
A constituição do parque electroprodutor é crítica na formação dos preços de eletricidade na medida em que pode condicionar a sua vulnerabilidade a aspetos específicos das energias primárias ou das condições hidrológicas, solares e eólicas.
 A maior parte da eletricidade produzida em Portugal é, em termos do diagrama de base, proveniente de centrais térmicas, nomeadamente de centrais a carvão e gás natural, e, também, da produção hidroelétrica. Isto, não obstante a crescente produção a partir de centros produtores eólicos estimulados e protegidos por preços subsidiados numa proporção artificialmente empolada.
Em Portugal, como em outros países, estamos sujeitos à volatilidade dos preços dos mercados internacionais de energia primária, sendo a formação dos preços de eletricidade no mercado grossista influenciada quer aqueles preços.
Como a eletricidade não nos pode chegar de camião, navio ou avião, a capacidade de interligação a à rede espanhola e, indiretamente, francesa e europeia, é decisiva. Coisa que não é um fator que dominemos, não obstante as declarações políticas muito repetidas nos últimos tempos.
A acrescer aos preços internacionais de energia primária, o “mercado” das emissões de CO2 veio a criar um mecanismo que pressiona os preços finais da eletricidade, isto porque a questão climática (diferente da ambiental) passou a refletir-se na estrutura de custos das centrais térmicas, nomeadamente nas centrais a carvão, onde o nível de emissões de CO2 é mais elevado.
Este novo “custo”, a internalizar no preço final da eletricidade, veio a constituir um importante factor na definição de políticas energéticas tendo em consideração a preocupação, muito acarinhada na Europa, a respeito das alterações climáticas.
Na produção em centrais hidroelétricas, a valia da água tem um custo de oportunidade, que varia com o nível de armazenamento e o regime hidrológico verificado (ano húmido ou seco).
No presente, o preço do petróleo está nos 68 USD/barril quando já esteve, há alguns anos atrás, bem acima do 100 USD/barril. O preço do carvão importado (steam coal) têm variado, com tendência a descer desde dezembro de 2017 e inclinando-se mais recentemente para os 65 €/ton.
Ficou registado que o mês de Maio de 2018 foi, em termos de preço da eletricidade transacionada no mercado grossista (MIBEL/OMEl) o mais caro desde 2008. Ora, naquele ano, havia menos 30% de capacidade de produção eólica instalada em Portugal, ou seja, chegava ao mercado grossista muito menos eletricidade desta origem.
Por outro lado, a hidraulicidade está, em 2018, 20% acima do ano médio, havendo, portanto, muito potencial elétrico armazenado nas albufeiras.
No dia 10 de junho, domingo e feriado, a eletricidade chegou a cerca de 63 €/MWh às 23 horas, quando havia grande produção eólica.
Desconhecem-se restrições nas interligações existentes entre Portugal e Espanha, e indisponibilidades significativas no parque electroprodutor ibérico, inclusive nas centrais nucleares.
Não obstante a hidroeletricidade e eólica disponíveis, e tendo ainda em conta que o custo marginal da eletricidade produzida na central de Sines (a carvão), andará nos 42 €/MWh, os preços estão elevadíssimos.
Como se explicam tais preços? Que tipo de anomalias estão a ocorrer? As autoridades reguladoras, ERSE e Autoridade da Concorrência, já indagaram? E, se já analisaram a situação, quais são as conclusões?
O atual “mercado” grossista de eletricidade é uma coisa opaca, difícil de “ler” e dominada por meia dúzia de centros de decisão empresarial (há três fornecedores e cerca de trinta comercializadores, mas, de facto, centros empresariais independentes são muito menos).
Tudo parece indicar que há, no mínimo,  uma falha grosseira de mercado.
Acrescentar que os célebres CMEC -  que os consumidores portugueses pagam através da aditividade dos CIEG - estão “apenas” relacionados com as centrais hidroelétricas. Que pertencem, no fundamental, à EDP.
Assim, quanto maior for o preço da eletricidade comercializada na pool/MIBEL mais a EDP ganha, independentemente do preço das matérias primas energética (gás natural e carvão) nos mercados internacionais.
Sabendo-se que o preço no MIBEL esteve acima dos 50 €MWH durante o ano de 2017 (continuando à volta dos 60 em 2018) e, por outro lado, continuando em vigor o enquadramento legal relativo aos CMEC, pergunta-se: quem é que tem “autorizado” a EDP a receber o subsídio indemnizatório CMEC? A ERSE? A secretaria de Estado?
A EDP deveria, de facto, retornar dinheiro ao sistema, sempre que a eletricidade estivesse acima dos 50 €/MWh. Isto de acordo com o que está legislado. A não ser respeitada esta condição não estamos já perante “rendas excessivas”, mas, sim, “rendas abusivas”!
Os fundamentalistas do mercado neoliberal acham que os Reguladores têm nas suas mãos a resolução destes problemas.
Mas, será que os Reguladores, regulam bem?
Mais, há que perguntar se, na matriz das entidades Reguladoras, está, de facto, a defesa dos interesses comuns.

