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18 de outubro de 2024

O império no seu esplendor

Segundo a Forbes os 15 mais ricos dos EUA detêm 2,1 milhões de milhões de dólares; os 10 primeiros 1,6 milhões de milhões. Entre os 20 mais ricos a nível mundial apenas 5 não são dos EUA. Falamos do êxito de um império esplendoroso, de tal forma que em 2014 os 10 primeiros detinham "apenas" 440 mil milhões de dólares. Bilionários adquirem iates de dezenas de milhões de dólares, que usam uma ou duas semanas por ano e gastam cinco milhões só para manutenção. Perante o êxito desta riqueza não deverão todos curvar-se e seguir as suas "regras"? Não.

Aqueles valores são simplesmente o resultado das insuperáveis contradições de uma sociedade doente. Um dos aspetos é o acréscimo da exploração. A produtividade aumentou 77% desde 1973, mas o salário hora cresceu apenas 12%. Se o salário mínimo federal fosse vinculado à produtividade, seria superior a 20 dólares e não 7,25 dólares. Isto alia-se a uma  situação social cada vez mais degradada.

É dado existirem 44,2 milhões de pobres, 618 mil sem abrigo. As mortes por droga atingiram agora num ano, 126 252, em 2020, 91 800. O desemprego real é de 13,9 milhões (em 2020, 9,3 milhões) com 27 milhões trabalhando com horários incompletos.

Há cerca de 2 milhões de presos, sendo o país com mais presos em termos absolutos em relação à população. Entre 41 e 48 mil presos estão em regime de “isolamento” (preso mantido pelo menos 15 dias nesta situação).  O número de mortes pela polícia em 2023, foi  de 1274 pessoas (em 2022, 1176). Nos últimos 3 anos, os tiroteios em massa têm sido em média 600 por ano, 1,6 por dia.

Já aqui foram abordadas aconsequências das catástrofes, a inoperância do sistema e a falta de dinheiro para os serviços públicos. As infraestruturas estão degradadas, o emprego industrial tem-se reduzido representando apenas 9,4% da força de trabalho. Em 2024, a participação dos EUA na economia mundial é de 14,76%, porém 20% da economia dos EUA é composta por sectores improdutivos, como finanças, seguros e imóveis. O sistema de saúde representa quase um quarto dos gastos nos EUA. Em termos produtivos a participação dos EUA na economia mundial é pouco mais de 8%, o que não dá aos Estados Unidos capacidade para poder para ditar os termos dos assuntos mundiais, as suas "regras"

Mas os EUA têm de enfrentar outros problemas graves. O défice da Balança comercial, é de 1,1 milhões de milhões de dólares (3,9% do PIB). A dívida federal ascende a 35,7 milhões de milhões de dólares, 124,3% do PIB, crescendo 1,7 milhões de milhões por ano, 5,9% do PIB. Considerando as dívidas dos Estados e locais, a dívida pública total representa 137,6% do PIB. A dívida total (incluindo empresas e famílias) é de 102,3 milhões de milhões. Os EUA são na realidade um país de pobres em termos líquidos: a dívida por cidadão é cerca de 76 mil dólares, a poupança por família 10 mil. Neste panorama a finança  feliz recebe por ano de juros em termos líquidos, 700 mil milhões de dólares.

Os EUA conviveram bem com o problema da dívida porque era sobretudo um problema para outros. Isso está a acabar. À medida que o BRICS, a OCX, etc., se expandem, a desdolarização acelera. Com o dólar sendo usado como a moeda principal no comércio internacional os EUA conseguiam manter um controlo sobre as finanças e o comércio internacionais, podendo ter empréstimos do resto do mundo na própria moeda que emitiam. Esta forma de imperialismo, tornou-se uma questão de sobrevivência. A manutenção da sua capacidade de empréstimos irrestritos, foi possível por meio de "revoluções coloridas", golpes de Estado, ingerência, intervenções militares, tornando os EUA um império do caos. Em Washington, acreditam que ainda podem mantê-lo, mas está cada vez mais difícil encobrir que grande parte do mundo está a sentir-se livre para ignorar os seus desejos.

O caos agrava-se dado que o país não é capaz de apresentar líderes minimamente credíveis expondo políticas consequentes. Kamala, ri ou atrapalha-se e zanga-se quando lhe fazem perguntas concretas sobre as suas propostas. Trump irá entrar em conflito com os interesses estabelecidos gerando uma gestão caótica, isto se não levar um tiro. A campanha resume-se a espetáculo mediático e criticas pessoais, os problemas do sistema imperial-oligárquico ( com o qual a UE/NATO alinha feliz e contentepermanecem sem solução, agravam-se. 


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