De Carlos Coutinhofacebook
ENQUANTO, por esse Portugal fora se celebrava o 114.º
aniversário, eu ia vendo imagens nos telejornais e matutava nas últimas
notícias que chegavam da monarquia britânica.
Caiu-me no goto a atitude de Rosie Duffield, deputada trabalhista que,
assustada com as consequências dos genocídios israelitas patrocinados
pelos EUA, na Faixa de Gaza e certos bairros de Beirute, abandonou o seu
partido e vai continuar no Parlamento britânico como deputada
independente, tendo já publicado no “Sunday Times" a carta que escrevera
ao seu ex-secretário-geral, Keir Starmer, acusando-o de “corrupção” e
“nepotismo”, além de lhe lembrar a falta de experiência política e total
insensibilidade relativamente à pobreza infantil.
“Como se atreve” diz, “a pegar na nossa ansiada vitória, na confiança
sagrada e preciosa do eleitorado e a atirá-la de novo à cara de cada um
deles e à cara dos deputados trabalhistas, dedicados e trabalhadores? A
desonestidade, o nepotismo e a aparente avareza são de uma dimensão fora
de série. Estou tão envergonhada com o que o senhor e o seu círculo
íntimo fizeram para manchar e humilhar o nosso outrora orgulhoso
partido!”
Mais:
“Uma
pessoa com uma riqueza muito acima da média que opta por manter o
limite de dois filhos imposto pelos conservadores para o pagamento de
subsídios, o que faz com que as crianças continuem a viver na pobreza,
ao mesmo tempo que inexplicavelmente aceita presentes pessoais caros,
como fatos e óculos de marca, que custam mais do que a maioria dessas
pessoas pode pagar, é totalmente indigna de ter o título de
primeiro-ministro trabalhista.”
Keir Starmer
afirmou, logo no dia 20, que iria deixar de aceitar presentes e a
hospitalidade dos doadores do partido, o que tem muita piada, porque a
verdade é que lhe basta manter a vassalagem aos EUA, dentro e fora da
NATO. É uma resignação ingênua, mas tem as suas vantagens nos mais
variados compromissos e negócios pessoais e do Reino Unido que está a
governar atabalhoadamente.
De facto, entre 29 de
maio e 13 de junho últimos, a sua família esteve hospedada por conta de
Waheed Ali, que tem assento na Câmara dos Lordes, proposto pelos
trabalhistas, o que é uma prebenda com um custo superior a 20 libras
(mais de 25 mil euros).
Para ser franco, nem sei
o que pensar de tudo isto, apesar de saber que foi já século XIX que a
social-democracia, por traição de Lassale e do “renegado” Kautsky, o
checo-austríaco que se levantou como corifeu do revisionismo, se opôs
para sempre ao socialismo científico, ou democracia socialista, que
aprofundava raízes na Alemanha, na França e na Inglaterra.
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