A Santíssima Banca

Ganhar em todos os carrinhos

Santander Totta pode usar 250 milhões do ex-Banif

Mário Centeno respondeu positivamente ao requerimento do Santander Totta para fazer uso de activos por impostos diferidos absorvidos com o Banif o que permitirá pagar menos impostos no futuro. 
É caso para dizer :santíssima banca , santo Centeno , bem aventurado PS

16 de junho de 2018

Silêncio

Perante o silêncio dos habituais ditos defensores dos direitos do homem , dos ditos observatórios , dos ditos jornais de referência , dos comentadores... prossegue o genocídio no Yémen com a bênção dos EUA e a intervenção da Arábia Saudita .
http://www.moonofalabama.org/2018/06/us-grants-approval-for-genocide-in-yemen.html
Tradução em Francês :
Le génocide au Yémen va commencer demain [voir deuxième article ci-dessous - LGS]. Huit millions de Yéménites sont déjà au bord de la famine. Dix-huit millions de Yéménites sur vingt-six vivent dans le centre montagneux (en vert) qui est sous le contrôle des Houthis et de leurs alliés. Ils sont encerclés par les forces saoudiennes, les forces des Émirats arabes unis et leurs mercenaires. Il y a peu d’agriculture. La seule ligne d’approvisionnement en provenance de l’extérieur sera bientôt coupée. Les gens vont mourir de faim.

15 de junho de 2018

As fissuras na UE agravam se

Na Alemanha, as divergências entre a União Democrata-Cristã e a União Social-Cristã ameaçam tornar-se num perigo real para a coesão do governo e dos dois partidos. Pela primeira vez, em décadas, CDU e CSU reuniam-se, separadamente, no Bundestag, o parlamento alemão. 
"Não escondo que temos uma situação séria, muito séria. Para alguns, esta situação é um momento histórico", adianta Alexander Dobrindt, da CSU.
No centro da discórdia está a questão de se a Alemanha deve ou não acolher os refugiados que estão nas suas fronteiras. Para Angela Merkel a decisão não cabe apenas ao seu país:
"Pessoalmente, penso que a imigração ilegal é um dos grandes desafios para a União Europeia, por isso não acredito que devamos agir unilateralmente, não devemos agir de forma descoordenada e não devemos agir à custa de terceiros", explica Angela Merkel.
Merkel recebeu um ultimato: tem até segunda-feira para apresentar uma solução.

Relíquias

Jorge Cordeiro

Do relicário do capitalismo ocupa lugar de relevo a “regulação”. Com as devidas distâncias de épocas, o papel central atribuído às entidades reguladoras na vulgata planetária da reconfiguração neoliberal do Estado (concebido à margem da economia e da sociedade) está, em termos de estratégia de apropriação do alheio, como a que Teodorico – essa figura retratada por Eça de Queirós – usara para se apoderar da fortuna da sua velha, beata e muito rica tia. Com a diferença que, no caso presente, ninguém vai ao engano. Basta designar dentro de portas uns quantos “peritos”, atribuir-lhes os poderes bastantes para zelar pelos interesses dos grupos monopolistas, apor-lhes a chancela de “independente”, elaborar uns pareceres que legitimem a cartelização ou o saque de recursos e património públicos, e está feito. Desculpe-se a omissão que só por mera distracção iria ocorrer, esperar que se “façam de mortas” como mostra toda a história recente do atribulado processo do sistema bancário português com a sua gestão danosa e fraudulenta, e que só a custo de muita denúncia e públicos escândalos dão sinais de vida. Como se vê tudo mais linear, menos rebuscado e fatigante. Em comparação com as andanças de Teodorico, poupa-se a viagem à Terra Santa que o ambicioso sobrinho encetara, evitam-se sobressaltos, previne-se o risco da desastrosa e quase irreparável  troca da coroa de espinhos por uma comprometedora peça de roupa interior, evita-se a falsa invocação de Santa Maria Madalena. Basta repetir cem vezes, até se ser levado a acreditar, a “independência” das mesmas.

Outros exemplos não houvesse e as últimas notícias sobre o Novo Banco seriam suficientes para recordar e atestar do papel do “regulador”. Ficou  o País a conhecer que o Novo Banco passou a gestão dos imóveis (nove mil segundo consta) e a colecção de obras de arte para a Hudson Advices, empresa detida pela Lone Star. A saga que conduziu à resolução do BES/GES, o processo de aquisição em saldo do Banco pela Lone Star, depois de ver garantida a protecção do Governo para a concretização do negócio, diz quase tudo sobre o papel do Banco de Portugal  e a putativa regulação que lhe caberia. Compreender-se-á assim que Donald Quintin, administrador da Lone Star se tenha declarado «entusiasmado com o futuro do Novo Banco». Só não vê quem não quer o que salta à vista. O  percurso de intervenção destas Entidades põem a nu a fraude que constituem e quanta mistificação encerra essa construção do Estado “regulador”, e não produtor, concebido para assegurar a captura do interesse público pelo privado. Avalie-se o “falhanço” geral destas entidades e extraiam-se conclusões.

