Linha de separação


3 de outubro de 2024

O novo primeiro ministro Inglês é fresco

 De Carlos Coutinhofacebook

ENQUANTO, por esse Portugal fora se celebrava o 114.º aniversário, eu ia vendo imagens nos telejornais e matutava nas últimas notícias que chegavam da monarquia britânica. 
   Caiu-me no goto a atitude de Rosie Duffield, deputada trabalhista que, assustada com as consequências dos genocídios israelitas patrocinados pelos EUA, na Faixa de Gaza e certos bairros de Beirute, abandonou o seu partido e vai continuar no Parlamento britânico como deputada independente, tendo já publicado no “Sunday Times" a carta que escrevera ao seu ex-secretário-geral, Keir Starmer, acusando-o de “corrupção” e “nepotismo”, além de lhe lembrar a falta de experiência política e total insensibilidade relativamente à pobreza infantil.
   “Como se atreve” diz, “a pegar na nossa ansiada vitória, na confiança sagrada e preciosa do eleitorado e a atirá-la de novo à cara de cada um deles e à cara dos deputados trabalhistas, dedicados e trabalhadores? A desonestidade, o nepotismo e a aparente avareza são de uma dimensão fora de série. Estou tão envergonhada com o que o senhor e o seu círculo íntimo fizeram para manchar e humilhar o nosso outrora orgulhoso partido!”
   Mais:
   “Uma pessoa com uma riqueza  muito acima da média que opta por manter o limite de dois filhos imposto pelos conservadores para o pagamento de subsídios, o que faz com que as crianças continuem a viver na pobreza, ao mesmo tempo que inexplicavelmente aceita presentes pessoais caros, como fatos e óculos de marca, que custam mais do que a maioria dessas pessoas pode pagar, é totalmente indigna de ter o título de primeiro-ministro trabalhista.” 
   Keir Starmer afirmou, logo no dia 20, que iria deixar de aceitar presentes e a hospitalidade dos doadores do partido, o que tem muita piada, porque a verdade é que lhe basta manter a vassalagem aos EUA, dentro e fora da NATO. É uma resignação ingênua, mas tem as suas vantagens nos mais variados compromissos e negócios pessoais e do Reino Unido que está a governar atabalhoadamente.
   De facto, entre 29 de maio e 13 de junho últimos, a sua família esteve hospedada por conta de Waheed Ali, que tem assento na Câmara dos Lordes, proposto pelos trabalhistas, o que é uma prebenda com um custo superior a 20 libras (mais de 25 mil euros).
   Para ser franco, nem sei o que pensar de tudo isto, apesar de saber que foi já século XIX que a social-democracia, por traição de Lassale e do “renegado” Kautsky,  o checo-austríaco que se levantou como corifeu do revisionismo, se opôs para sempre ao socialismo científico, ou democracia socialista, que aprofundava raízes na Alemanha, na França e na Inglaterra.

Sem comentários: