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15 de julho de 2011

AS AGÊNCIAS DE RATING  E …”OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE” (*)
Sim, é de sadismo que se trata quando falamos de “agências de rating” – sadismo dos usurários sobre os povos que lhes foram submetidos em nome da uma inconcebível doutrina económica ao serviço de insaciável finança especulativa.
O que se passa é o resultado lógico de “Privatizar o planeta”, título de um texto de Noam Chomsky (ver “Repartição do Rendimento II” neste blog) leva-nos a recordar a infâmia – que outro nome dar? - de fazer depender a economia dos Estados, de organismos tão desacreditados sob todos os aspectos como as famigeradas “agências de rating” ao serviço da usurários.
Foi aqui que nos levaram as políticas do “bom aluno”, de fazer o “trabalho de casa” e das tais políticas que pretendiam ser financeiramente “virtuosas”.
Acontece simplesmente o espectável. Desde há um ano, sempre que foi aprovado um novo PEC aumentaram os juros. Os bons alunos – da alquimia neoliberal - nada queriam ver. Apetece dizer como naquela história, salvo erro contada por Galbraith: “É a economia, estúpido!”.
As mesmas vozes do arco neoliberal, que a si mesmos se consideravam responsáveis e todos os demais irresponsáveis, criticam agora como beatas pudicas fingindo-se escandalizadas as “agências de rating”, fazem mesmo piedosos actos de contrição por não terem considerado os desastres à vista de todos, contidos nos tratados da UE, aceites e aplaudidos sem reservas. Os que com arrogância afirmavam: “é assim,pronto”, agora mostram-se muito admirados, ao verem que: “afinal, é assim…”
Lembremos então que: “Só os idiotas é que se lamentam”.
 Dizíamos, em “Usura”: A usura transformou-se na actual idolatria. Um dos 10 mandamentos cristãos refere-se ao respeito devido ao Sagrado Nome de Deus. Para o neoliberalismo a este mandamento apõe-se o “sagrado nome dos mercados financeiros”. Ainda recentemente ouvimos severas admoestações tornadas públicas por políticos que ocupam e que ocuparam dos mais elevados cargos da Nação, por se criticar ou chamar pelo seu nome os usurários que assolam os povos. Trata-se de casos de completa prostração mental e ideológica perante a usura.
No entanto, tudo leva a crer que o actual rebate de pudor lhes vai passar tão depressa como passaram as repetidas promessas sobre a regulação financeira tão apregoadas, designadamente nas reuniões do G 20, quando rebentou a crise. Veja-se o que se passa (“Repartição do Rendimento” e “União” Europeia”). Os fingidos escrúpulos sem qualquer tradução em factos que de algum modo alterassem a situação, não passam de mais um aspecto da tática de conformismo e mistificação com que se iludem as pessoas. A isto se dedicam agora também sem memória do passado recente os candidatos a liderar o PS.
Todo este monumental embuste seria ridículo se não representasse a tragédia de uma guerra contra os povos feita em nome de "um punhado de oligarcas egoístas que têm mais rendimento e riqueza do que pode ser gasto durante toda uma vida” (Paul Craig Roberts).
Quanto às agências, elas próprias se explicam: “The downgrade serves to tighten the screws yet further on the Greek government. Regardless of what European officials do, Moody’s noted” (1)
E assim acontece, pois os juros sobem, independentemente das inócuas e nada sinceras declarações dos responsáveis europeus.
Depois de hora e por todo o lado se ter e continuar a proclamar a necessidade de políticas orçamentais “virtuosas” e de austeridade, o resultado é o desastre com ou sem acordos com “troikas”, seja na Irlanda, na Grécia, na Espanha, na Itália, nos países Bálticos, na Hungria, etc.
O que se passa em relação às medidas aplicadas aos países com economias fragilizadas, disse-o uma jovem da pequena nobreza, depois de perder os pais e ficar pobre. O tipo de “virtude” que lhe era proposto ao chegar a Paris nos tempos da monarquia de Versailles, fê-la concluir: “o que se propõe na vida é afinal exercer a virtude para encontrar alguém que não a ama senão para a destruir".

(*) Título de um livro do sr. Donatien Alfonse François, mais conhecido por marquês de Sade
1 - Europe's New Road to Serfdom By MICHAEL HUDSON June 3 / 5, 2011 – www.counterpunch.org

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