BCE - ultimas decisões

O BCE decidiu apontar para o Verão do próximo ano. Os juros não vão mexer "pelo menos ao longo do Verão de 2019 e, em qualquer caso, por quanto tempo for necessário para assegurar que a evolução da inflação 
(...)O Banco Central Europeu (BCE) indicou esta quinta-feira duas alterações da política monetária no futuro: uma sobre o programa de compras de activos soberanos, outra sobre as taxas de juros directoras. O Negócios passou o discurso de Draghi a pente fino e dá-lhe conta das 7 razões que justificaram as medidas.

Primeiro, o que está em causa. A novidade mais imediata diz respeito ao fim das compras líquidas de activos soberanos: se os dados de inflação confirmarem as projecções, a partir de Setembro as compras líquidas passam dos actuais 30 mil milhões de euros mensais, para metade. Depois, a partir de Dezembro, as compras líquidas terminam e o programa fica limitado ao reinvestimento do stock do BCE.

A segunda novidade diz respeito aos juros directores: pela primeira vez o BCE levantou o véu sobre o calendário que tem em mente para o fim dos juros zero. Até agora, Mario Draghi indicava apenas que os juros se iriam manter inalterados "durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de activos".

14 de junho de 2018

Afin de sauver sa coalition, Angela Merkel va devoir négocier avec les gouvernements grecs et italiens, un étonnant retournement de situation. Que va-t-elle pouvoir leur offrir pour qu’ils acceptent de conserver tous les réfugiés abordant en Europe dans leurs deux pays ? Les hypothèses ne manquent pas. Les Grecs pourront demander que le remboursement de leur dette – dont le sort continue de faire débat – soit soulagé, et les Italiens un appui à leur politique migratoire européenne, ou bien de la mansuétude pour leurs dépassements budgétaires à venir…

Retournement imprévu de situation en Europe

On ne savait pas comment les lignes allaient pouvoir bouger en Europe, toutes les conditions de l’immobilisme étant remplies. C’était sans compter avec la nomination au ministère de l’Intérieur italien du leader de la ligue d’extrême-droite, Matteo Salvini qui avait un plan et n’a pas tardé à l’exécuter avec bonheur (de son point de vue).
Moins visible mais plus déterminant, l’opposition à la politique d’Angela Merkel s’est cristallisée au sein de son propre parti, la CDU. Des rumeurs de vote de confiance au Bundestag dont elle pourrait ne pas sortir victorieuse circulant. Selon d’autres rumeurs, une large majorité du groupe parlementaire de la CDU serait en désaccord avec la politique suivie par la chancelière et n’attendrait qu’une occasion pour le manifester. En tout état de cause, elle est dans ses petits souliers.
L’ouverture des frontières qu’elle avait décidée n’a jamais été digérée et une réorientation de sa politique est en vue. Le ministre de l’Intérieur et leader de la CSU s’en charge en exigeant que les frontières allemandes soient fermées aux réfugiés enregistrés en Italie et en Grèce, qui doivent donc les garder.

13 de junho de 2018

As contradições acentuam-se


Les lignes bougent de tous les côtés

La provocation de Matteo Salvini a atteint son but au-delà de toute espérance. Il a mis en évidence la cacophonie européenne qui ne demandait qu’à se réveiller à propos des réfugiés et dont il entend profiter. Elle ne va pas manquer de s’exprimer lors du sommet de fin juin, où une nouvelle réglementation succédant à celle Dublin n’a aucune chance d’être trouvée. Entre répartir une immigration sélectionnée grâce à la redéfinition du droit d’asile et barricader les frontières de l’Europe, le choix est impossible.
Mais cela va plus loin. Angela Merkel est soumise à des pressions renforcées venant de son ministre de l’intérieur de la CSU, Horst Seehofer, ainsi que de son propre parti la CDU. Les autorités autrichiennes d’extrême-droite souhaitent la constitution d’un « axe » – terminologie de triste mémoire – regroupant les gouvernements allemands, autrichiens et italiens. La portée du coup de téléphone entre le ministre et Matteo Salvini n’était pas seulement symbolique. La chancelière, qui résiste, va devoir trouver un compromis de plus afin sauver sa coalition qui ne survivrait pas au départ de la CSU.

