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7 de julho de 2011

DEDICATÓRIA
O tema “Repartição do Rendimento”, é dedicado “com muita honra e prazer” - tal como os forcados antes da pega - aos srs. comentadores que se debatem com dúvidas existenciais sobre “como pagar a dívida” (já aqui escrevemos sobre “Dívidas”) e “como sair da crise”, “como obter o dinheiro que nos falta” – a quem, aliás?
Em bom estilo hamletiano, questionam-se, não perante a caveira do “pobre Yorik”, mas perante o tecido produtivo nacional, que com a ajuda da sua sapiência e dos seus “bons conselhos” e das suas “inevitabilidades”, chegou ao estado em que está. O que é certo é que nada previram e tudo apoiaram do que era evidente serem erros grosseiros ou fraudes, mas tendo sempre razão (no final do jogo)…e continuam.
Até Júlio César há mais de 2 000 anos compreendeu que a única forma de recuperar a depauperada economia de Roma era anular parte das dívidas e reduzir os juros com que a oligarquia usurária (o patriciado) oprimia artesãos, agricultores e cidadãos em geral. A grande descoberta da “nova economia” é: primeiro pagas as dívidas, depois recuperas a economia. Como isto não se tratasse de um elementar absurdo, de uma contradição nos termos.
Claro que estas palavras não chegarão aos etéreos limbos onde cintilam, pois como diz certo fado “pobre de mim pouco valho”, recomendo porém a consulta de autores, como Joseph Stiglitz, Paul Craig Roberts, Jaques Sapir, James Petras, Samir Amim entre outros e de sítios já citados neste blog, que os poderão esclarecer. É que, segundo Montaigne (1533-1592) nos seus Ensaios, devemos distinguir entre “mentir” (por má fé) e “dizer mentiras” (por ignorância), de forma que quando se passou a recente campanha eleitoral a repetir que não havia alternativas seria conveniente clarificar com que modelo de mentira se está a alinhar.
E já agora um desafio, dado que só por excepção palram com contraditório: contestem os autores referidos. Porém, sem usar argumentos à sr. Pétain em 1940. Leiam, por ex. De Gaulle que mostrou que nunca devemos aceitar dilemas impostos – as inevitabilidades…- há sempre uma terceira hipótese.
Esta analogia não será tão despicienda como pode parecer à primeira vista. O que está a ser imposto à Grécia, a Portugal, à Irlanda e não só, é a entrega da economia e da sua condição política e social de países independentes a uma potência estrangeira – ou a uma aliança de potências estrangeiras – era e ainda é noutras circunstâncias, obtido e imposto pela guerra. E também, srs. federalistas europeus, tão silenciosos nestes casos, que parece terem metido a viola do ceguinho no saco para não incomodar a sua dama: será este o caminho para a sua Europa federal ou para o IV Reich germânico, à custa dos mais fracos?

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