Bendita U.E

Lusa 13 de junho de 2018 às 14:37Menos 14 milhões
Portugal vai receber 378,5 milhões de euros para o sector das pescas no próximo quadro financeiro plurianual (QFP)2021-2027, menos 14 milhões do que a verba inscrita no orçamento em vigor, disse esta quarta-feira, 13 de Junho, à Lusa fonte comunitária.

O envelope para Portugal previsto na proposta do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP) para o período 2021-2027 é de 378,5 milhões de euros, face aos 392,5 milhões de euros do QFP em vigor até finais de 2020. 

O Capitalismo popular , sempre o mesmo engodo...

Macron vai privatizar e lança de novo a lenga lenga dos accionistas populares.
Lembram se das campanhas do capitalismo popular ... para levar o pessoal a aceitar as privatizações .
As acções para os trabalhadores...


No pelotão da frente da vaga de privatizações que se iniciaram após a revisão constitucional

de 1989 (que acabou com a irreversibilidade das nacionalizações) já tinham

ido muitas empresas, como a Unicer, Banco Totta & Açores,

Banco Português do Atlântico, Cimpor ou a Portugal Telecom, e era apenas
 uma questão de tempo

até chegar a vez da EDP.
A 16 de Junho de 1997, uma segunda-feira, foram dispersas 179.960 mil acções,
representativas de 29,99% do capital da empresa, gerida na altura
 por António de Almeida (hoje presidente da Fundação EDP).




Na cerimónia de apresentação dos resultados, que contou com a presença
de Teixeira dos Santos

(então secretário de Estado do Tesouro) e de José Penedos (secretário de Estado da Energia,

e que viria a ser presidente da REN),

12 de junho de 2018

Uma foto que fala por si

La foto del G7 que lo dice todo de las relaciones de EE.UU. con sus presuntos aliados

El diario


- Una imagen tomada por un fotógrafo del Gobierno alemán resume el enfrentamiento de Trump con los líderes de Europa, Canadá y Japón
Las grandes cumbres de jefes de Estado y Gobierno raramente ofrecen imágenes memorables. En un entorno protegido por las medidas de seguridad y la idea de que hay que mantener alejados a los periodistas, todo ocurre detrás de una puerta cerrada.
La cumbre del G7 celebrada en Quebec ha deparado una fotografía con varios de sus protagonistas en una escena con lecturas interesantes. Lo primero que hay saber es cómo llegó la foto a Twitter, porque no procede de un medio de comunicación.  La distribuyó Steffen Seibert, un experiodista que dirige la oficina de prensa del Gobierno alemán. Su autor es Jesco Denzel, fotógrafo que forma parte de la delegación alemana en la cumbre.

Los protagonistas

Hay dos personajes fundamentales en la imagen y uno de ellos es Donald Trump. Hemos visto ya muchas imágenes del presidente de EEUU demostrando su ego y su particular idea del poder. Esta va aún más lejos. Trump aparece sentado mientras todos los demás están de pie. No aparenta estar muy preocupado, sólo escucha lo que le dicen, pero con los brazos cruzados no parece muy interesado en los argumentos que escucha de sus interlocutores.
Se diría que le están intentando convencer de algo. Y que no está muy dispuesto a aceptar esas ideas.(...)https://www.eldiario.es/internacional/foto-cumbre-G7_0_780422379.html


A orquestra vermelha


Suzanne Cointe, du mouvement musical engagé dans les années trente au réseau l’orchestre rouge, par Jacques Sapir

Suzanne Cointe est une figure, aujourd’hui tombée dans l’oubli, mais dont l’importance est indéniable tant dans la vie culturelle des années 1930 que dans la guerre contre le nazisme. Le livre que Christian Langeois[1] lui consacre est intéressant à plus d’un titre, Fille du général Georges Sosthène Cointe, militante communiste dans les organisations culturelles que le PCF construisit dans le milieu musical dans les années trente, et membre du fameux réseau de Léopold Trepper, que les allemands avaient surnommé L’orchestre rouge, elle méritait à l’évidence cette bibliographie qui la sort de l’oubli[2]


Un livre double

Ce livre rappel tut d’abord le milieu d’origine de Suzanne Cointe, de petits notables de province qui profitèrent des canaux de promotion sociale ouverts à la fin du Second Empire et au début de la Troisième République. La carrière du père de Suzanne, le général Georges Sosthène Cointe en est une illustration. Le milieu d’origine de Suzanne Cointe est donc conservateur et patriote. Elle s’en écartera sans rompre cependant avec lui. Puis, il décrit tout d’abord l’atmosphère, mais aussi les organisations, que le PCF avait créé dans le milieu de la musique de la fin des années 1920 à la seconde guerre mondiale en cherchant à resituer la personnalité et le rôle de Suzanne Cointe. Les chapitres qui y sont consacrés sont certainement les plus intéressants de l’ouvrage.